sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Linha dos Exús - Parte I


Sinto muita responsabilidade, para falar sobre esses amigos espirituais, tão iluminados e tão preconceituosamente vistos. Há muito engano a respeito deles, e eu gostaria de, não apenas passar conhecimento sobre eles, como conseguir esclarecer sobre o verdadeiro papel desses seres iluminados, que trabalham dentro dos conceitos da caridade e do amor, que tanto pregou Jesus!

Divido em dois capítulos, pois há muito para ser dito, e eu, com certeza, não conseguirei passar tudo, mas se conseguir levantar a dúvida, já estou feliz, e se provocar a vontade de buscar mais verdade sobre eles, me sentirei realizada!

Exu é um dos grandes pontos de conflito na UMBANDA com relação a outras religiões, por falta de entendimento, pela ignorância e pelo preconceito.

Muitos acreditam que nossos amigos Exus são Demônios, maus, ruins, perversos, que bebem sangue e se regozijam com as desgraças que podem provocar.

Exu é um Orixá africano, é o orixá da comunicação. É o guardião das aldeias, cidades, casas e do axé, das coisas que são feitas e do comportamento humano.

Na África na época das colonizações Exu foi, no sincretismo, erroneamente confundido com o diabo cristão pelos colonizadores, devido ao seu estilo irreverente, brincalhão e a forma como é representado no culto africano, um falo humano ereto, simbolizando a fertilidade. Por ser provocador, indecente, astucioso e sensual é comumente confundido com a figura de Satanás, o que é um absurdo, pois ele não está em oposição a Deus, muito menos é uma personificação do Mal.

É necessário entender que o sincretismo afro-católico foi imposto num processo de aculturação dos Negros pelos padres Católicos como já explicado em outros textos. Os Orixás foram associados aos Santos Católicos, inclusive Exu, que é representado por Santo Antônio (Santo Antônio de Pemba, Santo Antônio de Ouro Fino, etc.).

No Brasil Exu foi considerado como o diabo: irascível, gosta de suscitar disputas, de provocar acidentes. É astucioso e grosseiro, vaidoso e indecente, daí a assimilação com o diabo pelos primeiros missionários que, assustados, dele fizeram o símbolo da maldade e do ódio. Porém "(...)nem completamente mau, nem completamente bom(...)", na visão de Pierre Verger no texto de sua autoria "Iniciação" - contido no documentário "Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia", Exu reage favoravelmente quando tratado convenientemente.

Os Exus são confundidos com os Kiumbas, que são espíritos trevosos ou obssessores, são espíritos que se encontram desajustados perante à Lei, provocando os mais variados distúrbios morais e mentais nas pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. São espíritos que se comprazem na prática do mal, apenas por sentirem prazer ou por vinganças, calcadas no ódio doentio. Aguardando, enfim, que a Lei os "recupere" da melhor maneira possível (voluntária ou involuntariamente). Vivem no baixo astral, onde as vibrações energéticas são densas. Este baixo astral é uma enorme "egrégora" formada pelos maus pensamentos e atitudes dos espíritos encarnados ou desencarnados. Sentimentos baixos, vãs paixões, ódios, rancores, raivas, vinganças, sensualidade desenfreada, vícios de toda estirpe, alimentam esta faixa vibracional e os Kiumbas se comprazem nisso, já que se sentem mais fortalecidos.

Os Negros africanos em suas danças nas senzalas, nas quais os brancos achavam que eram a forma deles saudarem os Santos, incorporavam alguns Os Exus, com seu brado, e seu jeito maroto e extrovertido assustavam os brancos que se afastavam ou agrediam os Negros escravos dizendo que eles estavam possuídos por Demônios. Com o passar do tempo, os brancos tomaram conhecimento dos sacrifícios que os Negros ofereciam a Exu, o que reafirmou sua Hipótese de que essa forma de incorporação era devido a Demônios.

O verdadeiro Exu não faz mal a ninguém, mas devolve o mal para quem o merece e quem realmente é mau. Este recebe o mau de volta através da força dele. Ele devolve, às vezes até com mais intensidade os trabalhos malignos que alguns fizeram contra outros. Porém, sempre com a permissão do Pai Maior. Alguns Exus são espíritos evoluídos que escolheram ajudar e continuar sua evolução atendendo e orientando as pessoas, e combatendo o mal.

Em seus trabalhos de magia, Exu corta demandas, desfaz trabalhos malignos, feitiços e magia negra, feitos por espíritos obscuros, sem luz (Kiumbas). Ajudam a limpar, retirando os espíritos obssessores e os encaminhando para luz ou para onde possam cumprir suas penas, em outros lugares do astral inferior.

Alguns comerciantes inescrupulosos ou, simplesmente, ignorantes, criaram imagens de Exus como diabos, cada vez mais estranhos e aterradores, com chifres, rabos, partes de animais, etc., construindo no imaginário de muitos médiuns e da população Brasileira, o preconceito de Exu como o Diabo, Exu como Satanás, enfim Exu como Coisa Ruim. Hoje em dia as casas de Umbanda, pelos estudos, pelo conhecimento e pela orientação dos reais Exus, estão abolindo essas imagens e condenando seu uso. Assim como, recriminando médiuns e supostas entidades que se manifestam dessa maneira dentro dos Centros. Porém, o mal foi feito, o preconceito atingiu o psiquê das mentes mais fracas e, muitas vezes, vemos em certos canais de televisão que fazem programas religiosos, a invocação dessas aberrações e a indevida associação aos Exus de Umbanda. O que podemos dizer é que quem invoca a Deus, Deus o tem e quem invoca do diabo, o diabo o tem.

A Doutrina Espírita trata-os como espíritos imperfeitos, almas dos homens que, por terem cometido crimes perante a Lei Divina, são submetidos a difíceis provas, cujo único objetivo é o de que possam compreender a extensão do mal que praticaram em outras vidas.

Existem entidades que se dizem Exu e que fazem somente o mau em troca de presentes aos seus médiuns ou por grandes e custosas obrigações, serviços. Exu que é Exu, não faz mal, a não ser com quem merece e, além disso, quando ajuda a uma pessoa, não pede nada em troca, esperando que a pessoa tome juízo, se comporte bem na vida, acredite em Deus e tenha fé.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Linha dos Boiadeiros e dos Marinheiros









Linha dos Boiadeiros

Boiadeiro na Umbanda são entidades espirituais de homens que trabalharam no campo na rudeza da condução do gado, operam nos terreiros com seu laço e seu grito característico capturando espíritos decaídos e kiumbas que atormentam os consulentes, encaminhando para guias espirituais de socorros destes seres desencarnados.

Uma das giras mais antigas dentro da Umbanda é a dos nossos queridos Boiadeiros. Uma manifestação de espíritos daqueles que foram muito acostumados à terra de chão e tocavam o gado pelas estradas do interior de nosso País, em condições muito difíceis, mas que nunca abalou a adoração desse povo pela lida no campo.

Os Boiadeiros vêm dentro da corrente de Oxossi, dos Caboclos. Eles são entidades que representam a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, "o caboclo sertanejo". São os Vaqueiros, Boiadeiros, Laçadores, Peões, Tocadores de Viola. O mestiço, filho de branco com índio, índio com negro e assim vai.

Os Boiadeiros, de um modo geral, utilizam chapéus de vaqueiros, laços de corda e chicotes de couro, são ágeis e costumam chegar aos terreiros com sua mão direita levantada, girando, como se estivesse laçando, como se ainda estivessem tocando seu rebanho. Com seus chicotes e laços vão quebrando as energias negativas e descarregando os médiuns, o terreiro e as pessoas da assistência.

Sofreram preconceitos, como os "sem raça", sem definição de sua origem. Ganhando a terra do sertão com seu trabalho e luta, mas respeitando a natureza e aprendendo, um pouco com o índio: através de suas ervas, plantas e curas. Um pouco do negro: seus Orixás, mirongas e feitiços, e um pouco do branco: sua religião (posteriormente misturada com a do índio e a do negro - sincretismo) e sua língua, entre outras coisas. Os Boiadeiros representam a própria essência da miscigenação do povo brasileiro: nossos costumes, crendices, superstições e fé.

A magia de sua gira é inconfundível, as histórias que trazem na bagagem são tão fascinantes como importantes no exemplo que nos exprimem. Um Boiadeiro traz consigo as lições de um tempo onde o respeito aos mais velhos e a natureza, a família e aos animais, enfim, a boa educação e bons costumes. Tudo isto fazia muito mais diferença antigamente, do que nos dias de hoje.

Em grande parte, o trabalho dos Boiadeiros ''e no descarrego e no preparo dos médiuns. Os fortalecendo dentro da mediunidade, abrindo a portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes protetores, como os Exus.

Da mesma maneira que os Pretos Velhos representam a humildade, os Boiadeiros representam a liberdade e a determinação que existe no homem do campo e a sua necessidade de conviver com a natureza e os animais, sempre de maneira simples, mas com uma força e fé muito grande.

Linha dos Marinheiros

Marinheiros na Umbanda são entidades geralmente associadas aos marujos, que em vida empreendiam viagens pelos mares, enfrentando toda sorte de infortúnios. São homens e mulheres que navegaram e se relacionaram com o mar. Que descobriram ilhas, continentes, novos mundos. Enfrentaram o ambiente de calmaria ou de mares tortuosos, em tempos de grande paz ou de penosas guerras.

Os Marinheiros trabalham na linha de Iemanjá e Oxum (povo da água) e trazem uma mensagem de esperança e muita força, nos dizendo que se pode lutar e desbravar o desconhecido, do nosso interior ou do mundo que nos rodeia se tivermos fé, confiança e trabalho unido, em grupo.

Ótimos guias para desmanche de feitiçaria, os marinheiros trazem com seu jeito alegre a dispersão de fluidos oriundos do baixo astral. Tomam cerveja, rum ou cachaça, e apesar de seu modo cambaleante, estão mantendo o equilíbrio encimando ondas vibratórias densas que emanam de entidades maléficas, são entidades irmanadas no auxilio mútuo ao próximo.

Seu trabalho é realizado em descarregos, consultas, passes, no desenvolvimento dos médiuns e em outros trabalhos que possam envolver demandas. Trabalham com curas e demandas, assim como os baianos. A gira de marinheiro é bem alegre e descontraída. Eles são sorridentes e animados, não tem tempo ruim para esta falange. Parece uma grande festa, pela sua alegria e descontração, mas também, existe um grande compromisso e responsabilidade no trabalho que é feito.

Com palavras macias e diretas eles entram bem fundo na alma dos consulentes e em seus problemas. Em seus trabalhos são sinceros e ligeiramente românticos, sentimentais e muito amigos. Gostam de ajudar àqueles e àquelas que estão com problemas amorosos ou em procura de alguém, de um "porto seguro".

terça-feira, 7 de agosto de 2007

LINHA DOS CIGANOS - PARTE II


Apesar de difícil, é necessário também, falarmos um pouco da origem deste povo. O fato do Povo Cigano não ter, até os dias atuais, uma linguagem escrita, fica quase impossível definir sua verdadeira origem. Portanto, tudo o que se disser a respeito de sua origem está largamente baseado em conjecturas, similaridades ou suposições.

A hipótese mais aceita é que o Povo Cigano teve seu berço na civilização da Índia antiga, num tempo que também se supõe, como muito antigo, talvez dois ou três milênios antes de Cristo. Compara-se o sânscrito, que era escrito e falado na Índia (um dos mais antigos idiomas do mundo), com o idioma falado pelos ciganos e encontraram um sem-número de palavras com o mesmo significado. E assim, os Ciganos são chamados de "povos das estrelas" e dizem que apareceram há mais de 3.000 anos, ao Norte da Índia, na região de Gujaratna localizada margem direita do Rio Send e de onde foram expulsos por invasores árabes.

Outros pontos também colaboram para que esta hipótese seja reforçada, como a tez morena comum aos hindus e ciganos, o gosto por roupas vistosas e coloridas, e princípios religiosos como a crença na reencarnação e na existência de um Deus Pai e Absoluto. E com respeito à suas crenças, tanto para os hindus como para os ciganos, a religiosidade é muito forte e norteia muito de seu comportamento, impondo normas e fundamentos importantes, que devem ser respeitados e obedecidos.

As pessoas Roma (Rom, na forma singular), juntamente com os Sintos e os Calon ou Calé são designados vulgarmente por Ciganos. Os Roma são popularmente estereotipados como possuidores de poderes psíquicos, como a faculdade de "prever o futuro". A invenção do tarô lhes é creditada. Algo que logo se liga os ciganos é ao nomadismo, esta mobilidade ininterrupta deles é também uma fuga à padronização que está sujeito o homem e a segurança de nunca se perder os traços de sua cultura.

Acredita-se que os roma se originaram nas regiões de Punjab e Rajasthan do subcontinente indiano. Eles iniciaram sua migração à Europa e África do Norte pelo platô iraniano por volta de 1050. Até meados do século XVIII, teorias da origem dos roma se limitavam a especulações. Então, em 1782, Johann Christian Cristoph Rüdiger publicou sua pesquisa que apontava a relação entre o romanês e hindustani. Trabalhos seguintes deram apoio à hipótese que o romanês possuía a mesma origem das línguas indo-arianas do norte da Índia.

Há uma lenda cigana, passada por gerações e gerações, que diz que o povo cigano foi guiado por um rei no passado e que se instalaram em uma cidade da Índia chamada Sind onde eram muito felizes. Mas em um conflito, os muçulmanos os expulsaram , destruindo toda a cidade. Desde então foram obrigados a vagar de uma nação a outra.

O caráter misterioso dos ciganos deixou uma profunda impressão na sociedade medieval. Porém, a curiosidade se transformou em hostilidade, devido aos hábitos de vida muito diferentes daqueles que tinham as populações sedentárias. A presença de bandos de ex-militares e de mendigos entre os ciganos contribuiu para piorar sua imagem. Além disso, as possibilidades de assentamento eram escassas, pois a única possibilidade de sobrevivência consistia em viver às margens das sociedades. Os preconceitos já existentes eram reforçados pelo convencimento difundido na Europa que a pele escura fosse sinal de inferioridade e de malvadeza.

A oposição aos ciganos se delineou também nas corporações, que tendiam a excluir concorrentes no artesanato, sobretudo no âmbito do trabalho com metais. O clima de suspeitas e preconceitos se percebe na criação de lendas e provérbios tendendo a por os ciganos sob mau conceito, a ponto de recorrer-se à Bíblia para considerá-los descendentes de Caim, e portanto, malditos (Gênesis 9:25).

Na espiritualidade, os Espíritos Ciganos são também, uma linha de trabalhos espirituais que busca seu espaço próprio, pela força que demonstram em termos de caridade e serviços a humanidade. Seus préstimos são valiosas contribuições no campo do bem-estar pessoal e social, saúde, equilíbrio físico, mental e espiritual, e tem seu alicerce em entidades conhecidas popularmente com "encantadas".

São entidades que há pouco tempo ganharam força dentro dos rituais da Umbanda. No começo, eles eram confundidos com entidades espirituais que vinham na linha dos Exus, tal confusão se dava por algumas ciganas se apresentarem como Cigana das Almas, Cigana do Cruzeiro ou nomes semelhantes a esses utilizados por Exus e Pombas-Gira. Hoje, o culto está mais difundido, se sabe e se conhece mais coisas sobre essas entidades, chegando algumas casas a terem um ou mais dias específicos para o culto aos espíritos ciganos.

Não tem na Umbanda o seu alicerce espiritual, se apresentam também em rituais do tipo mesa branca, Kardecistas e em outros rituais específicos de culto à natureza e todos os seus elementos, por terem herdado de seu povo, o cigano, o amor incondicional à proteção da natureza. Eles encontraram na Umbanda um lugar quase ideal para suas práticas por uma necessidade lógica de trabalho e caridade.

Dentro da Umbanda seus fundamentos são simples, não possuindo assentamentos ou ferramentas para centralização da força espiritual. São cultuados em geral com imagens bem simples, com taças com vinho ou com água, doces finos e frutas solares. Trabalham também com as energias do Oriente, com cristais, incensos, pedras energéticas, com as cores, com os quatro sagrados elementos da natureza e se utilizam exclusivamente de magia branca natural, como banhos e chás elaborados exclusivamente com ervas.

Diferentemente do que pensamos e aprendemos, raramente são incorporadas, preferindo trabalhar encostadas. São entidades que trabalham na direita, e quando há necessidade de realizarem qualquer trabalho na esquerda, são elas que comandam as entidades ciganas que trabalham para este fim, por isso, não precisam de assentamentos. Por isso tudo fica evidenciado que são entidades que trabalham exclusivamente para o bem.

Os ciganos em geral, têm seus rituais específicos e cultuam muito a natureza, os astros e ancestrais. A santa protetora do povo cigano é "Santa Sara Cali". Ela é sua orientadora para o bom andamento das missões espirituais. Não devemos confundir tal fato com Sincretismos, pois Santa Sarah é tida como orientadora espiritual e não como patrona ou imagem de algum sincretismo.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Linha dos Ciganos - Parte I


Esta linha de trabalhos espirituais já é muito antiga dentro da Umbanda. As falanges ciganas juntamente com as falanges orientais têm uma importância muito elevada, sendo cultuadas por todo um seguimento espírita e que se explica por suas próprias razões, elegendo a prioridade de trabalho dentro da ordem natural das coisas em suas próprias tendências e especialidades. Assim, numerosas correntes ciganas estão a serviço do mundo imaterial e carregam como seus sustentadores e dirigentes aqueles espíritos mais evoluídos e antigos dentro da ordem de aprendizado, confundindo-se muitas vezes pela repetição dos nomes comuns apresentados para melhor reconhecimento, preservando os costumes como forma de trabalho e respeito.

A argumentação de que espíritos ciganos não deveriam falar por não ciganos ou por médiuns não ciganos e que se assim o fizessem deveriam fazê-lo no idioma próprio de seu povo, é totalmente descabida e está em desarranjo total com os ensinamentos da espiritualidade sua doutrina evangélica, até as impossíveis limitações que se pretende implantar com essa afirmação na evolução do espírito humano e na lei de causa e efeito, pretendendo alterar a obra divina do Criador e da justiça divina como se possível fosse, pretendendo questionar os desígnios da criação e carregar para o universo espiritual nossas diminutas limitações e desinformação, fato que nos levaria a inviabilização doutrinária. Bem como a eleger nossa estada na Terra como mera passagem e de grande prepotência discriminatória, destituindo, lamentavelmente, a legitimidade das obras divinas.

Entretanto, mantêm-se as falanges ciganas, tanto quanto todas as outras, organizadas dentro dos quadros ocidentais e dos mistérios que não nos é possível relatar. Obras existem, que dão conta de suas atuações dentro de seu plano de trabalho, chegando mesmo a divulgar passagens de suas encarnações terrenas. Agem no plano da saúde, do amor e do conhecimento, suportam princípios magísticos e tem um tratamento todo especial e diferenciado de outras correntes e falanges.

Ao contrário do que se pensam os espíritos ciganos reinam em suas correntes preferencialmente dentro do plano da luz e positivo, não trabalhando a serviço do mau e trazendo uma contribuição inesgotável aos homens e aos seus pares, claro que dentro do critério de merecimento, tanto quanto qualquer outro espírito, teremos aqueles que não agem dentro desse contexto e se encontram espalhados pela escuridão e a seus serviços, por não serem diferentes de nenhum outro espírito humano.

Trabalham preferencialmente na vibração da direita e aqueles que trabalham na vibração da esquerda, não são os mesmo espíritos de ex ciganos, que mantêm-se na direita, como não poderia deixar de ser, e, ostentam a condição de Guardiões e Guardiãs. O que existe são os Exus Ciganos e as Moças Ciganas, que são verdadeiros Guardiões à serviço da luz nas trevas, como todo Guardião e Guardiã dentro de seus reinos de atuação, cada um com seu próprio nome de identificação dentro do nome de força coletivo, trabalhando na atuação do plano negativo à serviço da justiça divina, com suas falanges e trabalhadores, levando seus nomes de mistérios coletivos e individuais de identificação, assunto este que levaria uma obra inteira para se abordar e não se esgotaria.

Contudo, encontramos no plano positivo falanges diversas chefiadas por ciganos diversos em planos de atuação diversos, porém, o tratamento religioso não se difere muito e se mantêm dentro de algumas características gerais. Imenso é o número de espíritos ciganos que alcançaram lugar de destaque no plano espiritual e são responsáveis pela regência e atuação em mistérios do plano de luz e seus serviços, carregando a mística de seu povo como característica e identificação.

Os espíritos ciganos gostam muito de festas e todas elas devem acontecer com bastante fruta, todas que não levem espinhos de qualquer espécie, podendo se encher jarras de vinho tinto com um pouco de mel. Podendo ainda fatiar pães do tipo broa, passando em um de seus lados molho de tomate com algumas pitadas de sal e levá-los ao forno, por alguns minutos, muitas flores silvestres, rosas, velas de todas as cores e se possível incenso de lótus. Trabalham com seus encantamentos e magias olhando por dentro das pessoas e dos seus olhos.

Fonte: "Rituais e Mistérios do Povo Cigano" de Nelson Pires Filho - Ed. Madras