sexta-feira, 28 de março de 2008

IFÁ

Ifá é a divindade da adivinhação. Não é um Orixá. É um ser intermediário entre os Orixás e os homens. Ifá, entretanto, por trazer aos homens o conselho dos deuses, situa-se numa posição importante. Assim, antes de qualquer empreendimento, de ordem bélica, religiosa ou profana, Ifá ou Fá era consultado.

Na Umbanda, pelo sincretismo, a personalidade mítica do oráculo Nagô Ifá está sendo aproximada do Divino Espírito Santo. Enquanto primitivo oráculo dos Orixás, Ifá não pode ser considerado com divino, no entanto, a sua homologação ao Divino Espírito Santo o está colocando em nível próximo do Divino.

Ifá está assumindo apenas aspectos superficiais da Pessoa do Divino Espírito Santo, através dos símbolos. A personalidade mítica de Ifá se esvaziou, perdendo o conteúdo africano, sem ter adquirido um novo, já que o conceito teológico do Divino Espírito Santo, que serviria de nova roupagem à Ifá, é desconhecido.

Para os umbandistas, Ifá é tido como a estrela que guiou os Magos ao encontro de Jesus recém-nascido, a Pomba - verdadeiro símbolo do Divino espírito Santo. Ifá é considerado como elemento de ligação mágica entre Zambi / Deus e Oxalá / Jesus. A aproximação entre Ifá e o Divino Espírito Santo é ainda puramente conceitual, não se inserindo nas práticas rituais, nem nas letras dos pontos cantados.

O nome de Ifá permanece ligado à prática do jogo advinhatório com os búzios. A fenomenologia do seu sincretismo com o Divino espírito Santo é lacunosa e as etapas de seu processo sincrético desconhecidos. Ifá alçado a posição de terceira pessoa de uma trindade superior, paralela à Trindade Cristã, por ser mal conhecido, se encontra em posição imprecisa e vaga, razão pela qual, não foi assumido no culto, na posição correspondente à que deveria ocupar, daí não ser louvado no início das giras, como sucede com Oxalá.

Lenda - "Ifá era muito pobre e vivia da pesca. Então fez um trato com Legbá - o mensageiro celeste. Ele pediu que Exú lhe arranjasse riqueza e em troca ele seria à Exú como escravo por 16 anos. Exú, muito ladino, conhecedor das artes advinhatórias, ficou feliz em ter a companhia de Ifá. E aos poucos foi ensinando-lhe os segredos do futuro. Usava para ensinar a Ifá uns coquinhos de dendê. Mas, Ifá aprendeu tanto, que já não tinha vontade, nem tempo para limpar a casa de Exú. Um dia apareceu uma bela mulher na casa de Exú. Era Apetebi, e pediu para ajudar a arrumar a casa do Compadre. E aos poucos foi aprendendo a arte da adivinhação. Apetebi só se vestia de dourado e quando passava deixava um rastro de perfume. Ela não era outra se não Oxum. Oxum foi ensinada por lfá através do jogo com 16 coquinhos de dendê. E tanto aprendeu que Exú passou a responder a todas as perguntas da Yabá Menina".

quinta-feira, 27 de março de 2008

Linha da Água

Os espíritos elementais, que não são humanos nem da categoria dos orixás, ocupam o ar (SILFO), a água (NINFAS), o fogo (SALAMANDRAS) e a terra (GNOMOS). No mundo inteiro, onde quer ssque encontre um rio, um lago, um trecho de mar, o povo julga ver ninfas, sereias ou nereidas. É uma crença universalmente espalhada.
A Umbanda possui também suas entidades aquáticas. Não são espíritos elementais, como os citados, mas verdadeiros ORIXÁS. Na mitologia Nagô, por exemplo, OBÁ é a divindade do rio OBÀ; NANÃ é a mais velha das mães d'água; YANSAN é o orixá do rio NÍGER; OXUN do rio OXÚN; finalmente YEMANJÁ, a poderosa YEMANJÁ é o orixá do mar e da água doce.
Em muitos pontos do Brasil, houve o cruzamento de indígenas com africanos. Essa mistura de raças deu como resultado um interessante sincretismo religioso, que se torna mais evidente na parte relativa às entidades aquáticas. A YARA, por exemplo, foi adotada pelos umbandistas, porque a sua função espiritual é semelhante à de YEMANJÁ.

A linha da água, nas giras de Umbanda, geralmente se manifesta para purificar e energizar os filhos de santo, nem como a assistência. Sua manifestação é rápida. Não falam, e em suas danças sempre se movimentam com gestos que representam seus domínios.

A incorporação de Yemanjá, é bastante serena, e sempre movimentam os braços lentamente como se estivessem abrindo caminho entre as ondas do mar. Ao contrário de Iansã, que como uma grande ventania é agitada e sempre movimenta os braços para cima, expulsando os eguns.

A linha d'água ainda traz Oxum e Nanã. Oxum das cachoeiras e lagos, e Nanã Boruquê das águas lodosas e barrentas. A linha d'água representa o ciclo da renovação.

Essas entidades, como as águas, levam as energias negativas, e nos devolvem fôlego renovado e purificado. Por isso, quando fizer alguma oferenda no mar, lembre-se: O mar leva, mas também trás, portanto se quiser receber flores, antes de mandá-las ao mar, tire os espinhos.

segunda-feira, 24 de março de 2008

PATUÁ

O Patuá é um objeto consagrado que traz em si o Aché, a força mágica do Orixá, do Santo católico ou Guia de Luz, à quem ele é consagrado.

O uso do Talismã se perde na origem do tempo e confunde-se com a própria história do homem. Era comum o pedido de Patuá por parte dos simpatizantes e, até mesmo por aqueles que temiam o culto afro, para neutralizar os trabalhos de magia negra.

Entre os católicos já era hábito usar um fragmento de qualquer objeto que houvesse pertencido a um Santo, ou a um papa, até mesmo fragmento de ossos de um mártir, ou lascas de uma suposta cruz que teria sido a de Cristo. Até mesmo terra era trazida pelos cruzados que voltavam da Terra Santa, e que utilizavam nos relicários, considerados poderosos amuletos, que deveriam atrair bons fluidos e proteger dos azares. Estes eram chamados de relicários.

O nome de relicário tem origem do latim: relicare - religar, que acabou formando a palavra relíquia.

Logo, o clero percebeu que não poderia impedir o uso dos pátuas pelos negros que os tiravam antes de entrar na igreja, mas voltavam a usá-lo ao afastar-se dela. Decidiram então, substituir o patuá africano, o autêntico, que trazia trechos do alcorão, por outro que trazia orações católicas, medalhas sagradas, agnus dei, uma espécie de medalha com o formato de coração, que abre-se ao meio e encontram-se as figuras de Jesus e Maria, ou ainda, símbolos da igreja tradicional.

Com a formação dos primeiros templos de Umbanda, a possibilidade de um contato mais estreito com diversas Entidades Espirituais, as pessoas que buscavam proteção, começaram a encontrar nesses objetos sagrados, um apoio em algo material, que continha a força mágica vibratória da Entidade que a trabalhara, e que o crente poderia ter sempre consigo. A partir daí, as Entidades de Luz passaram a orientar sua elaboração, indicando quais os objetos que seriam incluídos na confecção do patuá, e como se deveria proceder com elas, para que recebessem o seu Aché, isto é, a Força Mágica.

Os ingredientes mais utilizados para a confecção dos Patuás são as Figas de Guiné, Cavalos Marinhos, Olhos de Lobo (raros e caros), Estrela de Salomão, Estrela da Guia, Cruz de Caravaca, Couro de Lobo, Pelo de Lobo, Santo Antonio de Guiné, Pontos diversos, Orações, Sementes variadas, Imãs, etc.

Não nos esqueçamos que essas coisas singelas não têm nenhum valor se não forem preparadas pelas entidades incorporantes, pois somente elas podem dar o Aché do Patuá.