terça-feira, 7 de agosto de 2007

LINHA DOS CIGANOS - PARTE II


Apesar de difícil, é necessário também, falarmos um pouco da origem deste povo. O fato do Povo Cigano não ter, até os dias atuais, uma linguagem escrita, fica quase impossível definir sua verdadeira origem. Portanto, tudo o que se disser a respeito de sua origem está largamente baseado em conjecturas, similaridades ou suposições.

A hipótese mais aceita é que o Povo Cigano teve seu berço na civilização da Índia antiga, num tempo que também se supõe, como muito antigo, talvez dois ou três milênios antes de Cristo. Compara-se o sânscrito, que era escrito e falado na Índia (um dos mais antigos idiomas do mundo), com o idioma falado pelos ciganos e encontraram um sem-número de palavras com o mesmo significado. E assim, os Ciganos são chamados de "povos das estrelas" e dizem que apareceram há mais de 3.000 anos, ao Norte da Índia, na região de Gujaratna localizada margem direita do Rio Send e de onde foram expulsos por invasores árabes.

Outros pontos também colaboram para que esta hipótese seja reforçada, como a tez morena comum aos hindus e ciganos, o gosto por roupas vistosas e coloridas, e princípios religiosos como a crença na reencarnação e na existência de um Deus Pai e Absoluto. E com respeito à suas crenças, tanto para os hindus como para os ciganos, a religiosidade é muito forte e norteia muito de seu comportamento, impondo normas e fundamentos importantes, que devem ser respeitados e obedecidos.

As pessoas Roma (Rom, na forma singular), juntamente com os Sintos e os Calon ou Calé são designados vulgarmente por Ciganos. Os Roma são popularmente estereotipados como possuidores de poderes psíquicos, como a faculdade de "prever o futuro". A invenção do tarô lhes é creditada. Algo que logo se liga os ciganos é ao nomadismo, esta mobilidade ininterrupta deles é também uma fuga à padronização que está sujeito o homem e a segurança de nunca se perder os traços de sua cultura.

Acredita-se que os roma se originaram nas regiões de Punjab e Rajasthan do subcontinente indiano. Eles iniciaram sua migração à Europa e África do Norte pelo platô iraniano por volta de 1050. Até meados do século XVIII, teorias da origem dos roma se limitavam a especulações. Então, em 1782, Johann Christian Cristoph Rüdiger publicou sua pesquisa que apontava a relação entre o romanês e hindustani. Trabalhos seguintes deram apoio à hipótese que o romanês possuía a mesma origem das línguas indo-arianas do norte da Índia.

Há uma lenda cigana, passada por gerações e gerações, que diz que o povo cigano foi guiado por um rei no passado e que se instalaram em uma cidade da Índia chamada Sind onde eram muito felizes. Mas em um conflito, os muçulmanos os expulsaram , destruindo toda a cidade. Desde então foram obrigados a vagar de uma nação a outra.

O caráter misterioso dos ciganos deixou uma profunda impressão na sociedade medieval. Porém, a curiosidade se transformou em hostilidade, devido aos hábitos de vida muito diferentes daqueles que tinham as populações sedentárias. A presença de bandos de ex-militares e de mendigos entre os ciganos contribuiu para piorar sua imagem. Além disso, as possibilidades de assentamento eram escassas, pois a única possibilidade de sobrevivência consistia em viver às margens das sociedades. Os preconceitos já existentes eram reforçados pelo convencimento difundido na Europa que a pele escura fosse sinal de inferioridade e de malvadeza.

A oposição aos ciganos se delineou também nas corporações, que tendiam a excluir concorrentes no artesanato, sobretudo no âmbito do trabalho com metais. O clima de suspeitas e preconceitos se percebe na criação de lendas e provérbios tendendo a por os ciganos sob mau conceito, a ponto de recorrer-se à Bíblia para considerá-los descendentes de Caim, e portanto, malditos (Gênesis 9:25).

Na espiritualidade, os Espíritos Ciganos são também, uma linha de trabalhos espirituais que busca seu espaço próprio, pela força que demonstram em termos de caridade e serviços a humanidade. Seus préstimos são valiosas contribuições no campo do bem-estar pessoal e social, saúde, equilíbrio físico, mental e espiritual, e tem seu alicerce em entidades conhecidas popularmente com "encantadas".

São entidades que há pouco tempo ganharam força dentro dos rituais da Umbanda. No começo, eles eram confundidos com entidades espirituais que vinham na linha dos Exus, tal confusão se dava por algumas ciganas se apresentarem como Cigana das Almas, Cigana do Cruzeiro ou nomes semelhantes a esses utilizados por Exus e Pombas-Gira. Hoje, o culto está mais difundido, se sabe e se conhece mais coisas sobre essas entidades, chegando algumas casas a terem um ou mais dias específicos para o culto aos espíritos ciganos.

Não tem na Umbanda o seu alicerce espiritual, se apresentam também em rituais do tipo mesa branca, Kardecistas e em outros rituais específicos de culto à natureza e todos os seus elementos, por terem herdado de seu povo, o cigano, o amor incondicional à proteção da natureza. Eles encontraram na Umbanda um lugar quase ideal para suas práticas por uma necessidade lógica de trabalho e caridade.

Dentro da Umbanda seus fundamentos são simples, não possuindo assentamentos ou ferramentas para centralização da força espiritual. São cultuados em geral com imagens bem simples, com taças com vinho ou com água, doces finos e frutas solares. Trabalham também com as energias do Oriente, com cristais, incensos, pedras energéticas, com as cores, com os quatro sagrados elementos da natureza e se utilizam exclusivamente de magia branca natural, como banhos e chás elaborados exclusivamente com ervas.

Diferentemente do que pensamos e aprendemos, raramente são incorporadas, preferindo trabalhar encostadas. São entidades que trabalham na direita, e quando há necessidade de realizarem qualquer trabalho na esquerda, são elas que comandam as entidades ciganas que trabalham para este fim, por isso, não precisam de assentamentos. Por isso tudo fica evidenciado que são entidades que trabalham exclusivamente para o bem.

Os ciganos em geral, têm seus rituais específicos e cultuam muito a natureza, os astros e ancestrais. A santa protetora do povo cigano é "Santa Sara Cali". Ela é sua orientadora para o bom andamento das missões espirituais. Não devemos confundir tal fato com Sincretismos, pois Santa Sarah é tida como orientadora espiritual e não como patrona ou imagem de algum sincretismo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei do que li sobre os orixás ciganos me identifico muito a eles,quero parabenizá-los po essa iniciativa,pois,pra mim foi de muita importância,obrigado, Saulo,de Brasília-D.F

Anônimo disse...

Desejo a vcs, contribuidores,muita luz,vcs merecem td d`bom,por sua prática do bem,parabéns a todos.Saulo,Brasília-D.F.