quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

SETE LINHAS DA UMBANDA - Parte IV

QUARTA LEGIÃO – IEMANJÁ


O Princípio Criador representado pela água, o leite materno generoso e vital para condições de geração e sobrevivência fecunda.

1º) SEREIA DO MAR (são encantadas):

Caboclos e sereias que apresentam formas encantadas que irradiam as forças misteriosas do fundo do mar. Cor: branca transparente. Obrigações: na água do mar ou beira de rios. Velas azuis, fitas azuis, espelho, pente, flores, alfazema e sândalo.

2º) CABOCLA YARA (rio):

Sereias de beira de rios e cachoeiras que desembocam no mar. Cores: azul clara e branca transparente. Obrigações: beira-rio.

3º) NANÃ (fontes) ou BUREQUÊ:

Trabalha na beira de fontes e manipula as energias que protegem os lares, trazendo paz e compreensão. Protetora de mães, esposas e professoras. Cores: azul clara, lilás e roxo.

4º) IANSÃ (chuva):

Trabalha no tempo. Protetora daqueles que carregam grandes responsabilidades. Cores: branca, amarelo, azul marinho. Obrigações: no bambuzal e pedreiras.

5º) OXUM (cachoeira):

Trabalha nas cachoeiras e manipula as energias que movimentam as águas fluídicas, trazendo medicamentos espirituais. Cores: azul claro e amarelo. Obrigações: na cachoeira e beira de rios.

6º) IDAIÁ (lágrimas):

Trabalha nos lagos e manipula as energias que nascem puras e tranqüilas. Comanda as energias das matas (sobrevivência), pedra (justiça), tempo (chuva) e na paz (céu) gera uma energia infantil, justa e vibrante. Cores: azul claro e rosa.

7º) CABOCLA JANAíNA (mar):

Conhecida como mãe d’água, manipula as energias do amor conjugal. São ligadas também com a vibração de Oxalá. Cores: azul claro.

Apetrechos de Iemanjá: Não costumam usar nenhum tipo de apetrechos, a não ser vestes da própria casa.
Ervas: Lágrima de Nossa Senhora, ervas da lua, espada de Iansã, folha de bambu e folha de camomila.

SETE LINHAS DA UMBANDA - Parte III

TERCEIRA LEGIÃO – OXOSSI


Caçador das almas. É o caçador: é a própria flecha: identifica-se com o elemento ar, que é regulado pela vegetação. O significado mágico de seu nome está na própria palavra:
OX = Lição e Movimento
O = Círculo
SSI = Viventes

1º) CABOCLO PELE VERMELHA:

São oriundos das civilizações inca, maia, asteca, suichuia. Recebem o apelido de Pele Vermelha. Possuidores de grande sabedoria transmitem a energia da inteligência. Falam dialeto desconhecido e se comunicam por gestos. Cores: verde e branco. Aceitam obrigações nas matas, em lugar de difícil acesso. Tribo: ianque.

2º) ARARIBÓIA:

Caboclos das matas e montanhas, responsáveis pela lei da selva, lei severa e sem pena. Trabalham nesta falange os caboclos que ajudam os injustiçados no direito de sustento e sobrevivência. Cores: verde e branca. Tribo: tupaynynga.

3º) JUREMA:

Caboclos do culto do Yacy e Ruda. Trabalham com a força de Oxossi e Ossãe. Cor: qualquer tonalidade de verde. Obrigação: nas mat5as ou qualquer lugar florido e acolhedor. Tribo: Muyrakitã.

4º) GUARANIS:

Caboclos guerreiros e defensores da mata. Apesar de guerreiros são conhecidos como a falange da paz. Cores: verde e branca. Tribo: Araúna.

5º) TAMOIOS:

Caboclos que trabalham na magia. São caçadores de almas. Dominam a feitiçaria, por isso são chamados de Bumba na Kalunga. Assim como Muyrakitã é a sabedoria feminina. Grajauna e o tembetá. São humildes e pacientes. Cor: qualquer tonalidade de verde. Obrigação: em qualquer ponto da mata. Tribo: Grajauna.

6º) TUPIS:

Caboclos de Oxossi, conhecidos como flechas de fogo. São ágeis na caça. Flechas de fogo, deve-se ao seu caráter irriquieto, além de serem rápidos como o raio. Cores: verde e branco. Obrigações: qualquer lugar da mata. Tribo: Jatanky.

7º) URUBATÃ:

Caboclos das colinas e montes onde existem flores, pois são ligados na vibração de Oxalá. Representam a ordem e a justiça da Macaia. Os caboclos desta legião dificilmente incorporam. São normalmente velhos e de muita sabedoria. Quando usam o médium é mais como missão cármica.

Apetrechos de Oxossi: Usam todos os apetrechos indígenas.

Ervas: manjericão, cipó caboclo, malva branca, sabugueiro, folha de jurema e samambaia.

SETE LINHAS DA UMBANDA - Parte II

SEGUNDA LEGIÃO – XANGÔ

Santo da Justiça, que rege e coordena toda lei cármica.

1º) XANGÔ-KAÔ OU XANGÔ VELHO:

Vibra nas cores: marrom e branca, símbolo da pedra antiga. Atua diretamente nas pedreiras.

2º) XANGÔ ALAFIM ECHÊ:

Trabalha nas pedras solitárias das estradas, dos caminhos e nas matas. Suas vibrações auxiliam oradores, intelectuais, juristas e juízes, pois Alafim defende a pureza moral.

3º) XANGÔ ALUFAM:

Trabalha nos rios, cachoeiras, lagos, mares. É protetor dos pescadores, e sobretudo, é o responsável pela diretriz dos desencarnados, pois possui a “Chave do céu”. É sincretizado com São Pedro.

4º) XANGÔ AGODÔ:

É a legião dos caboclos que trabalham nas pedras que estão dentro dos rios.

5º) XANGÔ AGANJÚ:

Esta falange trabalha nas pedras das cachoeiras – símbolo do amor e da justiça. Oxum é sua esposa. Quando se oferece ebó a esse santo, oferece-se também a Oxum.

6º) XANGÔ ABOMI:

Falange de caboclos que trabalham nas montanhas interligadas com as cordilheiras. Sua proteção é muito solicitada, quando se perde algo, além de proteger o casamento. Quando se faz obrigação ao santo, oferece-se uma vela para Iemanjá.

7º) XANGÔ DJACUTÁ

É a falange que corresponde aos trovões, é o senhor dos raios e meteoritos. A palavra Djacutá também significa pedra na língua do santo, símbolo da justiça cósmica. Sua força é solicitada nas horas das injustiças provocadas por outras pessoas.

Apetrechos de Xangô:

Usa como fundamento nas suas manifestações a machadinha feita de pedra, colar de penas e algumas vezes, argola de latão ou bronze no braço. Às vezes usa também turbante de palha ou corda.

Suas ervas são: folha de alecrim do mato, folha de limão, folha de goiaba, folha de eucalipto e folha de manga.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

SETE LINHAS DA UMBANDA - Parte I

A Umbanda consagra todas as energias cósmicas através da lei das afinidades que são: Ogum, Xangô, Oxossi, Iori, Iemanjá, Iorimá e Oxalá. Cada linha agrupa as falanges de forças nas seguintes vibrações:

PRIMEIRA LEGIÃO – OGUM

É a Força Criadora

1º) OGUM BEIRA-MAR:

Ogum do mar, das ondas. Na areia molhada é considerado Beira-mar e nas ondas é Ogum-sete-ondas. Ronda a kalunga grande e aceita obrigações nela. Vibra nas cores vermelha e branca.

2º) OGUM ROMPE MATO:

Sua falange cruza com Oxossi, comandando as matas e também as pedreiras onde é conhecido com Ogum das Pedreiras: nesse caso cruza com Xangô, que é o santo da justiça. Vibra nas cores branca, vermelha e verde.

3º) OGUM-MEGÊ:

Sua falange é responsável pela kalunga pequena. Trabalha na calçada do cemitério, diretamente com as almas ou Eguns. Aceita ebó na calçada do cemitério.

4º) OGUM-DE-NAMÊ:

Combate magia negra, operando também com a linha das almas. Exerce total domínio das almas quimbandeiras. Aceita obrigação na Kalunga pequena, dentro da Macaia, na entrada da floresta ou na porta da Kalunga pequena. Cores: branca e vermelha.

5º) OGUM MATIMATA OU OGUM DOS CAMPOS: Junto com sua falange protege os campos e a fauna. Aceita obrigações nos campos, onde assentam-se as obrigações de Oxalá. É o mesmo que Ogum dos Campos. Cores: branca e vermelha.

6º) OGUM IARA

Ronda cachoeiras, lagos, rios e estradas. É o grande colaborador de Oxum. Vibra nas cores branca, verde e vermelha. É sincretizado como Joana D’arc.

7º) OGUM DELÊ OU OGUM DA LEI E JUSTIÇA

Esta falange é a vibração fora de Ogum. Efetiva a ronda. É o cobrador do carma, do ajuste cármico. Aceita obrigação em qualquer lugar, desde que seja ao ar livre. Justiça.

Apetrechos de Ogum:

Usa como fundamento em suas manifestações: capa, capacete, espada e lança. Às vezes, bandeira. Apresenta-se como soldado guerreiro, símbolo da luta e da defesa.

Suas ervas são: espada de São Jorge, losna, romã, jurubeba e comigo-ninguém-pode.

A UMBANDA DO III MILÊNIO - Parte II

A Defumação

As defumações são imprescindíveis nos trabalhos de magia realizados nos Centros de Umbanda.

As ervas utilizadas no processo de defumação foram selecionadas através de milênios, não só pelo aroma, mas pelos efeitos causados na mente humana, de acordo com seus fins.

Os elementos químicos absorvidos pelo organismo, através da fumaça, durante a defumação, aumentam a freqüência vibratória das nossas ondas mentais. São essas ondas mentais projetadas pelas mentes das pessoas que na verdade “defumam” os ambientes, devido ao seu conteúdo energético de carga positiva, expulsam as ondas mentais negativas.

Os Ebós

Ao fazer uma oferenda, o umbandista está repetindo um gesto que seus ancestrais faziam antes de cada caçada, num momento de concentração e fé, para garantir a sobrevivência da tribo. Se a caçada fosse bem sucedida, a oferenda havia sido aceita, no caso de fracasso, ela fora rejeitada e tudo começava novamente numa nova caçada.

Se muitas vezes foi nos solicitado sacrifícios de animais ou oferendas, foi com o intuito de nos despertar ou nos colocar em sintonia com a energia de nossos Orixás. Porém, no II milênio estaremos usando nossa força mental, independentemente de quaisquer artifícios. Na verdade, não precisamos do sacrifício de animais, pois a energia de que o médium precisa, está em sua mente e não em simples seres vivos. Precisamos lembrar que no espaço cósmico não possuímos um corpo físico e, por isso, nossos Guias não têm olhos para ver, ouvidos para escutar, nariz para cheirar e boca para comer. São eles vibrações, e assim sendo, captam vibrações, e as vibrações essenciais são as da mente das pessoas.
A Incorporação

Médium é aquele que pode mediar entre duas dimensões. A incorporação é a projeção da mente no espaço cósmico para captação das vibrações das entidades Guias. Ela deve ser discreta e calma, o que demonstra o auto-controle do médium.

Não podemos fazer da Umbanda um espetáculo de circo. Os Centros são casas de Caridade. Muitos tratamentos são efetuados nos planos físico, mental e espiritual, daí a necessidade de muita seriedade.

Muitas vezes podemos praticar a caridade sem estar no Centro, sem incorporar, ou sem usar roupas especiais, usando antes a intuição. Durante o processo intuitivo estamos ligados diretamente às informações contidas no espaço cósmico.

Na Umbanda do III milênio a intuição será a forma mais sutil da mediunidade a ser utilizada, pois ela independe de qualquer ritual e pode ser utilizada em qualquer circunstância. No processo intuitivo a pessoa pode ser auxiliada por seus mentores num nível tão elevado que só percebe a presença de seus mentores através da profundidade das mensagens.

As Ervas

Na Umbanda as ervas, além de usadas sob a forma de chás, são utilizadas como banho de descarrego e como amaci.

O processo de assimilação pelo organismo humano, dos componentes químicos das ervas, é semelhante no chá como no banho de descarrego. Na verdade, o maior orifício de nosso corpo não é a boca, mas o próprio corpo através de seus milhões de poros. Assim, as ervas, quando em água fervida, despertam suas potencialidades e, ao entrarem em contato com o corpo de uma pessoa, seus elementos químicos são absorvidos pelos poros e assimilados muito rapidamente pelo organismo.

As Guias

Geralmente são colares preparados pelas entidades espirituais num processo de magnetização, usando a energia do médium quando está incorporado. Assim, quando está sendo preparada, uma guia receberá a energia cósmica da entidade e a energia psíquica do médium. Quando um colar recebe essas energias, a energia contida em seus elementos (contas, sementes, etc.) é liberada, completando dessa forma sua capacidade de proteção ao médium.

O Camarim

Com os ebós, no III milênio não teremos. Este ritual não precisará acontecer em espaço especial, nem combinado com entrega de comida ao Santo. O Camarim é a busca de purificação que se faz no dia a dia, através da nossa reforma íntima.

A UMBANDA DO III MILÊNIO - Parte I


As Imagens

No início da espécie humana, os primeiros homens colocavam pedras enormes numa posição vertical, transformando-as em deuses.

Com o surgimento de ferramentas (pedras, ossos afiados) começaram a dar forma às imagens. As formas iniciais eram de animais, posteriormente as imagens tomaram a forma do próprio homem. E o homem passou a deslocar sua força interior para essas imagens.

Até hoje, o homem busca sua força perdida e, cheio de esperanças, negocia com as imagens, seu futuro, acreditando mesmo poder regatear com elas, através de orações, velas, flores, etc.

A Umbanda do III milênio não precisa de nenhum tipo de imagem, pois sabe que a força está no próprio homem.

As imagens criadas pelo homem representam um comodismo mental e geram a ilusão de que as energias cósmicas podem ser prisioneiras de qualquer imagem.

As Velas

A Umbanda do II milênio usa vela de cor branca para representar a pureza e por ser a cor que resulta da soma de todas as outras cores. Assim, sintetiza a soma das cores de vibração das linhas.

A vela funciona como um código mental. Os estímulos visuais captados pela luz da chama da vela acendem, na verdade, a fogueira interior de cada um, despertando lembranças profundas.

Sabemos que a vida gera calor e que a morte traz o frio. Sendo a chama da vela cheia de calor, ela tem um amplo sentido de vida, despertando nas pessoas a esperança, a fé e o amor.

Na Umbanda do III milênio o Homem deverá estar plenamente consciente de que sua força mental é a sua grande aliada e nunca sua inimiga. Deverá libertar-se gradativamente dos valores exteriores criados por sua mente e valorizar-se mais. Seu grande desafio é superar a si mesmo. E cada vez mais, ao invés de acender vela, deverá acender sua chama interior e tornar-se um iluminado e, com o brilho dessa chama sagrada, mostrar o caminho aos seus irmãos.

Para uma grande caminhada, o primeiro passo é o mais importante, pois vem logo depois da intenção. Assim, na caminhada espiritual, a incorporação é o primeiro passo e a intuição é o derradeiro.

Os Pontos Cantados e/ou Riscados

A Umbanda é magia, e essa magia está presente nos pontos riscados ou cantados. Assim, grande parte das letras das músicas nos Centros funcionam na mente dos médiuns como uma forma de despertar suas forças mentais. No desenvolvimento mediúnico, os cânticos exercem um papel fundamental. Eles atuam como elementos fixadores das energias dos Guias na mente dos médiuns.

No Centro, durante toda a sessão, os cânticos devem ser mantidos como uma forma de evitar a dispersão mental. Como o trabalho de Umbanda é dinâmico, a captação de energias positivas ou negativas irá ocorrer durante todo o tempo, sendo necessário cantar para equilibrar as energias.

Os pontos riscados são também recurso de captação de energia cósmica e/ou representam a “assinatura” do mentor que a utiliza na prática da caridade.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Umbanda, com amor e sem pré-conceitos


Creio na Umbanda , como uma religião que permite e é a “ manifestação do espírito para a caridade” e creio que: “ Não cai uma folha de uma árvore sem a permissão do Pai” e procuro ser coerente com isso.


Tenho observado muitos pré-conceitos e preconceitos na Umbanda , uma certa onda de “Purismo” que chega a ser descabida numa religião que não é fechada ou dogmática , antes pelo contrário, é evolutiva e evolui todos os dias.


Todos nós sabemos que a VERDADE , pertence a Deus e que o mais que podemos adquirir, será uma versão dela, e em geral, cada um de nós fica com a versão /visão da Verdade que melhor lhe cai ao espírito e à mente e ao coração.Vejo muitos se debaterem contra a existência de imagens, ou a permanência de pessoa que vieram de outras religiões para a umbanda e que trazem em si os conhecimentos dessas mesmas religiões, sem falar nos que mesmo estando na Umbanda tem um comprometimento com a Nação e que acabam muitas vezes sendo discriminados dentro de suas casas.


Que umbandistas somos nós? Será que seguiremos os exemplos de outras religiões e nos tornaremos simplesmente dogmáticos e fechados? Será que pretendemos ser os únicos donos da Verdade? Será que ainda não aprendemos que Umbanda é uma religião que tem que cumprir sua missão de caridade e evolução, atendendo à todos os que venham às suas portas? Será que queremos nos transformar em ritualistas mecânicos? Será que a espiritualidade não evolui? Não muda? Vamos falar sério. Umbanda é evolução e caridade, é simplicidade, foi uma religião criada para atender aos simples, àqueles que não tinham perfil para atuarem no kardecismo científico da época em que ela surgiu com nome de Umbanda... ( porque ela já existia e era praticada muito antes) a Umbanda, foi criada para acabar com o “racismo” social e intelectual.


É uma religião onde o mais importante é o Amor, a vontade de praticar o bem, de evoluir. Onde os títulos sociais pouco importam, onde a cor da nossa pele ou o poder do nosso bolso não nos faz melhores ou piores. Onde deve haver igualdade, fraternidade, e compreensão.


Assim como a Umbanda se abriu aos espíritos independente de sua características e raças no plano astral, também abriu a mesma possibilidade no plano material . Ela já nasce ensinando que embora hierarquia seja muito importante para organizar as coisas, todos temos o que ensinar e o que aprender, todos tem para dar e todos precisam receber, todos somos iguais e filhos de um mesmo Deus que nos espera, com a maior calma do mundo, pela eternidade até que cheguemos à um estágio evolutivo tal que retornemos à ele.


Precisamos nos conscientizar que ser umbandista é mais que colocar “roupa branca”, colares e guias, que fazer uma obrigaçãozinha, acender uma vela, “receber” santo... Ser umbandista é se abrir espiritualmente ao Amor, ao Amor Incondicional , à possibilidade de evolução, mesmo sabendo que não é fácil evoluir e que o umbandista ainda vai passar por muita luta... O que me dói é ver que a discriminação, a formação de facções e as piores imposições vem dos próprios membros da umbanda, que por terem rituais diferenciados, passam a achar que somente sua forma de cultuar a Umbanda é correta .


Todas as religiões que se tornaram muito rígidas em seus rituais e que se tornaram tão senhoras da “verdade absoluta” criadas por elas mesmas, acabaram gerando fanáticos que por sua vez crucificaram outros tantos que não estavam de acordo com aquilo que eles achavam ser o certo. Isso é histórico , é cíclico.


Todas as vezes que o homem em nome de Deus, e por achar que sua forma de cultuá-lo é a melhor e a mais certa, se propõe à rigidez, temos mais guerras e desgraças ocasionadas pelas suas falsas posturas morais, pela hipocrisia reinante, pela pretensão, pela ambição, pela ânsia de poder , etc... É que em nome desse ”Deus”, do qual eles criaram sua versão, fazem a guerra e massacram milhares por terem visões distintas das suas. Querem se impor como se deuses fossem , querem decidir a vida do outro , controlar tudo até mesmo Deus. E, eu me pergunto , onde ficam nisso tudo, o respeito pelo outro, por Deus e por si mesmos? Como pode um homem se intitular um representante da Verdade e de Deus na terra? Onde fica o Livre–arbítrio tão falado, especialmente pelos espiritualistas ?


Penso que cada um de nós tem seu próprio modo de entender Deus e de expressá-lo e tentar chegar à Ele. Penso que devemos nos respeitar uns aos outros , e se não gostarmos das formas como o outro cultua a sua visão do nosso Deus que é único , que nos afastemos. E deixemos que ao seu tempo esse irmão perceba qual é o melhor caminho para ele chegar ao Pai . Pode não ser o mesmo que o nosso , ou ele pode não estar preparado ainda para seguir esse caminho . Talvez um irmão ainda precise crer no fogo do inferno para se sentir mais confortável , ou outro que creia que se se suicidar e assassinar em nome de Alah, em uma “Guerra Santa” vai direto para o paraíso enquanto mata em nome de Deus e supostamente envia os infiéis para o inferno .Tudo faz parte da evolução . E toda discriminação é resultante da prepotência , da ambição , da maldade residente no coração humano , da vontade de dominar o outro , da sede de poder e do medo que o outro possa ser diferente e superior.


O que eu me pergunto é como pode um Umbandista ser preconceituoso qualquer que seja o tipo de preconceito , ser tão pretencioso a ponto de achar que sua visão de Verdade é a única correta , discriminar outras religiões , e o pior discriminar os de sua própria religião por terem opiniões e rituais diferentes dos seus . Como pode um Umbandista discriminar um espírito por achar que ele é kardecistas ou é de Nação , ou mesmo de kimbanda ? Não é a Umbanda a manifestação do espírito para a caridade ? Acaso não devemos, até por caridade, abrigar , ensinar, consolar , curar e encaminhar para o bem outros espíritos ? Seremos tão poderosos assim para podermos dispensar ajuda, qualquer ajuda, seja de que espírito seja, para fazermos caridade ? Será que somos senhores da Verdade ? Que temos que nos dividir e subdividir em facções ? Onde ficam então o amor , a caridade , a fé na onipotência do Pai que tanto pregamos aos outros ? Onde fica a humildade tão badalada nos discursos bonitos e tão pouco real em nós mesmos? Onde a União que traz a força ? Onde o respeito pelo outro e por si mesmo ?Já é tão difícil cuidarmos de nossa próprias consciências , de nossa própria vida, administrarmos nossas próprias Casas de Santo , nosso filhos e irmãos , nossa vida familiar e nosso trabalho . Como podemos então ousar nos meter e intrometer na forma de praticar a Umbanda ou nas casas alheias ?


Claro que debatemos em grupos e trocamos conhecimentos e podemos até discordar das opiniões alheias , mas temos de respeitá-las. É óbvio que devemos buscar uma união , mas essa deve ser conseguida com base no amor , na fé , intensão no bem e não como limitante e delimitante , como restrição à forma de culto do outro.Ou será que a espiritulidade da Umbanda também tem graus diferentes e que caboclos que seguem um ritual são melhores que os que seguem outro ? Será que todos os nossos caboclos , pretos –velhos e demais entidades tiveram a mesma formação , fizeram a mesma escola? Será que sãos serem sem personalidade e sem preferências , meros bonecos astrais e que não sabem o que fazem , paus-mandados de Deus que não tem nenhuma capacidade e tem que seguir um livro de receitas que nós , os encarnados estamos tentando enfiar-lhes “goela abaixo”? Será que todos os caboclos vieram da mesma tribo ? Será que toda magia só tem uma única receita , e pior , será que algum de nós acha que sabe todas as receitas ?


Se dizemos : “Não cai uma folha do céu sem a permissão do Pai “ como podemos pretender que a magia , mesmo que diferente , feita por um espírito também não seja parte do permitido por Deus ? Será que as casas de Umbanda assim como outras religiões não são diferentes porque Deus sabe que nós humanos, temos necessidades e capacidades diferentes? Como mãe , procuro atender meus filhos em suas necessidades , o mais paritariamente possível, mas eles tem necessidades diferentes , precisam de formas diferentes de atenção , tem formas diferentes de apreender conhecimentos, e eu dou-lhes conforme suas necessidades e capacidades e sou somente um pequeno espírito engatinhando na evolução . Que falar de Deus então em relação aos seus mais diversos filhos ? Seria Ele , menos amoroso e compreensivo que eu ? Pensemos nisso ...Meditemos , profundamente , para que aprendamos com a vida, observemos antes de nos metermos à sábios, se a casa do vizinho, mesmo com um ritual diferente , não está mostrando resultados em caridade e evolução. Não julguemos . Os debates , são ótimos, pois nos fazem ver novos ângulos , trocar conhecimentos , fazer amigos, mas jamais deveriam se tornar embates pessoais , jamais deveriam sair do campo da retórica filosófica-religiosa para o campo do pessoal e jamais poderiam de transformar numa discussão .


Assim também as associações devem ter por base a união pautada no respeito e não na obrigação de seguir outro “mestre” que não seja o PAI. O que todos precisamos mesmo é vivenciar mais o amor e menos nossas vaidades e pretensões individuais . Precisamos nos melhorar e assim estaremos melhorando o mundo. Precisamos compreender o outro pela ótica de vida dele e não pela nossa ( não é fácil, eu sei) . Precisamos cuidar de resgatar nosso carmas e resolver nosso próprios débitos antes de querermos ensinar os outros à fazê-lo . Até porque os carmas, assim como as vivências das almas, são diferentes . Devemos sim, estender às mãos ao próximo , mas jamais poderemos obrigá-lo a aceitá-las, ou a seguir nosso caminho conforme nós o entendemos. Nem Cristo , O Grande Mestre, obrigou ninguém a nada , ou a crer como ele ou a crer no que ele acreditava . Ele veio , deu seu recado , fez sua caridade , não atacou nenhuma religião, ao contrário seguiu todos os rituais indicado pela religião de seus pais , e espalhou a Boa Nova: “Todos somos filhos de Deus e devemos amar à Deus sobre todas as coisas e ao próximo como à nós mesmos” Isso num tempo e num local onde somente alguns privilegiados eram considerados como Filhos de Deus.


Devemos sim , como na Parábola dos Talentos , ser fiéis ao Nosso Senhor e tratar de dobrar os talentos que recebemos através do amor ao próximo e da caridade , do estudo e da evolução de nós mesmos . Devemos ser como a boa terra que ao receber a semente a faz germinar no solo da humildade, regada à fé, aquecida pelo sol do amor.


Devemos começar em nossas vidas a reforma que nos levará ao Alto , começar por nós mesmos , compreendendo e auxiliando nossas famílias , grande terreno de provas ; nossos colegas de trabalho, muitas vezes , tão difíceis de aturar ; os irmãos de santo com suas diversas experiências e expectativas , com suas formas mais diversas de perceber uma mesma Verdade; e pelos que tendo outras religiões pensam tão diferentes de nós . Devemos praticar o amor e o respeito , para sermos mais felizes .


Autora - Cristina Zecchinelli