sábado, 28 de julho de 2007

NANÃ


Esta é uma figura muito controvertida do panteão africano. Ora perigosa e vingativa, ora praticamente desprovida de seus maiores poderes, relegada a um segundo plano amargo e sofrido, principalmente ressentido, Nanã possui não dois lados, como tantos Orixás, mas sim um Orixá dentro do outro, um conceito que foi sendo gradativamente substituído por outro, dando margem a muita confusão e contestação no jeito de se defini-la.

Nanã, é um Orixá feminino de origem daomeana, que foi incorporado há séculos pela mitologia ioruba, quando o povo nagô conquistou o povo do Daomé (atual República do Benin) , assimilando sua cultura e incorporando alguns Orixás dos dominados à sua mitologia já estabelecida. Resumindo esse processo cultural, Oxalá (mito ioruba ou nagô) continua sendo o pai e quase todos os Orixás. Iemanjá (mito igualmente ioruba) é a mãe de seus filhos (nagô) e Nanã (mito jeje) assume a figura de mãe dos filhos daomeanos, nunca se questionando a paternidade de Oxalá sobre estes também, paternidade essa que não é original da criação das primeiras lendas do Daomé, onde Oxalá obviamente não existia.

Os mitos daomeanos eram mais antigos que os nagôs (vinham de uma cultura ancestral que se mostra anterior à descoberta do fogo). Tentou-se, então, acertar essa cronologia com a colocação de Nanã e o nascimento de seus filhos, como fatos anteriores ao encontro de Oxalá e Iemanjá.

Muitas pesquisas apontam ainda que os iorubas começaram a ter um conceito de Deus Supremo antes inexistente, e que esse conceito pode (fato não comprovado) ser conseqüência da influência dos maometanos do norte da África sobre a população negra mais próxima. Assim Nanã assume, como outros Orixás femininos, o conceito de maternidade como função principal.

É neste contexto, a primeira esposa de Oxalá, tendo com ele três filhos: Iroco (ou Tempo), Omolu (ou Obaluaê) e Oxumarê. Pierre Verger aponta que Nanã, no culto daomeano, teria um posto hierárquico semelhante ao de Oxalá ou até mesmo do Deus Supremo Olorum. Neste contexto, era uma figura feminina mas às vezes também alguém acima das distinções macho e fêmea, pois constituía, num par completo, pai e mãe unificados de todas as coisas, fossem os seres humanos, fossem os Orixás.

Nanã faz o caminho inverso da mãe da água doce. É ela quem reconduz ao terreno do astral, as almas dos que Oxum colocou no mundo real. É a deusa do reino da morte, sua guardiã, quem possibilita o acesso a esse território do desconhecido. A senhora do reino da morte é, como elemento , a terra fofa, que recebe os cadáveres, os acalenta e esquenta, numa repetição do ventre, da vida intra-uterina. É, por isso, cercada de muitos mistérios no culto e tratada pelos praticantes da Umbanda e do Candomblé, com menos familiaridade que os Orixás mais extrovertidos como Ogum e Xangô, por exemplo.

Muitos são portanto os mistérios que Nanã-terra esconde, pois nela entram os mortos e através dela são modificados para poderem nascer novamente. Só através da morte é que poderá acontecer para cada um a nova encarnação, para novo nascimento, a vivência de um novo destino - e a responsável por esse período é justamente Nanã. Ela é considerada pelas comunidades da Umbanda e do Candomblé, como uma figura austera, justiceira e absolutamente incapaz de uma brincadeira ou então de alguma forma de explosão emocional. Por isso está sempre presente como testemunha fidedigna das lendas.

Jurar por Nanã, por parte de alguém do culto, implica um compromisso muito sério e inquebrantável, pois o Orixá exige de seus filhos-de-santo e de quem o invoca em geral a mesma e sempre relação austera que mantém com o mundo.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE NANÃ

Uma pessoa que tenha Nanã como Orixá de cabeça (mãe no Eledá), pode levar em conta principalmente a figura da avó: carinhosa às vezes até em excesso, levando o conceito de mãe ao exagero, mas também ranzinza, preocupada com detalhes, com forte tendência a sair censurando os outros.

Não tem muito senso de humor, o que a faz valorizar demais pequenos incidentes e transformar pequenos problemas em grandes dramas. Ao mesmo tempo, tem uma grande capacidade de compreensão do ser humano, como se fosse muito mais velha do que sua própria existência. Por causa desse fator, o perdão aos que erram e o consolo para quem está sofrendo é uma habilidade natural.

Nanã, através de seus filhos-de-santo, vive voltada para a comunidade, sempre tentando realizar as vontades e necessidades dos outros. Às vezes porém, exige atenção e respeito que julga devido mas não obtido dos que a cercam. Não consegue entender como as pessoas cometem certos enganos triviais, como optam por certas saídas que para um filho de Nanã são evidentemente inadequadas.

É o tipo de pessoa que não consegue compreender direito as opiniões alheias, nem aceitar que nem todos pensem da mesma forma que ela. Suas reações bem equilibradas e a pertinência das decisões, as mantém sempre no caminho da sabedoria e da justiça.

Todos esses dados indicam também serem os filhos de Nanã, um pouco mais conservadores que o restante da sociedade, desejarem a volta de situações do passado, modos de vida que já se foram. Querem um mundo previsível, estável ou até voltando para trás: são aqueles que reclamam das viagens espaciais, dos novos costumes, da nova moralidade, etc. Quanto à dados físicos, são pessoas que envelhecem rapidamente, aparentando mais idade do que realmente têm.

FONTE: http://www.geocities.com.br/

sexta-feira, 27 de julho de 2007

OGUM


Divindade masculina ioruba, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas da mitologia universal. Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do astral que, depois de Exu, está mais próxima dos seres humanos.

Foi uma das primeiras figuras do candomblé incorporada por outros cultos, notadamente pela Umbanda, onde é muito popular. Tem sincretismo com São Jorge ou com Santo Antônio, tradicionais guerreiros dos mitos católicos, também lutadores, destemidos e cheios de iniciativa.

A relação de Ogum com os militares (é considerado o protetor de todos os guerreiros) tanto vem do sincretismo realizado com São Jorge, sempre associado às forças armadas, como da sua figura de comandante supremo ioruba. Dizem as lendas que se alguém, em meio a uma batalha, repetir determinadas palavras (que são do conhecimento apenas dos iniciados), Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou. Porém, elas (as palavras) não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois, tendo excitado a fúria por sangue do Orixá, detonaram um processo violento e incontrolável; se não encontrar inimigos diante de si após te sido evocado, Ogum se lançará imediatamente contra quem o chamou.

Ogum não era, segundo as lendas, figura que se preocupasse com a administração do reino de seu pai, Odudua; ele não gostava de ficar quieto no palácio, dava voltas sem conseguir ficar parado, arrumava romances com todas as moças da região e brigas com seus namorados. Não se interessava pelo exercício do poder já conquistado, por que fosse a independência a ele garantida nessa função pelo próprio pai, mas sim pela luta. Ogum, portanto, é aquele que gosta de iniciar as conquistas mas não sente prazer em descansar sobre os resultados delas, ao mesmo tempo é figura imparcial, com a capacidade de calmamente exercer (executar) a justiça ditada por Xangô.

É muito mais paixão do que razão: aos amigos, tudo, inclusive o doloroso perdão: aos inimigos, a cólera mais implacável, a sanha destruidora mais forte. Segundo as pesquisas de Monique Augras, na África, Ogum é o deus do ferro, a divindade que brande a espada e forja o ferro, transformando-o no instrumento de luta. Assim seu poder vai-se expandindo para além da luta, sendo o padroeiro de todos os que manejam ferramentas: ferreiros, barbeiros, tatuadores, e, hoje em dia, mecânicos, motoristas de caminhões e maquinistas de trem.

É, por extensão o Orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo o patrono da tecnologia. Do conhecimento da guerra para o da prática: tal conexão continua válida para nós, pois também na sociedade ocidental a maior parte das inovações tecnológicas vem justamente das pesquisas armamentistas, sendo posteriormente incorporada à produção de objetos de consumo civil, o que é particularmente notável na industria automobilística, de computação e da aviação. Assim, Ogum não é apenas o que abre as picadas na matas e derrota os exércitos inimigos; é também aquele que abre os caminhos para a implantação de uma estrada de ferro, instala uma fábrica numa área não industrializada, promove o desenvolvimento de um novo meio de transporte, luta não só contra o homem, mas também contra o desconhecido.

É pois, o símbolo do trabalho, da atividade criadora do homem sobre a natureza, da produção e da expansão, da busca de novas fronteiras, de esmagamento de qualquer força que se oponha à sua própria expansão. Tem, junto com Exu, posição de destaque logo no início de um ritual. Tal como Exu, Ogum também gosta de vir à frente.

A força de Ogum está tanto na coragem de se lançar à luta como na objetividade que o domina nesses momentos (e o abandona nos momentos de prazer e gozo). É fácil, nesse sentido, entender a popularidade de Ogum: em primeiro lugar, o negro reprimido, longe de sua terra, de seu papel social tradicional, não tinha mais ninguém para apelar, senão para os dois deuses que efetivamente o defendiam: Exu (a magia) e Ogum (a guerra); segundo Pierre Verger.

Em segundo lugar, além da ajuda que pode prestar em qualquer luta, Ogum é o representante no panteão africano não só do conquistador mas também do trabalhador manual, do operário que transforma a matéria-prima em produto acabado: ele é a própria apologia do ofício, do conhecimento de qualquer tecnologia com algum objetivo produtivo, do trabalhador, em geral, na sua luta contra as matérias inertes a serem modificadas .

Ogum gosta do preto no branco, dos assuntos definidos em rápidas palavras, de falar diretamente a verdade sem ter de preocupar-se em adaptar seu discurso para cada pessoa. Ogum gosta de dormir no chão, precisa que o corpo entre em contato sempre direto com a natureza e dispensa roupas elaboradas e caras, que possam ser complicadas de vestir ou que exijam muito espaço na mochila.

Não tem compromisso com ninguém, nem com seus próprios objetos. A violência e a energia, porém não explicam Ogum totalmente. Ele não é o tipo austero, embora sério e dramático, nunca contidamente grave. Quando irado, é implacável, apaixonadamente destruidor e vingativo; quando apaixonado, sua sensualidade não se contenta em esperar nem aceita a rejeição.

Ogum sempre ataca pela frente, de peito aberto, como o clássico guerreiro. Existem sete tipos diferentes de Ogum, mas Ogum Xoroquê merece um destaque específico, pois é um Orixá masculino duplo, ou seja possui duas formas diferentes de manifestação. É associado à irmandade e afinidade estreita de Ogum com Exu, pois passa seis meses do ano como Ogum e os outros como Exu, sendo considerado guerreiro feroz, irascível e imbatível.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OGUM

Não é difícil reconhecer um filho de Ogum. Tem um comportamento extremamente coerente, arrebatado e passional, aonde as explosões, a obstinação e a teimosia logo avultam, assim como o prazer com os amigos e com o sexo oposto.

Os homens e mulheres que têm Ogum como seu Orixá de cabeça, vão ter comportamentos diferentes, de acordo com os segundos e terceiros Orixás que os influencia ajuntós (adjutores). De qualquer forma , terão alguns traços comuns: são conquistadores, incapazes de fixar-se num mesmo lugar, gostando de temas e assuntos novos, conseqüentemente apaixonados por viagens, mudanças de endereço e de cidade.

Um trabalho que exija rotina, tornará um filho de Ogum um desajustado e amargo. São apreciadores das novidades tecnológicas, são pessoas curiosas e resistentes, com grande capacidade de concentração no objetivo em pauta; a coragem é muito grande, a franqueza absoluta, chegando mesmo à falta de tato.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

OXUM


Oxum é o nome de um rio em Oxogbo, região da Nigéria. É ele considerado a morada mística da Orixá. Apesar de ser comum a associação entre rios e Orixás femininos da mitologia africana, Oxum é destacada como a dona da água doce e, por extensão, de todos os rios. Portanto seu elemento é a água em discreto movimento nos rios, a água semi-parada das lagoas não pantanosas, pois as predominantemente lodosas são destinadas à Nanã e, principalmente as cachoeiras são de Oxum, onde costumam ser-lhe entregues as comidas rituais votivas e presentes de seus filhos-de-santo.

Oxum tem a ela ligado o conceito de fertilidade, e é a ela que se dirigem as mulheres que querem engravidar, sendo sua a responsabilidade de zelar tanto pelos fetos em gestação como pelas crianças recém-nascidas, até que estas aprendam a falar. Dentro desta perspectiva, Iemanjá e Oxum dividem a maternidade. Mas há também outro forma de análise; a por faixas etárias, correspondentes a cada arquétipo básico.

Nanã é a matriarca velha, ranzinza, avó que já teve o poder sobre a família e o perdeu, sentindo-se relegada a um segundo plano. Iemanjá é a mulher adulta e madura, na sua plenitude. É a mãe das lendas - mas nelas, seus filhos são sempre adultos. Apesar de não ter a idade de Oxalá (sendo a segunda esposa do Orixá da criação, e a primeira é a idosa Nanã), não é jovem. É a que tenta manter o clã unido, a que arbitra desavenças entre personalidades contrastantes, é a que chora, pois os filhos adultos já saem debaixo de sua asa e correm os mundos, afastando-se da unidade familiar básica.

Para Oxum, então, foi reservado o posto da jovem mãe, da mulher que ainda tem algo de adolescente, coquete, maliciosa, ao mesmo tempo que é cheia de paixão e busca objetivamente o prazer. Sua responsabilidade em ser mãe se restringe às crianças e bebês. Começa antes, até, na própria fecundação, na gênese do novo ser, mas não no seu desenvolvimento como adulto. Oxum também tem como um de seus domínios, a atividade sexual e a sensualidade em si, sendo considerada pelas lendas uma das figuras físicas mais belas do panteão mítico iorubano. Oxum é ambiciosa; sua cor é azul-claro com raias de ouro.

Segundo a tradição ioruba, seu metal é o cobre - mas a correlação com o ouro não está basicamente errada, pois, de acordo com os historiadores, o cobre era o metal mais caro conhecido naquela região. Oxum portanto, gosta das riquezas materiais, mas não numa perspectiva de usura nem uma mesquinhez de quem quer ter riquezas para escondê-las. A iniciação (na Umbanda ou no Candomblé) é um nascimento e o poder da fecundidade tem de estar presente, pois Oxum mostrou que a menstruação, em vez de constituir motivo de vergonha e de inferioridade nas mulheres, pelo contrário proclama a realidade do poder feminino, a possibilidade de gerar filhos.

Existem 16 tipos diferentes de Oxum, das quase adolescentes até as mais velhas, sendo portanto 16 o número sagrado da mãe da água doce. Diz a lenda que as mais velhas moram nos trechos mais profundos dos rios, enquanto as mais novas nos trechos mais superficiais. Entre essas 16, três são marcadas como guerreiras (Apara, a mais violenta, Iê Iê Kerê, que usa arco e flecha, e Ié Ié Iponda, que usa espada), mas a maior parte delas é mais pacífica, não gostando de lutas e guerras, desde Oxum Obotó, muito suave e feminina, até a versão mais velha, a não menos vaidosa Oxum Abalo.

Além disso, o fluir nada fixo da água doce pelos diversos caminhos, a maneabilidade do elemento se manifestam no comportamento de Oxum. Sua busca de prazer implica sexo e também ausência de conflitos abertos - é dos poucos Orixás iorubas que absolutamente não gosta da guerra.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXUM

O arquétipo psicológico associado a Oxum se aproxima da imagem que se tem de um rio, das águas que são seu elemento; aparência da calma que pode esconder correntes, buracos no fundo, grutas - tudo que não é nem reto nem direto, mas pouco claro em termos de forma, cheio de meandros.

Os filhos de Oxum preferem contornar habilmente um obstáculo a enfrentá-lo diretamente, por isso mesmo, são muito persistentes no que buscam, tendo objetivos fortemente delineados, chegando mesmo a ser incrivelmente teimosos e obstinados. A imagem doce, que esconde uma determinação forte e uma ambição bastante marcante, colabora a tendência que os filhos de Oxum têm para engordar; gostam da vida social, das festas e dos prazeres em geral.

O sexo é importante para os filhos de Oxum. Eles tendem a ter uma vida sexual intensa e significativa, mas diferente dos filhos de Iansã ou Ogum. Os filhos de Oxum são mais discretos, pois, assim com apreciam o destaque social, temem os escândalos ou qualquer coisa que possa denegrir a imagem de inofensivos, bondosos, que constroem cautelosamente. Na verdade os filhos de Oxum são narcisistas demais para gostarem muito de alguém que não eles próprios - mas sua facilidade para a doçura, sensualidade e carinho pode fazer com que pareçam os seres mais apaixonados e dedicados do mundo.

Faz parte do tipo, uma certa preguiça coquete, uma ironia persistente porém discreta e, na aparência, apenas inconseqüente. Verger define: O arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras. Até um dos defeitos mais comuns associados à superficialidade de Oxum é compreensível como manifestação mais profunda: seus filhos tendem a ser fofoqueiros, mas não pelo mero prazer de falar e contar os segredos dos outros, mas porque essa é a única maneira de terem informações em troca.

FONTE: http://www.geocities.com.br/

quarta-feira, 25 de julho de 2007

XANGÔ


Xangô é místicamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e, principalmente, da justiça - representa a autoridade constituída no panteão africano. Ao mesmo tempo, há no Norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. No Nordeste, mais especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do candomblé recebeu o nome genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de Xangô entre os negros que vieram trazidos de África. Na mesma linha de uso impróprio, pode-se encontrar a expressão Xangô de caboclo, que se refere obviamente a um culto sincretizando influências do culto original (candomblé ou umbanda) com cerimônias e mitos dos indígenas da região, também chamado de candomblé de caboclo.

Na mitologia, é atribuído a Xangô (enquanto homem, ser histórico) o reinado sobre a cidade-estado de Oyó, posto que conseguiu após destronar o próprio meio-irmão Dada-Ajaká com um golpe militar. Por isso, sempre existe uma aura de seriedade e de autoridade quando alguém se refere a Xangô. Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos.

Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão. Místicamente, o raio é uma de suas armas, que ele envia como castigo. Ninguém, porém, deve temer sua cólera como uma manifestação irracional. Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade (a não ser em contendas pessoais suas, presentes nas lendas referentes a seus envolvimentos amorosos e congêneres). Seu raio e eventual castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os contras foram pensados e pesados exaustivamente - a famosa balança da Justiça.

Seu Axé, portanto está concentrado nas formações de rochas cristalinas, nos terrenos rochosos à flor da terra, nas pedreiras, nos maciços. Suas pedras são inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como o próprio Orixá. Numa visão litúrgica um pouco mais restrita e mais apegada às lendas de origem dos Orixás, um filho de Xangô não se pode contentar apenas com uma pedra vinda de uma pedreira ou de uma montanha para guardar numa vasilha o seu assentamento. Xangô não contesta o status de Oxalá de patriarca da Umbanda, mas existe algo de comum entre ele e Zeus, o deus principal da rica mitologia grega.

O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie de machado estilizado com duas lâminas, que indica o poder de Xangô, corta em duas direções opostas. O administrador da justiça nunca poderia olhar apenas para um lado, defender os interesses de um mesmo ponto de vista sempre. Numa disputa, seu poder pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa a marca de independência e de totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada.

Segundo Pierre Verger, esse símbolo se aproxima demais do símbolo de Zeus encontrado em Creta. Outra informação de Pierre Verger especifica que esse oxé parece ser a estilização de um personagem carregando o fogo sobre a cabeça; este fogo é, ao mesmo tempo, o duplo machado, e lembra, de certa forma a cerimônia chamada ajerê, na qual os iniciados de Xangô devem carregar na cabeça uma jarra cheia de furos, dentro da qual queima um fogo vivo, demonstrando através dessa prova, que o transe não é simulado.

Xangô então, é o administrador que se curva à experiência e sabedoria do velho Oxalá, o símbolo do poder em toda sua plenitude, mas que deve ser acatado por Xangô quando em suas decisões intervir. Xangô portanto, já é adulto o suficiente para não se empolgar pelas paixões e pelos destemperos, mas vital e capaz o suficiente para não servir apenas como consultor.

Outro dado saliente sobre a figura do senhor da justiça é seu mau relacionamento com a morte. Se Nanã é como Orixá a figura que melhor se entende e predomina sobre os espíritos de seres humanos mortos, Eguns, Xangô é que mais os detesta ou os teme. Há quem diga que, quando a morte se aproxima de um filho de Xangô, o Orixá o abandona, retirando-se de sua cabeça e de sua essência. Deste tipo de afirmação discordam diversos babalorixás ligados ao seu culto, mas praticamente todos aceitam como preceito que um filho que seja um iniciado com o Orixá na cabeça, não deve entrar em cemitérios nem acompanhar a enterros.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE XANGÔ

Para a descrição dos arquétipos psicológico e físico das pessoas que correspondem a Xangô, deve-se ter em mente uma palavra básica: Pedra. É da rocha que eles mais se aproximam no mundo natural e todas as suas características são balizadas pela habilidade em verem os dois lados de uma questão, com isenção e firmeza granítica que apresentam em todos os sentidos.

Atribui-se ao tipo Xangô um físico forte, mas com certa quantidade de gordura e uma discreta tendência para a obesidade, que se ode manifestar menos ou mais claramente de acordo com os Ajuntós (segundo e terceiro Orixá de uma pessoa). Por outro lado, essa tendência é acompanhada quase que certamente por uma estrutura óssea bem-desenvolvida e firme como uma rocha. Tenderá a ser um tipo atarracado, com tronco forte e largo, ombros bem desenvolvidos e claramente marcados em oposição à pequena estatura; Por essas qualidades, é relativamente fácil para os iniciados descobrirem que tal pessoa é de Xangô, pela aparência e modo de andar, o que é mais difícil para tipos pouco mais sutis e mistos como Oxum, Oçanhe e Omolu.

A mulher que é filha de Xangô, pode ter forte tendência à falta de elegância. Não que não saiba reconhecer roupas bonitas - tem, graças à vaidade intrínseca do tipo, especial fascínio por indumentárias requintadas e caras, sabendo muito bem distinguir o que é melhor em cada caso. Mas sua melhor qualidade consiste em saber escolher as roupas numa vitrina e não em usá-las. Não se deve estranhar seu jeito meio masculino de andar e de se portar e tal fato não deve nunca ser entendido como indicador de preferências sexuais, mas, numa filha de Xangô é um processo de comportamento a ser cuidadosamente estabelecido, já que seu corpo pode aproximar-se mais dos arquétipos culturais masculinos do que femininos; ombros largos, ossatura desenvolvida, porte decidido e passos pesados, sempre lembrando sua consistência de pedra.

Em termos sexuais, Xangô é um tipo completamente mulherengo. Seus filhos, portanto, costumam trazer essa marca, sejam homens, sejam mulheres (que estão entre as mais ardentes do mundo). Os filhos de Xangô, não costumam ser conhecidos socialmente como um tipo dado a aventuras. Não são os mitos sexuais de sua sociedade e é para muito poucos amigos que confessam suas conquistas, pois não faz parte de suas necessidades se auto-afirmar através desse expediente.

São honestos e sinceros em seus relacionamentos mais duradouros, porque para eles sexo é algo vital, insubstituível, mas o objeto sexual em si não é merecedor de tanta atenção depois de satisfeito desejo. Psicologicamente, os filhos de Xangô apresentam uma alta dose de energia e uma enorme auto-estima, uma clara consciência de que são importantes, dignos de respeito e atenção, principalmente, que sua opinião será decisiva sobre quase todos os tópicos - consciência essa um pouco egocêntrica e nada relacionada com seu real papel social.

Os filhos de Xangô são sempre ouvidos; em certas ocasiões por gente mais importante que eles e até mesmo quando não são considerados especialistas num assunto ou de fato capacitados para emitir opinião. A postura pouco nobre dos filhos de Xangô e seu cultivo de hábitos considerados aristocráticos ou pouco burgueses, é resultado dessa configuração psicológica. Porém, o senhor de engenho que habita dentro deles faz com que não aceitem o questionamento de suas atitudes pelos outros, especialmente se já tiverem considerado o assunto em discussão encerrado por uma determinação sua. Gostam portanto, de dar a última palavra em tudo, se bem que saibam ouvir.

Quando contrariados porém, se tornam rapidamente violentos e incontroláveis. Nesse momento, resolvem tudo de maneira demolidora e rápida mas, feita a lei, retornam a seu comportamento mais usual. Em síntese, o arquétipo associado a Xangô está próximo do déspota esclarecido, aquele que tem o poder, exerce-o inflexivelmente, não admite dúvidas em relação a seu direito de detê-lo, mas julga a todos segundo um conceito estrito e sólido de valores claros e pouco discutíveis.

É variável no humor, mas incapaz de conscientemente cometer uma injustiça, fazer escolha movido por paixões, interesses ou amizades. Xangô é o Orixá julgador, destruidor, inteligente, impulsivo, violento. Representa o poder transformador do fogo, é o padroeiro dos intelectuais e artistas.

FONTE: http://www.geocities.com.br/

terça-feira, 24 de julho de 2007

OXALÁ


Orixá masculino, de origem Ioruba (nagô) bastante cultuado no Brasil, onde costuma ser considerado a divindade mais importante do panteão africano. Na África é cultuado com o nome de Obatalá. Quando porém os negros vieram para cá, como mão-de-obra escrava na agricultura, trouxeram consigo, além do nome do Orixá, uma outra forma de a ele se referirem, Orixalá, que significa, orixá dos orixás. Numa versão contraída, o nome que se acabou popularizando, é OXALÁ.

Esta relação de importância advém de a organização de divindades africanas ser uma maneira simbólica de se codificar as regras do comportamento. Nos preceitos, estão todas as matrizes básicas da organização familiar e tribal, das atitudes possíveis, dos diversos caminhos para uma mesma questão. Para um mesmo problema, orixás diferentes propõem respostas diferentes - e raramente há um acordo social no sentido de estabelecer uma das saídas como correta e a outra não.

A jurisprudência africana nesse sentido prefere conviver com os opostos, estabelecendo, no máximo, que, perante um impasse, Ogum faz isso, Iansã faz aquilo, por exemplo. Assim, Oxalá não tem mais poderes que os outros nem é hierarquicamente superior, mas merece o respeito de todos por representar o patriarca, o chefe da família.

Cada membro da família tem suas funções e o direito de se inter-relacionar de igual para igual com todos os outros membros, o que as lendas dos Orixás confirmam através da independência que cada um mantém em relação aos outros. Oxalá, porém, é o que traz consigo a memória de outros tempos, as soluções já encontradas no passado para casos semelhantes, merecendo, portanto, o respeito de todos numa sociedade que cultuava ativamente seus ancestrais.

Ele representa o conhecimento empírico, neste caso colocado acima do conhecimento especializado que cada Orixá pode apresentar: Oçanhe, a liturgia; Oxóssi, a caça; Ogum, a metalurgia; Oxum, a maternidade; Iemanjá, a educação; Omolu, a medicina - e assim por diante. Se por este lado, Oxalá merece mais destaque, o considerá-lo superior aos outros (o que não está implícito como poder, mas sim merecimento de respeito ao título de Orixalá) veio da colonização européia.

Os jesuítas tentavam introduzir os negros nos cultos católicos, passo considerado decisivo para os mentores e ideólogos que tentavam adaptá-los à sociedade onde eram obrigados a viver, baseada em códigos a eles completamente estranhos. A repressão pura e simples era muito eficiente nestes casos, mas não bastava. Eram constantes as revoltas.

Em alguns casos, perceberam que o sincretismo era a melhor saída, e tentaram convencer os negros que seus Orixás também tinham espaço na cultura branca, que as entidades eram praticamente as mesmas, apenas com outros nomes. Alguns escravos neles acreditaram. Outros se aproveitaram da quase obrigatoriedade da prática dos cultos católicos, para, ao realizá-los, efetivarem verdadeiros cultos de Umbanda, apenas mascarados pela religião oficial do colonizador.

Esclarecida esta questão, não negamos as funções únicas e importantíssimas de Oxalá perante a mitologia ioruba. É o princípio gerador em potencial, o responsável pela existência de todos os seres do céu e da terra. É o que permite a concepção no sentido masculino do termo. Sua cor é o branco, porque ela é a soma de todas as cores.

Por causa de Oxalá a cor branca esta associada ao candomblé e aos cultos afro-brasileiros em geral, e não importa qual o santo cultuado num terreiro, nem o Orixá de cabeça de cada filho de santo, é comum que se vistam de branco, prestando homenagem ao Pai de todos os Orixás e dos seres humanos. Se essa mesma, gostar e quiser usar roupas com as cores do seu ELEDÁ (primeiro Orixá de cabeça) e dos seus AJUNTÓS (adjutores auxiliares do Orixá de cabeça) não terá problema algum, apenas dependendo da orientação da cúpula espiritual dirigente do terreiro.

Segundo as lendas, Oxalá é o pai de todos os Orixás, excetuando-se Logunedé, que é filho de Oxóssi e Oxum, e Iemanjá que tem uma filiação controvertida, sendo mais citados Odudua e Olokum como seus pais, mas efetivamente Oxalá nunca foi apontado como seu pai.

AS CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXALÁ

As características tão bem sintetizadas por Monique Augras ao descrever a dança de Oxalá (no ritual de nação) definem bem o arquétipo psicológico a ele associado. São caracteres encontrados nos arquétipos ocidentais também em relação à figura paterna. Oxalá é o pai dos Orixás e, por extensão, de toda a humanidade. Estabelece, pois, entre si e os outros, uma aura não de temeridade (já que não é nada inseguro), mas sim de respeito e carinho.

Os filhos de Oxalá, portanto, são pessoas tranqüilas, com tendência à calma, até nos momentos mais difíceis; conseguem o respeito mesmo sem que se esforcem objetivamente para obtê-lo. São amáveis e pensativos, mas nunca de maneira subserviente. Às vezes chegam a ser autoritários, mas isso acontece com os que têm Orixás guerreiros ou autoritários como adjutores (ajuntós). Sabem argumentar bem, tendo uma queda para trabalhos que impliquem em organização.

Gostam de centralizar tudo em torno de si mesmos. São reservados, mas raramente orgulhosos. Seu defeito mais comum é a teimosia, principalmente quando têm certeza de suas convicções; será difícil convencê-los de que estão errados ou que existem outros caminhos para a resolução de um problema.

No Oxalá mais velho (OXALUFÃ) a tendência se traduz em ranzinzice e intolerância, enquanto no Oxalá novo (OXAGUIÃ) tem um certo furor pelo debate e pela argumentação. Para Oxalá, a idéia e o verbo são sempre mais importantes que a ação, não sendo raro encontrá-los em carreiras onde a linguagem (escrita ou falada) seja o ponto fundamental.

Fisicamente, os filhos de Oxalá tendem a apresentar um porte majestoso ou no mínimo digno, principalmente na maneira de andar e não na constituição física; não é alto e magro como o filho de Ogum nem tão compacto e forte como os filhos de Xangô. Às vezes, porém, essa maneira de caminhar e se postar dá lugar a alguém com tendência a ficar curvado, como se o peso de toda uma longa vida caísse sobre seus ombros, mesmo em se tratando de alguém muito jovem.

FONTE: http://www.geocities.com.br/

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Desmistificando a Umbanda


A Umbanda é uma religião que ainda sofre o preconceito religioso porque as pessoas vivem cercadas de misticismos, distorções, desinformações e aproveitadores de todo o tipo. Abaixo teremos alguns exemplos de situações que são associadas injusta e desavergonhadamente com a Umbanda:

OS VENDILHÕES DA FÉ

Os vendilhões da fé existiram e existirão sempre na história da humanidade. Pessoas sem escrúpulos, aproveitam-se da fé alheia e da desinformação da população (principalmente das pessoas simples) para venderem suas ilusões e milagres inexistentes.

AMARRAÇÃO DE AMOR

Não caiam nas garras destas pessoas que se dizem dotadas de vidências e poderes sobrenaturais, que dizem realizar “Trabalhos de Amarração e Desamarração”. São no mínimo trambiqueiros e no máximo feiticeiros que estão associados com o baixo astral. Cobram altas somas e realizam (quando isso ocorre) rituais estranhos e desconexos. Intitulam-se “Pais e Mães-de-Santo”, mas que desses títulos não tem coisa alguma. As plaquinhas espalhadas pelos postes das cidades, as papeletas distribuidas nos grandes centros, com os dizeres “Vó Maria - Amarração no amor” normalmente são os meios que utilizam-se para propagar seus “trabalhos”.

TERREIROS DE MAGIA NEGRA

Há tantos locais infestados de rituais ligados à magia negra, que realizam de tudo e contra todos. Amarração de Amor, Separação de casais, Morte de inimigos, Fechar negócios escusos, etc. E o pior de tudo, ainda colocam placas nas entrada de “Tenda Espírita Fulano de Tal” ou “Terreiro de Umbanda Pai Sicrano”. Cobram por caríssimos trabalhos, que envolvem rituais onde espíritos dos mais atrasados são invocados e para piorar estes espíritos usam nomes dos respeitáveis Exus.

Fujam destes lugares, não procurem o “caminho mais fácil” com estas pessoas para superar seus problemas, porque se você já tem problemas, eles aumentarão com a sua associação com estes marginais espirituais que irão querer lhe tirar tudo que conseguirem.Um verdadeiro dirigente de Umbanda (Pai ou Mãe no Santo) é uma pessoa idônea, que em primeiro lugar não irá cobrar para realizar aquilo que ele é obrigado a fazer : a caridade gratuita. Ele estará disposto a ajudar você, sem pedir algo em troca a não ser a sua fé em Deus.

Um verdadeiro terreiro de Umbanda (independente da forma que seus rituais são realizados), não cobra para dar a devida assistência espiritual às pessoas. Os espíritos que se manifestam tratam os problemas das pessoas com muito respeito e incentivam que as pessoas se liguem a Deus. Há harmonia no ambiente, nos trabalhadores e tudo que estará em acordo com as leis divinas.

A Umbanda tem como princípios básicos:
- Crença em um único Deus (Os Orixás não são deuses e sim divindades ligadas a Deus)
- Crença na Lei do Carma (ou Lei da Ação e Reação)
- Crença na Lei da Evolução (onde todos os espíritos estão sujeitos a evoluir moral e espiritualmente por meio de sucessivas experiências que os aprimoram)
- Crença na comunicação entre os planos espiritual e material, através da mediunidade
- Crença na vida após a morte do corpo físico
- A prática da caridade gratuita, sem distinções de cor, raça, credo religioso ou status social.

Não há milagres realizados nos terreiros, nem é prometido que milagres aconteçam, porque na Umbanda acredita-se que tudo está ligado às Leis e à vontade de Deus e as pessoas recebem aquilo que tem merecimento, portanto, a solução dos problemas está ligado diretamente ao esforço e a fé da própria pessoa. Um terreiro com seus rituais irá ajudar a pessoa, mas não assumirá compromissos não sérios para com a pessoa.

Um terreiro normalmente funciona num local aberto ao público e segue as leis locais, tendo seus registros de funcionamento em cartórios.E para ajudar a desinformação, algumas das religiões protestantes, usam destes fatos para criar ainda mais distorções. Estas supostas igrejas, aproveitam-se das experiências desastrosas das pessoas que cairam nas garras destes vendilhões da fé e generalizam de maneira sórdida colocando num mesmo “saco” a Umbanda e todas estas formas enganosas de comércio da fé.

Não seriam também, estas igrejas outros vendilhões da fé ?Em caso de dúvidas, procure conhecer o terreiro, através de pessoas conhecidas, afim de não ser enganado. Procure conhecer as obras que o terreiro realiza junto à comunidade. Siga sempre o bom senso e não se fanatize e nem se engane com falsas e fáceis promessas.

Pelos frutos se conhece a árvore!

Fonte: www.geocities.com/Heartland/Valley/5185/artigos.htm

domingo, 22 de julho de 2007

OS ORIXÁS E AS ENTIDADES DA UMBANDA


Aqui estão relacionados os orixás mais cultuados na Umbanda. Além desses, há a incorporação de outras entidades como : crianças, pretos-velhos, baianos, boiadeiros e marinheiros.

OXALÁ

Oxalá a autoridade Suprema na Umbanda. Oxalá na Umbanda é Jesus Cristo. Ele é quem dá as ordens aos orixás para virem até a Terra ajudar seus filhos. Sua imagem é qualquer representanção de Jesus Cristo, normalmente sem a Cruz. Não há incorporação de Oxalá na Umbanda. Cor : Branca

OGUM

Ogum na Umbanda é São Jorge, ou como os umbandistas chamam São Jorge Guerreiro. Ogum é o orixá que vence demanda, que protege seus filhos e guarda sua casa. Ogum é um orixá que vira na esquerda, pois é chefe de Exu, essa característica pode ser percebida uma vez que seu nome aparece também em pontos cantados de Exu. Sua imagem é de São Jorge sobre o cavalo, mas também pode ser uma imagem de um Ogum especificamente.
Ogum tem em sua falange, outros Oguns que vem em seu nome, alguns deles se apresentam como : Ogum Megê, Ogum de Lei, Ogum Rompe Mato, Ogum Iara, Ogum Sete Ondas, Ogum Beira Mar, entre outros. A incorporação de Ogum é fácil de se perceber : Seus filhos tomam uma forma militar com os ombros retos, peito estufado, andar ereto e com a mão ou dedo esticado acima da cabeça. Cor : Vermelho e branco

XANGO

Orixá da Justiça, Xangô na Umbanda é São Jerônimo. Diz a lenda que Xangô teve três esposas : Iansã, Oxum e Obá. Xangô tem como lugar as pedreiras. Sua imagem é representanda por um ancião sentado sobre as pedras, segurando a tábua dos 10 Mandamentos e com um leão ao lado. Xangô tem sua falange também, o mais conhecido é Xangô Kaô. Cor : Marrom

IEMANJÁ

Rainha do Mar, é um do orixás mais conhecidos do Brasil. Senhora das águas, não há filho que não faça sua reverência ao por seus pés no mar. Iemanjá é Nossa Senhora da Imaculada Conceição na Umbanda. Iemanjá é conhecida pelo seu canto longo (outros dizem que é uma espécie de choro), suas mãos fazem movimentos para frente e para cima como se fossem ondas do mar. Iemanjá não tem uma falange especifica, porém em sua linha há as sereias e princesas do mar, conhecida por Janaína. Sua imagem é representada por uma mulher de cabelos compridos e negros, com um vestido azul comprido de mangas largas sobre as águas e com flores a sua volta, de suas mãos saem gotas de águas que mais se parecem com moedas (a riqueza do mar), na cabeça uma coroa que pode ter uma estrela no centro. Cor : Azul ou Azul e Branco

IANSÃ

Iansã é a rainha dos ventos e tempestades, na Umbanda também é reverenciada por Santa Bárbara ou como os umbadistas chamam A Virgem da Coroa. Iansã é a santa de expressão séria e de porte de guerreira, batalhadora e lutadora. Iansã na umbanda incorpora com expressão altiva e com o braço direito estendido para cima e com a mão direita a balançar, como se estivesse chamando os raios. Iansã pode aparecer na corrente tanto na sua própria linha como na linha de Iemanjá - adentrando assim na linha das águas. A imagem de Iansã é a imagem de Santa Bárbara, ou seja, uma moça de cabelos claros com uma túnica vermelha por cima de um vestido amarelo, pode estar segurando um ramo ou uma espada. Cor : amarelo-ouro

OXUM

Oxum a Senhora das águas doces, dos rios e cachoeiras. Na Umbanda ela é saudada como Nossa Senhora Aparecida. Oxum com sua expressão serena aparece com os braços esticados na altura da cintura, fazendo o movimento circulares e para frente. Normalmente vem na linha das águas, logo após a incorporação de Iemanjá. Cor : roxo ou azul escuro.

Linha de Cosme, Damião e Doun ou Linha das Crianças

Os filhos de Ogum são a presença mais alegre da Umbanda. A presença das crianças na Umbanda traz renovações e esperança, reforçando a natureza pura e ingênua dos seres humanos. É a linha que mais cativa as pessoas, pelo ar inocente que traz na face do médium. Aliás essa linha é fácil de perceber a incorporação pois o semblante da pessoa fica suave, sua voz mais fina e sempre com aquele ar de criança. Por sua natureza e pelos padrinhos da linha a linha de Cosme e Damião também traz a cura para os males do corpo e do espírito, além de darem proteção e benção extra as crianças. Podem aparecer no decorer do ano, mas o seu dia de comemoração acaba virando uma grande festa de aniversário, onde tem bolo, bexigas, doces e refrigerante, não faltando é claro o "Parabéns à você".

Linha dos Pretos-Velhos

A linha mais experiente da Umbanda e sem dúvida a mais respeitada das entidades, pelo seu sofrimento e pela sua sabedoria e humildade. É isso tudo que passa a linha dos pretos-velhos, o que um preto velho fala ninguém discute. Como diz seu próprio ponto cantado "Filhos de Umbanda não tem querer" é assim que eles vem : trazendo saúde e esperança, ajudando seus filhos e cobrando deles a humildade e bondade no espírito. Se existe algo que os pretos-velhos não admitem é a soberbia em seus filhos de fé. Sua homenagem fica para o dia 13 de Maio, dia da libertação dos escravos.

Falarei mais de cada um em outro momento. Hoje quis transmitir um pouco de cada um, de maneira ampla e geral, tentando passar uma visão da beleza que está por trás dos trabalhos realizados pela Umbanda.