sexta-feira, 1 de março de 2013

Refletindo sobre o Medo III


Nos dois últimos textos dissertei sobre algumas raízes do medo, que são: a ansiedade, a baixa autoestima, a falta de amor por si mesmo, a culpa, o ressentimento, o apego às máscaras adequadas aos padrões sociais considerados "certos", que acreditamos, ingenuamente, que nos protegem, o orgulho que nos impede de enxergamos o que precisamos mudar em nós mesmos, a preguiça em assumirmos responsabilidades, a moderação exagerada que nos limita a autonomia, os preconceitos, os julgamentos, a resistência em amadurecer e crescer, a falta de confiança em si e no outro, a falta de controle sobre os próprios pensamentos, mas ainda falta o mais importante, que é a falta de fé. Sim, porque quem tem medo, não tem fé, nem em si mesmo e nem em Deus!

É imprescindível que não tenhamos medo, sabendo que somos protegidos por Deus, e que Ele só dá uma carga a quem a suporta carregar. O medo é um sentimento poderoso, que acolhe o ser humano e, muitas vezes, o leva ao caminho do mal, o medo nos paralisa e nos prende à situações de dor e desespero, mas quando oramos para Deus, Ele nos ajuda imediatamente! O medo, às vezes, é consequência do remorso, que sentimos por faltas cometidas nesta vida e em existências anteriores. A coragem e o amor ao próximo nos aproximam de Deus. O arrependimento é o mais válido dos sentimentos, mas o remorso corrói a alma e é destrutivo. Para isso existe o perdão, devemos nos perdoar e perdoar aos outros, compreendendo seus sofrimentos, bem como caminhar com humildade, nos abstendo de julgar, porque todos nós já erramos.

Tememos tantas coisas, tememos amar ao próximo e tememos perdoar. O perdão liberta e o rancor aprisiona, nos ligando mais ainda à quem mais queremos nos afastar, a vingança nos corrói mais do que a quem queremos ferir, não é preciso apagar a luz de ninguém para acender a nossa. Tememos também nos conhecer profundamente, muito por causa de nosso orgulho, não queremos encarar nossos mais secretos defeitos, nossas mais profundas fraquezas, estamos sempre nos protegendo, nos escondendo em máscaras que só nos afastam de nosso verdadeiro eu interior. É preciso muita coragem para se olhar de forma nua e crua, dói, pois tocamos em muitas feridas que ainda sangram, sentimentos que ainda estão em nossos corações e que foram motivo de desgraças e sofrimentos nesta, ou em outras vidas. É preciso coragem para se conhecer e mudar!

Ter dúvidas é sinal de prudência, de responsabilidade. Quando temos dúvidas, ponderamos, e isso é muito positivo, pois não corremos o risco de dar um passo maior do que nossas pernas. As dúvidas servem para procurarmos o melhor dentro de nós, selecionando pensamentos e ações que nos fortaleçam no bem, nos levando ao equilíbrio. Através das dúvidas, dimensionamos melhor a intensidade dos prazeres que buscamos, evitamos a loucura das emoções e caminhamos na Luz, sem buscar atalhos. Não devemos temer o sofrimento, mas aprender com as situações complicadas que a vida nos impõe, e assim que aprendermos, devemos seguir em frente, esquecendo o passado doloroso, sem mágoas, rancor ou sentimentos de vingança, pelo contrário, devemos buscar nos harmonizarmos com todos, tentando compreender as divergências. Não é um caminho fácil, sem dúvida, pois ele gera muita angústia e ansiedade, mas somente assim, chegaremos ao equilíbrio. Nossa maior aliada nesse processo é a fé, pura e simplesmente! As dúvidas nos levam ao autoconhecimento, e através dele, compreendemos as situações que nos cercam, e as dúvidas nos levam a escolhas, umas sábias outras nem tanto, mas todas as escolhas sempre contém um aprendizado, e em cada escolha positiva fortalecemos a fé em nós mesmos, e quanto mais compreendemos as relações intrincadas da vida, maior a nossa fé de que Deus está no comando de tudo!

O ódio pode atrasar nosso desenvolvimento, alguns ficam presos nele por décadas, outros, pior ainda, ficam presos por diversas encarnações! Tudo por falta de fé em Deus! A vida espiritual trás muitas vantagens aos espíritos, que se sentem mais livres, e há muitos espíritos extremamente inteligentes e espertos, que se utilizam dessas vantagens com maestria! Os locais frequentados por espíritos cheios de ódio e ressentimento são densos, carregados de muita dor e sofrimento, sendo que alguns espíritos, se sentem muito bem lá, nem pensam em buscar as esferas mais iluminadas, o que aliás, muitos nem acreditam que existam... Criam laços de sentimentos com outros espíritos, também desequilibrados, e realizam pactos de vingança, vivendo com medo, carregados por culpas e ressentimentos, muitas vezes com um ódio inenarrável! Eles passam ao lado de Entidades de Luz, que poderiam ajudá-los, amenizando suas dores, mas eles nem ao menos os enxergam... Porém, é importante ressaltar, que não são somente os desafetos do passado que atraem esses espíritos desequilibrados, espíritos com sentimentos parecidos se sentem ligados também, isto é, pessoas com sentimentos negativos como: medos, ódio, ressentimento, sentimentos de vingança, com ausência de humildade e falta de perdão no coração, também atraem esses espíritos, por afinidade de sentimentos, e é então que ocorre, o que chamamos de obsessão! Precisamos sempre vigiar nossos pensamentos e sentimentos, transformando-os através de nossa vontade, para não atrairmos espíritos sem luz para perto de nós, que só farão aumentar nossos sentimentos desequilibrados. Por isso, nossos amigos espirituais sempre nos alertam: "O medo é uma porta aberta para as energias negativas". Com medo, atraímos e convivemos com espíritos maldosos, exacerbamos nossa negatividade e nos desequilibramos, atrasando nossa evolução! Quem tem a alma cheia de amor, não atrai esses espíritos negativos, e quando eles, mesmo assim, resolvem nos influenciar, para destruir nossas boas intenções, acabam por desistir pelo cansaço em não serem ouvidos e nem obterem sucesso, partindo então, para outra pessoa menos avisada e descuidada, para obter sucesso em suas investidas...

O mal que é enviado a qualquer pessoa, só vai instalar-se, se encontrar um ambiente vibratório adequado, isto é, sem amor no coração, ou com medo, advindo de qualquer uma das raízes mencionadas acima. Como já disse, o medo é uma porta aberta, acessível para a entrada do desequilíbrio, e é no ego que a vaidade e os vícios mais baixos do ser humano se instalam. É muito importante orar muito, e manter a firmeza de pensamento no bem e na caridade ao próximo, com muito amor, deixando o medo de lado, pois este é o antônimo da fé e da confiança, principalmente durante os trabalhos espirituais, bem como, após os mesmos, não abrindo brechas para ligações com espíritos negativos. Igualmente, não devemos pensar nos acontecimentos negativos ocorridos, para não os atrairmos novamente... O medo é um sentimento muito usado pelas energias trevosas, uma vez que fragiliza e desestabiliza o corpo emocional, facilitando sua atuação mórbida. A luta contra o mal é constante e diária. As trevas estão vinte e quatro horas de plantão, praticando o rodízio entre diversas entidades negativas, para que sua presa não escape. E eu pergunto, nós estamos vigilantes 100% do tempo? Não adianta rezarmos, se não vigiarmos nosso pensamento, já que o pensamento é energia, e com ele vibramos no campo energético que desejarmos.

O medo é um sentimento muito comum, é como uma neblina densa que nos envolve, nos abraça e não nos deixa respirar, todavia, não teríamos medo se nos conscientizássemos de nossa força mental e espiritual e se tivéssemos toda a fé que dizemos ter. Que luta travamos para poder restabelecer o nosso equilíbrio! Às vezes nossos pensamentos de medo são tão fortes, que não deixam que nos movimentemos. Precisamos acreditar que somos fortes, poderosos, amorosos e iluminados, como filhos de Deus que somos, aí então, nada temeremos. Precisamos acreditar que a nossa luz é capaz de clarear qualquer escuridão e de acalmar a ira de qualquer inimigo, a ponto de torná-lo nosso amigo. Quebrar barreiras, muitas vezes, nos assusta, contudo, saber que somos capazes é muito importante para nosso desenvolvimento pessoal e espiritual. Basta-nos ter fé! A fé é difícil de ser compreendida e mais ainda, de ser praticada. A fé nos torna otimistas, acreditando que somos capazes de transformar as dificuldades em aprendizado, nos livrando de preconceitos e perturbações que adquirimos nas várias encarnações que tivemos, perturbações essas, que quando acumuladas, se transformam em martírios inúteis para a vida. Necessário se faz, que trabalhemos o amor dentro de nós, enfrentando todos os desafios com fé em nós mesmos e em Deus!

A fé remove qualquer obstáculo, por mais difícil que este seja. Ela alimenta o espírito, nos dando mais segurança quanto aos caminhos a percorrer. A fé deve ser inabalável, em qualquer circunstância. A vida terrena é uma escola e estamos aqui para aprender a lidar conosco e com os outros. Sejamos caridosos, principalmente conosco mesmos, tentando nos compreender, aceitando as falhas alheias, sem julgamentos inúteis, que em nada contribuem. Há momentos em nossas vidas, em que acreditamos que o mundo irá desabar, como uma grande tempestade, nessas horas, procuremos manter o equilíbrio de nossas mentes, pois como sempre acontece, após a tempestade vem a bonança. Com fé, perceberemos que a vida é apenas um momento na eternidade!

Acreditamos que temos fé, mas quando sofremos o menor abalo, nossa fé desmorona. Que tipo de fé é esta, que se ressente diante das turbulências? A verdadeira fé é aquela que tudo suporta, injúrias, calúnias, traições, desagravos e, mesmo assim, continua íntegra. Esta sim é a fé real. Como conseguir essa fé? Nos valorizando, descobrindo nossa força interior, que ainda está latente, dessa forma, começaremos a crer. Crendo em si mesmo, transporá qualquer obstáculo, e a sua vida se transformará. O sofrimento já não será um pesar, mas sim, a ponte que precisa ser percorrida com dignidade, com fé na vida eterna, em si mesmo e em Deus! Os desatinos, as atitudes impensadas, são conseqüências da falta de fé e de amor. A incompreensão, também. Convictos de que a vida é feita de bons e maus momentos, sigamos em frente, confiantes, pois tudo é passageiro.

A fé surge toda vez em que não nos sentimos capazes de resolver algum problema, então, apelamos à Deus. Pedimos fervorosamente a Ele que nos auxilie, que nos dê forças, que nos ampare. E quando a ajuda vem, muitas vezes, esquecemos de agradecer, ou quando a nossa graça não foi alcançada, voltamo-nos contra Deus. Ora, que fé é essa? A fé pressupõe a esperança, que nos leva a certeza, que nos trás confiança! Assim, não será mais necessário buscar fora o que está dentro, e a gratidão brotará em nossos corações, pois perceberemos a força de Deus, que a tudo envolve e criaremos coragem e esperança. Fé é simplicidade no caminhar, é crer naquilo que se faz. Fé é tolerância para conosco, com o nosso mau humor, que ocorre muitas vezes, por influência de espíritos sofredores, que sentem satisfação em nos desequilibrar. Controlemos nossas mentes, estudemos sempre, vibrando amor. Isto também é ter fé. Quando assumimos a melhor decisão a ser tomada, usamos a lógica e o discernimento, nos apropriando de nossa força interior com disposição, nos libertando dos medos e inseguranças, vivendo muito melhor. Só os corajosos podem conquistar a fé! Não tenham medo!

A firmeza de pensamento aliada a uma profunda crença em si mesmo, alicerçadas na certeza de que o Pai olha por nós, podem operar maravilhas em nossas vidas. A fé não é uma dádiva, cabendo a cada um de nós, o trabalho de buscar o comprometimento com as conquistas que precisamos fazer, com disciplina e vontade. Acreditar em si mesmo é permitir-se errar, crendo que, depois do erro, aumentamos a nossa capacidade de acerto. Acreditar em si é andar com coragem, enfrentando os obstáculos, vendo-os como oportunidades de aprendizado e, dessa forma, obteremos uma fé verdadeira e inabalável. A fé caminha junto à caridade. A maioria de nós possui uma fé oportunista. Quando a vida complica e não conseguimos soluções, clamamos por ajuda. E essa ajuda sempre vem, porque o poder de Deus é infinito. Porém, os espíritos de luz só conseguirão nos ajudar, quando formos receptivos, confiantes, humildes e crentes na ajuda. Então, conseguimos vislumbrar o caminho e saímos daquela dificuldade, daquele impasse, mas lentamente vamos nos esquecendo daquela fé tão forte que nos moveu, e, novamente, ficamos indiferentes, até que surja um novo obstáculo e nós sejamos mais uma vez confrontados com nossa própria pequenez. Precisamos manter essa fé o tempo inteiro, nos sintonizando com a luz, não que eles não estejam sempre a postos para nos ajudar, mas não encontram sintonia em nosso coração... Triste, não? Só lembramos de Deus... na dor... A fé verdadeira transforma a vida, transforma o jeito de sentir, de pensar e de agir. E quando um ser consegue manifestar a sua fé em todos os seus atos, em todas as suas palavras, ele se torna uno com Deus. E é essa unicidade que nós devemos buscar, trazendo para o nosso dia a dia a fé, a coragem, e a confiança em Deus.

Covardes aqueles que fogem pelo medo, pois querem ir pelo caminho mais fácil e desandam no próprio caminhar. As dores renovam e desenvolvem a força, a coragem e a resignação para que suportemos as provações que escolhemos para a nossa própria evolução. Nosso caminho de luz está diretamente ligado à fé que possuímos. Se o caminhar parece difícil, reavalie suas atitudes, aprendendo com os erros, sempre. A vida ensina a cada instante. Pense nisso, não esquecendo de praticar o bem, fortalecendo a fé que já existe dentro de você! Sem medos... Fiquem em paz!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Refletindo sobre o Medo II


Dando continuidade ao texto anterior, pergunto: por que temos tanto medo da responsabilidade e da autonomia, que nos levariam direto à liberdade, com o coração cheio de paz e harmonia, que é, simplesmente, o que mais desejamos?

Temos medo da responsabilidade, porque ela nos obriga a assumirmos os efeitos de nossas ações. Quando obedecemos a regras preestabelecidas, não temos culpa se algo deu errado, afinal fizemos o que era "certo". Todos nós já vimos o "certo" dar errado, mas como fizemos o "certo", não somos julgados, e não nos sentimos responsabilizados, quando não somos julgados. Por exemplo, quantos pais já destruíram o sonho de um filho, que queria ser músico, artista de televisão, desenhista, jogador de futebol, entre outras tantas profissões, vistas com desrespeito, alegando preocupação com um futuro pouco promissor? Quem os julgaria por essa decisão "certa"? Provavelmente, bem poucos, pois o "certo" é buscar uma profissão respeitosa e bem vista socialmente, com ganhos financeiros seguros, e não incertos. Pergunto se alguém se preocupou com o que era "certo" para a criança, será que ela não se sairia muito melhor, especializando-se na área desejada, talvez até adquirindo aquela fortuna tão almejada? Ninguém sabe a resposta, pois somente o futuro diria, mas de uma coisa eu tenho certeza, essa criança será mais um adulto frustrado, vendo o trabalho como uma obrigação e não como prazer, fatalmente será um profissional medíocre, pois seus talentos foram esmagados e desrespeitados. Com medíocre, não quero dizer que será um profissional ruim, pois pode até ser que se transforme em um grande executivo de sucesso, como o sonho "certo" de seus pais, mas com certeza, não será pleno, nem atingirá seu potencial máximo, pois ainda que inconscientemente, será frustrado, sem entender bem o por que, e essa frustração afetará muitas outras áreas em sua vida, e ele terá muito menos chances de ser feliz.

Esse é um erro bastante comum em nossa sociedade, onde a responsabilidade dos pais sobre os filhos, tida como "certa", camufla um imenso medo dos pais, em não cumprirem com seu papel em preparar seus filhos para viverem a vida deles, e acabam por impor a sua própria vontade, com a melhor das boas intenções... E novamente me apropriando da sabedoria popular, sabemos que o inferno está cheio de pessoas com boas intenções... Caso o filho não brilhe profissionalmente, a responsabilidade não será dos pais, e sim do filho, já que eles fizeram "tudo" de "melhor" por ele, inclusive decidindo a profissão a ser seguida, sendo que o filho não teve espaço para tomar decisões, contudo, será o único a ser responsabilizado pelas consequências dessa interferência.

Responsabilidade envolve riscos, podemos acertar e errar, mas com certeza, apesar dos acertos ou erros, quando nos dispomos a assumir a responsabilidade das nossas escolhas, conscientes e coerentes com nossos desejos pessoais, nossos sonhos e ideais, enfim, de acordo com nosso eu interior, saímos mais maduros, mais fortes, e muito mais próximos da possibilidade de sermos felizes e harmoniosos.

Também temos medo da autonomia, e por que? Porque tememos a rejeição, o que vão dizer se eu fizer isso ou aquilo? Se nos amássemos, teríamos uma boa autoestima, mas como não nos amamos, temos o oposto, ou seja, baixa autoestima, então ficamos a mercê da opinião alheia. O pior, é que mesmo quando fazemos de tudo para agradar aos outros, nunca conseguimos, até porque sabemos o que queremos, mas não acertamos sempre o que os outros querem. Inferimos, adivinhamos, desconfiamos, mas só podemos mesmo saber, com certeza, o que nós queremos, e, infelizmente, essa não é a nossa prioridade, porque temos medo da rejeição. Não ouvimos o nosso coração, a nossa intuição para tomarmos decisões, nos preocupamos muito mais com a aprovação dos outros, e dessa forma, aceitamos os julgamentos, e nos encaixamos em suas regras preestabelecidas. Ressalto que a opinião dos outros é muito importante e deve ser respeitada sempre, mas daí a decidir a nossa vida, não está correto, pois é o mesmo que entregarmos de bandeja ao outro, o nosso poder, e tudo isso por medo!

Enquanto o medo da rejeição não for trabalhado, não há como se obter a autonomia, e o medo da rejeição é uma consequência da baixa autoestima, e essa só irá melhorar, se for praticado o amor por si próprio! Devemos nos respeitar sempre, nos amando incondicionalmente, só assim conseguiremos elevar a nossa autoestima e agiremos livremente, sem nos preocuparmos em sermos ou não aprovados socialmente. Pensem comigo, de que vale uma aprovação externa, se apesar dela, continuamos a sentir um vazio profundo em nossa alma, por nos sentirmos frustrados, infelizes, continuamos inseguros, com medo e preocupação em se manter a aprovação alheia, e o pior de tudo, é que nem conseguimos entender ou termos clareza dos por quês da nossa tristeza... Precisamos mesmo é nos ouvir, seguir nosso coração e nossa intuição, pois o melhor está dentro de nós, e não fora! Dessa forma, conseguiremos obter uma vida mais plena, sem culpas, sem medos, com serenidade em qualquer situação, pois dessa forma, nos sentiremos mais seguros do que desejamos e queremos, do quanto caminhamos e do que ainda precisamos fazer para continuar evoluindo, sem cobranças, sem severidade, com paz no coração e com equilíbrio. Não seria isso que tanto desejamos? Por que buscamos atalhos complicados, nos afastando cada vez mais de nós mesmos?

Temos medo de crescer e de assumir responsabilidades, prejudicando o exercício do autoconhecimento, de saber quem somos. Durante toda a vida, oscilamos entre a confiança e a desconfiança, a autonomia e a dúvida, a iniciativa e a culpa, a construtividade e a inferioridade, a identidade e a confusão de papéis, a intimidade e o isolamento, a produtividade e a estagnação, a integridade e a desesperança. Porém, é através da vivência desses sentimentos e da compreensão que obtemos desses conflitos, que crescemos.

Sábio é o ser que aprende pela observação, e não pelas dores. Se observássemos mais, ao invés de ficarmos presos aos nossos preconceitos e às nossas ideias, seríamos mais felizes e sofreríamos muito menos, além de economizarmos muito tempo. Nos impacientamos muito com os erros alheios, assim como com nossos erros também. A culpa é péssima conselheira, mas a vaidade pode ser ainda pior. Por que queremos parecer perfeitos? Sabemos que não somos perfeitos, mas que podemos ser! Sabemos que ninguém é perfeito, mas damos o nosso poder para os outros... Não seria mais interessante, buscarmos a perfeição verdadeira, que já existe dentro de nós, arriscando, se divertindo e aprendendo com os erros, se alegrando e se apropriando dos acertos, amadurecendo um pouco mais a cada dia, do que fingirmos perfeição, em busca da aprovação alheia?

Precisamos sempre buscar novos conhecimentos teóricos, estudar e aprender os conceitos sublimes que Jesus nos deixou, mas também precisamos praticar o que aprendermos, nos transformar, através do amor incondicional por nós mesmos, nos olhando internamente, exatamente como olhamos para uma criança que está aprendendo a andar, sabemos que ela vai cair, mas nos divertimos e nos alegramos com a evolução da firmeza de seus passinhos, bem como nos alegramos com a segurança, cada vez maior, em se manter em pé. Cantamos ao balanço dos seus primeiros passos, admirando a simples beleza do caminhar... Tudo isso com muito carinho e cuidado para que ela não se machuque. Faça isso consigo mesmo, se ame, se cuide, se ampare, se diverta com suas quedas, aprendendo a melhor forma de fazer, e mais do que tudo, valorize-se pelo aumento de sua segurança, e por qualquer conquista, por mais ínfima que seja, e você verá o seu medo esvair-se, tornando-se uma pessoa mais feliz e mais equilibrada, de bem com a vida, de bem com você mesmo e com muito maior possibilidade de estar aberto para amar ao próximo. Somente damos aquilo que temos, como conseguiremos amar ao próximo, se nem ao menos, conseguimos nos amar? Dessa forma, estaremos muito mais seguros para enfrentar as críticas, que certamente virão, porque as pessoas têm medo de mudanças e de atitudes diferentes das esperadas, prepare-se para isso e seja feliz, sem medo algum! Fortaleça-se com amor, aumente a sua autoestima, amadureça, respeite as dificuldades e as diferentes opiniões dos outros, assuma a responsabilidade da sua vida, e você descobrirá um novo mundo a sua frente, aonde você estará em harmonia e equilíbrio para lidar com toda e qualquer adversidade, que são próprias e naturais da vida!

Temos medo da inveja, pois são raros os seres humanos que se contentam em seguir o seu próprio caminho, sem invejar os caminhos dos outros, a inveja é uma doença mortal, que nenhum médico é capaz de curar. A verdade é que somos todos iguais, com os mesmos medos e a mesma vontade de ser feliz, ninguém é melhor do que ninguém, não existem pessoas superiores e inferiores, existem estágios diferentes de evolução, caminhos diversos para se aprender, porque queremos engessar o aprendizado de todos, enquadrando-os em rígidas regras, cheias de preconceito? Temos inúmeros exemplos de fantásticas descobertas científicas, nas quais, seus inventores, tiveram que enfrentar muitas críticas e repressões, e nem por isso ele desistiram, graças à Deus, senão, ainda estaríamos vivendo na idade da pedra, sem usufruirmos de muitos benefícios inventados por eles!

O medo nos tira o raciocínio lógico e, quando sentimos medo por muito tempo, ele provoca muitas doenças físicas. Quando sentimos medo, nosso organismo libera muita adrenalina, um hormônio que coloca todo o corpo em alerta para agir imediatamente, como por exemplo, numa fuga de um assalto, briga, incêndio, causando aceleração dos batimentos cardíacos, quando isso ocorre com muita frequência, adoecemos. O medo reprime nossas emoções e nossos sentimentos em situações de stress muito elevado, então nos travamos, nos paralisamos, recebendo mais adrenalina, como vira um círculo vicioso, nos viciamos, exatamente como uma droga, daí o sucesso dos filmes de suspense e de terror. Precisamos reagir com bom senso e muito respeito ao próximo, mas não podemos nos acomodar, pois a moderação conduz à ruína, tornando-se um vício também. É preciso combater a moderação e a acomodação aos padrões tidos como normais, utilizando-se de armas como a generosidade, o entusiasmo e a força interior. É preciso reagir às regras preconceituosas, e fortalecer, um pouquinho mais a cada dia, a verdadeira força interior, que habita em cada um de nós, respeitando, com muito carinho e amor, nossos desejos mais íntimos!

Você pode superar o medo anormal quando sabe que o poder do seu subconsciente pode mudar os condicionamentos e realizar os desejos acalentados por seu coração. Dedique sua atenção à você e se devote, inteiramente, para se entender e se compreender seus desejos mais íntimos, enfrentando seus medos. Amando-se você domina o medo. Enfrente seus temores, traga-os à luz da razão. Aprenda a sorrir dos seus temores. Esse é o melhor remédio.

Termino esse texto com um famoso provérbio hindu, de autor desconhecido, pois ele ilustra e complementa, com clareza, o que acabei de descrever:

A árvore dos desejos

Um homem estava viajando e, acidentalmente, entrou no paraíso. E, no conceito indiano, o paraíso é cheio de árvores dos desejos. Você simplesmente se senta debaixo delas, deseja qualquer coisa e imediatamente seu desejo é realizado, não há intervalo entre o desejo e sua realização. O homem estava cansado e adormeceu sob uma dessas árvores. Ao despertar, falou:

- “Estou com tanta fome, desejaria poder conseguir alguma comida de algum lugar”. Imediatamente apareceu comida, vinda do nada, uma apetitosa refeição flutuando no ar! Ele estava tão faminto, que nem prestou atenção de onde viera a comida, quando se está com fome, não se é filósofo. Logo começou a comer e estava delicioso... Depois, a fome tendo desaparecido, olhou à sua volta. Estava quase satisfeito. Novo pensamento surgiu em sua mente:

- “Se ao menos pudesse obter algo para beber...” Como não há proibições no paraíso, imediatamente apareceu-lhe uma excelente taça de vinho. Sorvendo o vinho relaxadamente à brisa plácida do paraíso, meditou:

- “O que está acontecendo? O que está havendo? Estarei sonhando, ou espíritos maus e perversos ao redor fazem truque comigo?” Espíritos surgiram. Ferozes, horríveis, nauseantes. O pobre homem começou a tremer. Novo pensamento veio à sua mente:

- “Agora serei assassinado, com certeza...”

E ELE FOI ASSASSINADO!!!

Esta antiga parábola tem um profundo significado: a nossa mente é a própria árvore dos desejos, o que pensamos, mais cedo ou mais tarde, se realiza. Às vezes, o intervalo entre a idealização e a realização é tão grande, que nos esquecemos completamente que, de alguma maneira, “desejamos” o ocorrido, não percebendo a ligação. Contudo, se observarmos detidamente, perceberemos que todos os nossos pensamentos, como medos e receios, estão a determinar a nossa vida, resultando no paraíso ou no inferno, nossa alegria ou nosso tormento. Todos somos “magos”. Todos estamos a fiar e tecer o mundo fantástico onde vivemos, e aqui mesmo somos surpreendidos. A aranha é capturada em sua própria teia.

Ninguém nos tortura, senão nós mesmos. Desde que isto seja compreendido, mudanças para melhor têm lugar. Podemos dar a volta por cima, e transformarmos nosso inferno em paraíso.

Simplesmente é assim. Somos responsáveis, ainda que tentemos nos eximir dessa responsabilidade. Desejo, de coração, que você seja feliz, sem medos! Experimente o prazer de se amar, não se abale com os julgamentos, nem busque aprovações, mas sim, aprecie o seu caminhar lento, porém firme, sempre atento ao seu Eu Interior, preocupando-se com seu autoconhecimento e com sua constante transformação em direção à Luz!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Refletindo sobre o Medo I


A harmonia é o mais frágil tesouro que possuímos, portanto não podemos abrandar a nossa vigilância, pois sem ela, o mal e as trevas se apoderarão facilmente de nossos corações. A ansiedade é a ponte segura para caminharmos em direção ao medo, e este, nos leva à desarmonia certa.

Uma sensação diante de algo que nos ameaça, nos coloca em alerta, e sentimos medo. O medo é um estado de alerta extremamente importante para a sobrevivência humana. Uma pessoa sem medo nenhum pode se expor a situações extremamente perigosas, arriscando a própria vida, sem medir as possíveis consequências trágicas de seus atos. Porém, a maioria dos medos não têm base na realidade.

Apesar de termos uma única certeza na vida, que é o fato de que não vamos durar para sempre, ou seja, iremos nos defrontar com a morte, mais cedo ou mais tarde, não sabemos lidar muito bem com essa informação, e o medo da morte é uma das raízes de vários outros medos. Por termos medo de morrer, desenvolvemos muitos outros medos, como por exemplo, de assalto, de acidente, de bichos, de doenças, do desconhecido, da mudança, porque no fundo, temos medo de que essas situações possam nos levar à morte! Por outro lado, também temos medo de viver, incoerente, não? Porém, se analisarmos nossos medos mais profundos, perceberemos que, ou são baseados no medo da morte, ou no medo de nos soltarmos e sermos livres para viver, pois se assim o fizermos, enfrentaremos vários riscos, que nos levam novamente aos medos: de se arriscar, de se expor, de não ser aceito, de ser criticado, de ser rejeitado, de não ser amado, de ser humilhado, e por aí vai, em uma lista sem fim, mas muito conhecida por todos nós!

Os sentimentos que mais necessitamos compreender para atingirmos a nossa harmonia interior são aqueles que se referem a nós próprios. Precisamos descobrir e entender o que sentimos com relação a nós mesmos, como nos tratamos, como nos respeitamos, como cuidamos de nós, como nos amamos. Infelizmente, a maioria não se conhece, somos estranhos e desconhecidos para nós mesmos. Como podemos estar em harmonia com aquilo que desconhecemos, e, por consequência, não compreendemos? Só a clareza dessa certeza já provoca um profundo medo. Quem sou eu? Temos medo das respostas, e portanto, ficamos reféns das opiniões alheias, que nada mais são, do que julgamentos, e ai que medo, como tememos os julgamentos alheios...

O autoconhecimento é uma viagem fantástica, que nos leva ao conhecimento de nosso Eu Verdadeiro, e é muito gratificante. Porém, seu processo é assustador. Imaginem uma viagem, que vocês definiram como objetivo final, uma linda lagoa azul, deliciosa para se nadar e linda para se observar. Vocês a conheceram por fotos, e por informações de amigos, que lá estiveram. Vocês desejam imensamente conhecer, mas para isso, precisarão se deslocar de seu mundo reconfortante, que lhe é totalmente conhecido. Terão que viajar de avião, mas ai meu Deus, eu tenho medo de avião! Caso superem esse primeiro medo, terão que fazer uma grande caminhada, por trilhas cheias de vegetação cerrada, que, com certeza, tem muitos bichos, entre eles, cobras, muitas cobras, ai meu Deus, eu tenho muito medo de cobras! Suponham que vocês superaram também esse medo, vocês sabem que a lagoa fica no meio de altas e imensas montanhas pedregosas, e que vocês terão que descer por penhascos imensos e escorregadios, ai meu Deus, eu tenho medo de altura, de escorregar, de cair e me machucar, e até posso morrer, ou não conseguir subir depois de volta... Mais alguns medos para serem superados. Se vocês forem muito fortes e corajosos, conseguirão banhar-se na maravilhosa lagoa azul, mas se não... jamais sentirão tal prazer... Pois é, é assim mesmo que acontece com a nossa viagem individual para dentro de nós mesmos... são tantos medos, que desistimos em diversos pontos, diversas vezes, mas se insistirmos e superarmos nossos medos, valerá muito a pena, porque cada um de nós é um ser muito especial e único no Universo, e muito amado por Deus, exatamente como o somos de fato, mas como temos medo de acreditar nisso, perdemos muito tempo, agindo de acordo com padrões culturais, que só nos distanciam, cada vez mais, de nós mesmos...

Precisamos, urgentemente, descobrir o que realmente queremos da vida, e o que, de fato, nos impede de avançarmos em direção aos nossos sonhos mais íntimos de realização e felicidade. Em primeiro lugar, precisamos nos amar e acreditar que somos capazes de sermos amados, pois temos muitas qualidades e temos um imenso desejo em eliminar nossos defeitos. Precisamos nos valorizar, porque o pior medo que possuímos, é o de que as pessoas descubram quão feio e imperfeitos somos, e esse é um sentimento de inferioridade, que nos faz muito mal. Quando nos sentimos inferiores é porque não descobrimos o nosso valor real. Estamos sempre amargurados pelos nossos deslizes e por nossas falhas, não nos preocupando em valorizar nossas qualidades e o nosso progresso constante, pois apesar dos erros que cometemos, também realizamos muitas coisas boas e efetivamos muitas melhoras em nosso espírito, ainda que imperceptível aos olhos alheios, nós conhecemos muito bem, o nosso esforço hercúleo, em mudarmos aspectos que não gostamos em nós. As verdadeiras batalhas são internas, por que buscamos a aprovação externa? Nós mesmos temos que valorizar cada conquista que obtivemos, senão ficará muito mais difícil, continuar a nossa evolução. Por exemplo, quando desejamos mudar um hábito ruim, seja ele qual for, sabemos muito bem, quantas vezes conseguimos fazer diferente, mas por ser um hábito, enraizado em nosso cotidiano, fatalmente iremos cometer deslizes, e esses serão muito visíveis aos olhares externos, mas a nossa luta íntima, as nossas muitas vitórias passarão totalmente despercebidas pelos outros, então por que damos mais importância ao julgamento alheio, do que a nossa própria análise, muito mais fidedigna de nossos progressos? Simplesmente porque estamos muito mais preocupados com os outros, do que conosco mesmo, triste, não?

Infelizmente os julgamentos continuarão acontecendo, pois vivemos num mundo de provas e expiações, em franca transformação, é verdade, mas ainda há um longo caminho a percorrer, logo, convivemos com pessoas que vivem o mesmo sentimento de inferioridade a que estamos presos, além do que, estamos todos conectados e, mais ou menos, nos mesmos níveis de evolução. A diferença entre todos é exatamente o invisível para todos, os conflitos e as batalhas internas, então por que nos preocuparmos com o processo dos outros, mais do que com o nosso próprio, ou o que é pior, nos preocuparmos com os julgamentos dos outros? Não temos poder sobre as outras pessoas, então não conseguimos alterar o que vai na cabeça delas, mas podemos sim, escolher e decidir as nossas ações e atitudes. Posso, por exemplo, escolher entre sentir culpa, ou valorizar meus pequenos grandes esforços. Quando não nos amamos, os julgamentos alheios nos algemam e nos impedem de continuarmos com nossos sonhos, além de exterminar nossas nobres intenções de mudanças.

Não há como evoluirmos e não há como praticarmos nossas pequenas transformações de defeitos para virtudes, sem convivermos com outras pessoas, pois é no convívio que os defeitos surgem, e é no próprio convívio, que fazemos escolhas diferentes e agimos no sentido de nos aperfeiçoarmos. Como não podemos ficar a mercê dos julgamentos alheios, temos que fortalecer nosso amor por nós mesmos, portanto não podemos permitir que os outros ultrapassem os limites da nossa intimidade, já que, somente nós podemos compreender a nossa subjetividade, a nossa complexidade interior. Perceberam a confusão na qual estamos metidos? Por um lado nos sentimos inferiores, e por outro lado, somos rodeados por juízes algozes, é óbvio que o medo se desenvolverá em nossos corações, pois nos sentimos totalmente perdidos e sozinhos, rejeitados e não amados, por isso é imprescindível alterarmos esse cenário, introduzindo muito amor, especialmente por nós mesmos!

Vivemos numa cultura de possessividade e submissão nas relações. Não devolvemos ao outro a responsabilidade de suas escolhas na busca de seus caminhos, quando ele nos pede uma opinião, nós damos! Afinal, nós somos legais! Mais que isso, somos sábios e melhores a ponto de podermos ajudar o próximo, coitado, tão incapaz, somos salvadores e superiores, ilusoriamente, por um período, eliminamos o sentimento de inferioridade, que nos martiriza dolorosamente, nos sentimos fortes e poderosos, enfim, eliminamos nosso medo, ficamos ousados e corajosos! Triste ilusão, pois é muito fácil resolver os problemas alheios, sabemos muito bem, que exatamente os mesmos problemas, quando chegam em nossas próprias vidas, são muito mais complexos, e a solução não aparece mais como simples! Mas a ironia pior vem depois... quando nos arvoramos em assumir o papel de sábios, não podemos errar... ai meu Deus, a cobrança interna fica tão intensa, que acreditamos que o mundo todo está percebendo como somos falhos, e a verdade é que está, pois agora é a vez do outro eliminar o sentimento de inferioridade dele, e ele cai matando em cima da gente, duplamente, pois além dele eliminar o sentimento de inferioridade dele, ele se vinga de você, por tê-lo feito se sentir impotente e inferior, já que se há um superior, o outro tem que assumir o papel de inferior... Está fazendo sentido para vocês? Mas ainda não acabou... quando damos pitaco na vida dos outros, ainda que solicitado por eles mesmos, abrimos espaço e damos liberdade para que o outro faça o mesmo com a gente... ou seja, é um círculo vicioso, muito pernicioso, e seria sem fim, se algumas pessoas não se preocupassem em se amar e em cuidar da sua própria vida, porém, infelizmente, não é o caso da maioria...

A verdade é que devemos buscar as saídas, de toda e qualquer situação, dentro de nós mesmos, e permitir aos outros que façam o mesmo. Vivemos dentro de um padrão de certo e errado, e acreditamos nesses padrões de pensamentos como absolutos, e é aí que nos enganamos com muita frequência, pois o que é certo e o que é errado? Todos nós sabemos muito bem, que esses padrões são mutáveis, na história, na ciência, na moda, na política, na cultura, nas diferentes gerações, eu pergunto, por que eles só são imutáveis em nossos conceitos individuais? No mínimo é uma loucura. O problema é que é muito mais confortável termos respostas prontas para nossas angústias e dúvidas, melhor ainda que a orientação venha de fora, porque assim, nos eximimos de responsabilidade. Na verdade, o julgamento passa a ser um conforto, pois ele é conhecido, então nos adaptamos ao modelo de perfeição, para sermos julgados como bonzinhos, e assim, nos afastamos cada vez mais, de nosso verdadeiro eu... muito trite, não? Deixamos nossos ideais pessoais, nossos sonhos, nossos sentimentos, completamente enterrados dentro de nós, de tal forma, que às vezes, nem conseguimos mais identificar o que de fato desejamos, e tudo isso para nos acomodarmos nos moldes culturais pré-determinados, por puro medo de errar, e de ser rejeitado, e de não ser amado, quando temos o amor mais importante dentro de nós mesmos, o amor de Nosso Pai Maior e o nosso amor próprio. Como os outros estão, mais ou menos, na mesma luta interna, acabamos por ficar solitários e infelizes, segurando um pires, onde possa ser depositado um pouco de amor para nós, e cada vez mais frustrados, por vivermos inseguros e com medo de tudo, sem nem ao menos, detectarmos o por quê, portanto, sem chances de retomar o rumo de nossas vidas.

Liberdade requer autonomia, autonomia requer responsabilidade, e responsabilidade assusta, dá medo. Portanto, queremos ser livres, mas temos medo de o ser, e assim vamos jogando o joguinho do faz de conta, na vã tentativa de evitarmos o medo, e, ironicamente, com medo de sermos descobertos. Vale a pena? Importante refletirmos sobre nossos medos, através dessa ótica, mas existem outros mecanismos, que abordarei no próximo texto.