sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Linha dos Exús Mirins


Na Umbanda existe uma linha pouco comentada e compreendida, sendo por isso mesmo, pouco respeitada. É a linha de Exú Mirim. Poucos trabalham com essas entidades tão controvertidas e misteriosas, sendo que alguns até duvidam da existência deles.

Exú Mirim é uma entidade que trabalha lado a lado com as crianças, sendo muito brincalhão. Com sua irreverência resolve qualquer mal e auxilia na segurança do Centro. Os Exus Mirins se apresentam como crianças travessas, brincalhonas, espertas e extrovertidas. Não são espíritos humanos, pois nunca encarnaram, são encantados vivenciando realidades da vida muito diferentes da nossa.

Exú Mirim pertence à linha de esquerda, trabalhando junto com os Exús e as Pombo-Giras para a proteção e sustentação dos trabalhos da casa. Enquanto Exú vitaliza os sete sentidos da vida e a Pombo-Gira os estimula, Exú Mirim traz situações complicadas, para que utilizando o vigor e estimulados, possamos vencer essas situações e evoluirmos como espíritos humanos.Apesar de serem bem agitados, devem manifestar-se sempre com bom senso e respeito, pois num Centro de Umbanda, eles vêm para a prática do bem sobre comando direto dos Exús e Pombo-Giras, os guardiões da casa.

Trazem nomes simbólicos análogos aos dos Exús, revelando seu campo de atuação, energias, forças e Orixás a quem respondem. Assim, temos Exus Mirins ligados ao Campo Santo: Caveirinha, Covinha, Calunguinha, Porteirinha, ligados ao fogo: Pimentinha, Labareda, Faísca, Malagueta, ligados a água: Lodinho, Ondinha, Prainha, entre muitos e muitos outros. Temos Exús Mirins atuando em cada uma das Sete Linhas de Umbanda.

Quando respeitados, bem direcionados e doutrinados pelos Exús e Pombo-Giras, tornam-se ótimos trabalhadores, realizando trabalhos magníficos de limpeza astral, cura, quebras de demandas, etc.

Uma força muito grande que Exú Mirim traz, é a força de desenrolar a nossa vida, levando todas as nossas complicações pessoais. Também são ótimos para acharem e revelarem trabalhos ou forças negativas que estejam atuando contra nós.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Linha das Pombo-Giras


Pombo-Gira é o nome dado aos Exús femininos. O termo Pombo-Gira deriva do termo “Bombogira”, que significa Exú em Nagô - língua angolana. A origem do termo Pomba-Gira, também é encontrada na história. No passado, ocorreu uma luta entre a ordem dórica e a ordem iônica. A primeira guardava a tradição e seus puros conhecimentos. Já a iônica tinha-os totalmente deturpados. O símbolo desta ordem era uma pomba-vermelha, a pomba de Yona. Como estes contribuíram para a deturpação da tradição e foi uma ordem formada em sua maioria por mulheres, deu-se então a associação.

Como comentei em outro texto, os Exús são muito mal interpretados, o mesmo acontece com a Pombo-Gira. Dizem que Pombo-Gira é uma mulher da rua, uma prostituta. As distorções e preconceitos são características dos seres humanos, quando eles não entendem corretamente algo, querendo trazer ou materializar conceitos abstratos, distorcendo-os.

Pombo-Gira é uma manifestação feminina de Exú, com suas aspirações, vontades, valores e princípios. Pena que muita gente acha que, por elas darem gargalhadas e usarem termos "vulgares", elas sejam prostitutas, ou o foram quando encarnadas. Podemos conferir que existe muita mulher que se utiliza de termos vulgares, piores que as Pombo-Giras, e nem por isso, são consideradas prostitutas.

As Pombo-Giras são grandes magas e conhecedoras das fraquezas humanas. Elas são como os Exús, executoras da Lei e do Karma. A função das Pombo-Giras, está diretamente relacionada à sensualidade. Elas freiam os desvios sexuais dos seres humanos, direcionam as energias sexuais para a construção e evitam as destruições. A sensualidade desenfreada é um dos "sete pecados capitais" que destroem o homem: a volúpia. Este vício é alimentado tanto pelos encarnados, quanto pelos desencarnados, criando um ciclo ininterrupto, caso as Pombo-Giras não atuassem neste campo emocional.

Cabe a elas esgotar os vícios ligados ao sexo. Quando um espírito é extremamente viciado ao sexo, elas, às vezes, dão à ele "overdoses" de sexo, para esgotá-lo de uma vez por todas. Elas, ao se manifestarem, carregam em si, grande energia sensual, não significa que elas sejam desequilibradas, mas sim que elas recorrem a este expediente para "descarregar" o ambiente deste tipo de energia negativa.

São espíritos alegres e gostam de conversar sobre a vida. São astutas, pois conhecem a maioria das más intenções. Devemos conhecer cada vez mais seu trabalho, pois elas estão do lado da Lei e não contra ela.

As Pombo-Giras são espíritos mal compreendidos, mas que, apesar disto, continuam a contribuir eficazmente para os trabalhos de Umbanda, como humildes trabalhadores espirituais, que não medem esforços para minorar o sofrimento humano.

Gostaria de esclarecer outro mito, que existe em torno delas. A incorporação de um Exú ou de uma Pombo-Gira, independe do sexo ou da sexualidade do médium, isto quer dizer que um médium homem jamais terá sua sexualidade transmutada ou interferida porque incorpora uma Pombo-Gira e a recíproca é verdadeira. Estas crenças em nada conferem com a realidade da pura espiritualidade e, pelo contrário, distorcem ainda mais a verdade dos fatos.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

A VOZ DO SILÊNCIO - Por Vovó Benta


O atendimento da noite agora se encerrava naquele terreiro de Umbanda. Alguns dos pretos velhos que haviam trabalhado se desligavam de seus aparelhos, não sem antes equilibrá-los com energias edificantes e benfazejas. Um dos médiuns, após praticamente "despachar" seu protetor, apressou-se em ajoelhar-se aos pés da preta velha que ainda permanecia incorporada, para solicitar aconselhamento.

O bondoso espírito acolheu amorosamente suas lamentações como o fez com todos os outros que haviam passado por ela naquela noite. Ouviu tudo fumegando seu cachimbo, porém nada falou. Saravou aquele filho, agradecendo-o pela caridade que havia prestado e assim se despediu, largando seu aparelho. O médium por sua vez, desajeitadamente se retirou, sem conseguir entender o silêncio da Preta Velha. Um misto de rejeição e indignação passou a povoar seus sentimentos, e pensou:

- "Então é assim! Eu fico fazendo caridade por horas a fio e quando solicito ajuda, o que recebo?"

Enquanto a corrente mediúnica realizava as preces de encerramento da sessão, ele sentiu uma inexplicável sonolência que o obrigou a dirigir-se diretamente para casa, ignorando o programa prévio de sair com os amigos para mais uma noitada de lazer em bares da cidade.

Mal adormeceu, em corpo astral, através do desdobramento, percebeu estar ajoelhado sobre folhas verdes e cheirosas num ambiente simples, cujas paredes eram feitas de bambu, o teto de folhas de coqueiro e o chão de terra batida. Algumas tochas iluminavam o local, e havia uma cantiga no ar que ele bem conhecia. Sentindo a presença de alguém, virou-se e o viu sentado em seu tosco banco com aquele sorriso matreiro e cachimbo no canto da boca. Sua roupa, bem como seus cabelos brancos, contrastava com a pele negra. Os pés descalços e calejados. No pescoço um rosário cujas contas eram pura luz. Sim, era ele, Pai Benedito, seu protetor.

- “Saravá zin fio!” Falou a Entidade de Luz!

- “Saravá meu Pai!” Respondeu ele.

- “Pai Benedito chamou o filho até sua tenda para poder explicar tudo aquilo que você não conseguiu entender com a orientação da mana lá no terreiro da terra.” Explicou seu protetor.

- “Meu Pai, ela nada falou...” Reclamou ele.

- “E suncê se magoou, não foi?” Perguntou seu Protetor.

- “É... não compreendi...” Respondeu tristemente. A maravilhosa Entidade então, explicou:

- “Por isso Pai Benedito o trouxe até aqui e vai explicar. Os filhos da terra ainda não conseguem compreender a mensagem do silêncio devido às suas mentes aceleradas pelo imediatismo, pela falta de concentração e pelo vício de "receitas prontas". A mana que nada disse ao filho, agiu assim justamente para incentivar a sua busca das respostas.

Queria que o filho, instigado pela falta do aconselhamento a que vinha se acostumando, pudesse parar e pensar. Pensar em todos os conselhos que seu protetor, através de seu aparelho, havia passado para as pessoas que atendera lá no terreiro há momentos atrás.

O silêncio da preta velha, quis dizer ao filho que o primeiro e maior beneficiado da abençoada tarefa mediúnica é o próprio mediador. A sua característica de médium consciente permite que receba e transmita os nossos pensamentos e os bons fluídos dos quais se torna canal. Para que o intercâmbio "médium-espírito" aconteça, pela Bondade Divina, o corpo astral do mediador é previamente preparado antes de reencarnar através da "sensibilização fluido-mediúnico" de seus centros de forças para que assim se dê a afinização com seus protetores.

Durante toda a vida encarnada, é ainda alertado e amparado para que possa exercer o mandato dentro do programado. No entanto, existe um carma envolvendo tudo isso, e o fato dos filhos prestarem a caridade não os isenta dos entrechoques a que estão sujeitos na matéria, que nada mais são do que ensinamentos necessários do certo e do errado.

Respeitando as escolhas feitas, esses protetores tantas vezes perdem seus pupilos para os descaminhos da vida, mesmo e apesar de todo esforço, e então lhes resta aguardar que o relógio do tempo os traga de volta pela mão da dor.

Pai Benedito não se entristece, se o filho por vezes o dispensa, ou não entende suas mensagens. Nem mesmo quando o filho desfaz as energias recebidas após o trabalho de caridade através da busca de prazeres ilusórios e momentâneos. Apenas ajoelha diante do Congá, que no plano astral fica sempre iluminado pelas velas da caridade prestada nas poucas horas em que a corrente de médiuns se reúne na terra, e implora ao Pai Oxalá a sua compreensão para todos os espíritos que ainda teimam em permanecer colados às suas mazelas no plano terreno.

Por isso filho, estando aqui em frente a este espírito que tanto o ama e cuja ligação perde-se no tempo, peço que desabafe suas dores, que tire as dúvidas que angustiam seu coração.”

Agora o silêncio era todo seu. Apenas as grossas lágrimas que desciam de sua face falavam de sua pouca fé, de seu descrédito até então, da própria mediunidade. De seus momentos de incertezas quanto a estar servindo realmente de canal para Pai Benedito, de seus medos em relação ao animismo e da confusão que fazia dele com a mistificação. Mas principalmente de sua vontade de largar tudo pelos prazeres do mundo, afinal era muito jovem ainda para levar uma vida regrada em função da mediunidade. Então a Entidade de Luz continuou:

- “Pai Benedito compreende a angústia do filho, mas pede que revise os tantos avisos que recebeu em seus sonhos, nas palestras instrutivas que ouviu lá no terreiro, nos livros que chegaram até suas mãos e nas tantas vezes que a Preta Velha o instruiu, o aconselhou. Onde estão estas informações? Para quem eram dirigidas nossas palavras nos atendimentos, senão para você que as ouvia antes de repassá-las? Nada é proibido aos filhos no estágio da matéria, mas em tudo deverá existir o equilíbrio. “

O silêncio da Preta Velha havia sido traduzido, e agora ele conseguia compreender que fora o melhor, dos tantos conselhos que ouvira dela.

Fechando seus olhos, agradeceu a ela mentalmente e quando os abriu, além do cheiro de incenso e da claridade que se instalara naquele ambiente, percebeu que tudo modificara. A humilde tenda agora era um templo iluminado por vitrais coloridos que formavam filetes de luz que se entrecruzavam num quadro de beleza estonteante. No chão, ao centro, em esplendoroso piso vitrificado havia o desenho de uma mandala, que de seu centro irradiava luz dourada. Já não estava mais diante daquele Pai Velho em humildes trajes, pois ele havia se transfigurado num ser de características orientais, de olhar penetrante. Nada pode pronunciar, sua voz embargou. Havia que se fazer o silêncio para que só ele traduzisse a mensagem agora recebida.

Naquela manhã acordou muito cedo, tendo plena lembrança de seu "sonho". No ar, ainda o cheiro do incenso. Não fosse a exigência da vida física, ficaria o dia todo calado, saudando o silêncio da Preta Velha.

"Que nos ouça, quem tem ouvidos de ouvir". Saravá aos filhos da Terra.

Esta mensagem foi recebida espiritualmente pela médium Leni W. Saviscki e foi publicada originalmente no Jornal de Umbanda Sagrada – Número 63 – em Julho de 2005.

Que esta maravilhosa mensagem, que encerra um ensinamento tão profundo, possa trazer muita compreensão, paz e luz à todos nós que trabalhamos na Umbanda!

terça-feira, 28 de agosto de 2007

A Divina Trindade na Umbanda


A Trindade, na Teosofia, é conhecida como o Primeiro, Segundo e Terceiro Logos. O Primeiro é o Princípio Imanifestado, o Segundo marca o Princípio da Dualidade - Espírito e Matéria e o Terceiro a Consciência Primordial.

Está sempre presente em todas as religiões. No Egito, por exemplo, eram: Osíris, Ísis e Hórus, na Fenícia: Anu, Ea e Bel. No Cristianismo: Pai, Filho e Espírito Santo. Na Índia: Brahma, Vishnu e Shiva e assim por diante.

Há uma realidade que é universalmente aceita em todos os planos do espírito: a eterna existência do Supremo Espírito - DEUS. Na Umbanda, Deus é considerado a Perfeição Absoluta, como a Suprema Consciência Una. Acreditamos que o Supremo espírito domina e dirige tudo, como tudo entendemos todos os Seres Espirituais, a Substância Etérica, ou seja, a matéria e a energia. O tudo também é o Espaço Cósmico e a Eternidade.

Deus, o Supremo Espírito é o Criador do Universo. Ele é o único conhecedor das origens e causas de tudo e Ele estende Seu poder sobre as várias Consciências Espirituais, criando as Hierarquias Galácticas, Solares e Planetárias. Importante esclarecer que entendemos Criar como Transformar. Ele é Onisciente, Onipotente e Onipresente. Ele está presente em tudo e em todos através das Hierarquias por Ele constituídas. Ele foi, é e será sempre atemporal, isto é eterno.

Ele é o Divino Ferreiro que malha incessantemente na Bigorna Cósmica, plasmando através da Sua Vontade tudo aquilo que existe, o que é, e tudo aquilo que não existe, mas é. Ele é o Senhor de tudo, do nada e de todas as realidades.

Portanto na Umbanda, Olorum, o Supremo Deus, se expressa através da: Energia, Vida e Consciência.

A Energia corresponde ao Poder, Atividade, Vigor, Firmeza, enfim, tudo o que se encontra manifesto ou latente em tudo quanto existe.

A Vida tem sua origem na grande fonte cósmica, que por sua vez, se faz representar pela manutenção dos corpos vivos, desde o mineral ao reino animal. A existência é um ato de amor.

A Consciência é a mente perceptiva, voz interna que clama no reino dos homens, procurando ajustá-los à realidade una. Culmina na ascensão dos espíritos diletos para o regaço do Criador.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Babalorixá


Não existe uniformização de ritual dentro dos vários Centros de Umbanda. A extrema complexidade dos rituais para a evocação dos orixás e das Entidades de Luz, ou para outros trabalhos espirituais de caridade, reclama numeroso pessoal, suficientemente instruído e habilitado. É necessário esclarecer a terminologia própria da Umbanda e das atribuições dos vários graus da hierarquia umbandista.

O chefe principal ou dirigente do Centro é denominado geralmente de Babalorixá, cuja tradução é: Babá = pai, Orixá = santo, ou Babalaô, Babaloxá, Babaluê, ou ainda Pai de Santo. Quando for mulher, é “Mãe de Santo”, ou simplesmente Babá. Ele é o zelador, o mestre, o guia terreno, governador espiritual e administrador do Centro. O feminino de Babalorixá é Alourixá, mãe-de-santo.

Babalorixá ou Babá (pai) é um sacerdote, chefe do Centro. É a autoridade máxima na Umbanda. É o responsável por tudo o que acontece, portanto, ninguém faz nada sem sua prévia autorização. Sua função é sacerdotal. Ele conta com a ajuda de muitas pessoas para a administração da casa, inclusive com a Iabá, cuja função, expliquei no último texto. Cada um tem uma função específica na hierarquia, mas todos sabem fazer de tudo para um caso de emergência.

A hierarquia na Umbanda é respeitadíssima por todos os participantes. Um Babalorixá que trabalha na luz, busca sempre o conhecimento, para adquirir sabedoria, despertando a sua razão. É equilibrado, buscando sempre agir de acordo com as Leis que regem o Todo. Possuem muita fé e amam a sua vida e a sua missão, sem falar no amor ao Criador, acima de tudo!

A responsabilidade deles é muito grande, necessitando de muita firmeza nos pensamentos e, principalmente humildade, para garantir sempre a proteção dos espírituos iluminados, seus guias espirituais. Sua missão é ajudar outros médiuns a também trilhar este caminho de evolução, sem falar na responsabilidade em ajudar a assistência, que não é em número pequeno e nem somente com problemas simples. Que Jesus abençoe à todos aqueles que escolheram essa caminho!

domingo, 26 de agosto de 2007

A IABÁ


Iabá ou Iyabá é o termo usado para definir os Orixás femininos tais como: Oxum, Oyá, Obá, Yewá, Iemanjá, Nanã e outras. Também é a designação de um cargo feminino, dentro de um Centro de Umbanda, sendo que, quando um médium passa a ser uma Iabá, é porque sua sensibilidade está se aflorando, é um crescimento espiritual.

A Iabá é a responsável pela preparação das oferendas ou amacis, tanto preparo das oferendas aos Orixás, quanto preparo dos amacis para os médiuns, sempre se utilizando das mesmas pedras. O amaci é uma mistura de água pura e sumo de ervas, imantado aos pés do Congá, que dentro da Umbanda, é o altar. Basicamente, o amaci é utilizado para reenergizar o chacra coronário, para que o médium suporte as incorporações e as energias manipuladas na Umbanda.

No livro “A Missão do Espiritismo”, psicografado por Hercílio Maes, pelo espírito Ramatis, apresenta um estudo profundo de comparação entre religiões e nos explica, que diferentemente dos irmãos espíritas Kardecistas, um médium de Umbanda trabalha diretamente no desmanche de fluidos pesadíssimos emanados da magia negra, em um trabalho corpo-a-corpo que exige proteções fluídicas, como no caso do uso do branco ou das tradicionais guias no pescoço. O amaci então, tem a função de reenergizar o médium diante de tamanho desgaste físico e espiritual, fortalecendo seu corpo e seu perispírito, bem como fazendo uma conexão com os guias que compõem sua corrente espiritual, em especial seu guia chefe.

Ao preparar o amaci, a Iabá deve estar sempre buscando a sintonia com o Orixá correspondente através de seu ponto, vibrando sempre com amor e fé. Há de se saber, que a Iabá está colocando também a sua vibração no que está fazendo, portanto também possui responsabilidade no que acontece ao médium envolvido.

Outra responsabilidade da Iabá é com relação ao bom andamento dentro da corrente, cuidando do médium desatento ou distraído. Ela ensina como o médium deve se comportar na corrente e deve sempre prestar atenção em tudo que está acontecendo. Ela ajuda na busca das entidades dos médiuns, sentindo a necessidade de cada um. Se tiver duvidas, deve esclarecê-las com o Dirigente do Centro, um dos Babás ou com as Entidades de Luz. Em reuniões de Iabás com os Babás o que for falado sobre os médiuns e seus problemas, será sempre na intenção de como ajudar o mesmo. Porque temos na corrente, médiuns em vários níveis de desenvolvimento com suas entidades. O que for dito nas reuniões não deve ser levado para fora, pois o respeito por todos deve imperar, num Centro que trabalha em nome de Jesus.

A Iabá tem a responsabilidade de ensinar várias coisas ao médium iniciante, tais como os cuidados que o médium deve ter com a própria roupa que se utiliza nos trabalhos no Centro. Ensina também a bater cabeça no Congá – que é um ato submissão, onde nos abaixamos diante de Jesus e todos os Orixás, pedindo sua proteção. O médium se abaixa e toca suavemente a testa no chão, ou no Congá, demostrando respeito pela terra que toca, e humildade ao se abaixar diante de Deus.

Outro ensinamento passado pela Iabá é o ato de salvar a trunqueira – um local físico que delimita o campo energético das linhas de direita e de esquerda, onde se fazem alguns tipos de descarregos. A esquerda dentro de um Centro, é quem segura a trunqueira, pois nela é feito o firmamento de um exu como chefe da esquerda e sob o comando dele trabalha todas as outras entidades da esquerda do terreiro, não podendo jamais fazer algo que contrarie a Lei.

O exu firmado como chefe, além de obedecer às Entidades de Luz, respondem também ao dirigente do Centro. Ele trabalha sob o comando de Ogum, que é a Lei, respondendo por todos os seus atos. A Umbanda trabalha sob a Lei que o Pai deixou escrita na Bíblia, ou seja, com humildade, fé, caridade, esperança, perdão, respeito, enfim, todas as virtudes. A Iabá também é responsável por cuidar da Trunqueira.

Uma Iabá sempre terá palavras de conforto e carinho para com os médiuns, e deve tratar todos de uma maneira igual e com respeito. Tanto os Babás, ou Dirigentes, como as Iabás sempre devem estar prontos para ajudar um irmão de fé, sem julgar quem merece ou não, tanto dentro ou fora do Centro.