quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Kundalini


Kundalini é o poder do desejo puro dentro de nós, é a energia de nossa alma, de nossa consciência. Kundalini é a nossa emanação do infinito, a energia do cosmos dentro de cada um de nós. Como nossa energia criativa, ela pode ser imaginada como uma serpente enroscada adormecida na base de nossa coluna. Uma energia adormecida dentro de nós que se desperta, expande nossa consciência. Kundalini é a potencialidade de que todos nós somos capazes.

Kundalini é um tema complexo e seu estudo envolve o conhecimento aprofundado dos chacras, dos nádis que correm ao longo da coluna (ida, pingala e sushumna) e das glândulas endócrinas, bem como um conhecimento básico dos yantras e bijas-mantras específicos para sua ativação.
Kundalini (do sânscrito) significa literalmente "enroscada". Esse nome deve-se ao seu movimento ondulatório que lembra o movimento de uma serpente. Daí a expressão esotérica "fogo serpentino". Ela também é chamada pelos iogues de "Shakti" (do sânscrito): a força divina aninhada na base da coluna (chacra básico).

O despertar do kundalini é um processo puramente espiritual e energético em essência. Envolve a ativação dos chacras, principalmente do chacra cardíaco, que equilibra e distribui corretamente o fluxo ascendente da shakti ao longo dos nádis.

Quando nós despertamos o Kundalini, nós nos tornamos cônscios de nossas capacidades criativas, de nossa finitude diante do infinito. Kundalini torna possível a nós, seres humanos com identidades finitas, relacionarmos com nossas identidades infinitas. E nós tornamos isto possível quando o nosso sistema glandular é ativado e nosso sistema nervoso forte e estes são combinados para se criar um movimento ou fluxo no flúido espinhal e uma sensitividade nas terminações nervosas. Nestas condições, o cérebro recebe os sinais e os integra.

A descida da energia kundalini é o caminho da manifestação. Os chakras se abrem nesta descida. E assim que os chakras se abrem, a nossa essência é consolidada em nosso carater, nossos dons são integrados em nossos comportamentos e ações. Nossos talentos se tornam uma parte prática em nossas vidas.

A Magia da Umbanda consiste na movimentação intencional das forças sutis da natureza através da força mental dos sensitivos e espíritos benfeitores, utilizando a energia kundalini e os chacras.

O primeiro Chacra é o Básico, situa-se na base da espinha dorsal e sua energia é o Kundalini. Na Umbanda, este ponto corresponde à vibração das almas.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Dissertação de um Espírito sobre o papel dos médiuns


A dissertação que se segue, dada espontaneamente por um Espírito superior, que se revelou mediante comunicações de ordem elevadíssima, resume, de modo claro e completo, a questão do papel do médium:

Qualquer que seja a natureza dos médiuns escreventes, quer mecânicos ou semimecânicos, quer simplesmente intuitivos, não variam essencialmente os nossos processos de comunicação com eles. De fato, nós nos comunicamos com os Espíritos encarnados dos médiuns, da mesma forma que com os Espíritos propriamente ditos, tão só pela irradiação do nosso pensamento.

Os nossos pensamentos, não precisam da vestidura da palavra, para serem compreendidos pelos Espíritos e todos os Espíritos percebem os pensamentos que lhes desejamos transmitir, sendo suficiente que lhes dirijamos esses pensamentos e isto em razão de suas faculdades intelectuais. Quer dizer que tal pensamento, tais ou quais Espíritos o podem compreender, em virtude do adiantamento deles, ao passo que, para tais outros, por não despertarem nenhuma lembrança, nenhum conhecimento que lhes dormitem no fundo do coração, ou do cérebro, esses mesmos pensamentos não lhes são perceptíveis. Neste caso, o Espírito encarnado, que nos serve de médium, é mais apto a exprimir o nosso pensamento a outros encarnados, se bem não o compreenda, do que um Espírito desencarnado, mas pouco adiantado, se fôssemos forçado a servir-nos dele, porquanto o ser terreno põe seu corpo, como instrumento, à nossa disposição, o que o Espírito errante não pode fazer.

Assim, quando encontramos em um médium o cérebro povoado de conhecimentos adquiridos na sua vida atual e o seu Espírito rico de conhecimentos latentes, obtidos em vidas anteriores, de natureza a nos facilitarem as comunicações, dele de preferência nos servimos, porque com ele o fenômeno da comunicação se nos toma muito mais fácil do que com um médium de inteligência limitada e de escassos conhecimentos anteriormente adquiridos. Vamos fazer-nos compreensíveis por meio de algumas explicações claras e precisas.

Com um médium, cuja inteligência atual ou anterior, se ache desenvolvida, o nosso pensamento se comunica instantaneamente de Espírito a Espírito, por uma faculdade peculiar à essência mesma do Espírito. Nesse caso, encontramos no cérebro do médium, os elementos próprios a dar ao nosso pensamento, a vestidura da palavra que lhe corresponda e isto quer o médium seja intuitivo, quer semimecânico, ou inteiramente mecânico. Essa a razão, por que seja qual for a diversidade dos Espíritos que se comunicam com um médium, os ditados que este obtém, embora procedendo de Espíritos diferentes, trazem, quanto à forma e ao colorido, o cunho que lhe é pessoal. Com efeito, se bem o pensamento lhe seja de todo estranho, se bem o assunto esteja fora do âmbito em que ele habitualmente se move, se bem o que nós queremos dizer não provenha dele, nem por isso, deixa o médium de exercer influência no tocante à forma, pelas qualidades e propriedades inerentes à sua individualidade e, exatamente como quando observais panoramas diversos, com lentes matizadas, verdes, brancas, ou azuis; embora os panoramas, ou objetos observados, sejam inteiramente opostos e independentes, em absoluto, uns dos outros, não deixam por isso de afetar uma tonalidade que provém das cores das lentes. Ou, melhor: comparemos os médiuns a esses bocais cheios de líquidos coloridos e transparentes, que se vêem nos mostruários dos laboratórios farmacêuticos. Pois bem, nós somos como luzes que clareiam certos panoramas morais, filosóficos e internos, através dos médiuns, azuis, verdes, ou vermelhos, de tal sorte que os nossos raios luminosos, obrigados a passar através de vidros mais ou menos bem facetados, mais ou menos transparentes, isto é, de médiuns mais ou menos inteligentes, só chegam aos objetos que desejamos iluminar, tomando a coloração, ou, melhor, a forma de dizer própria e particular desses médiuns. Enfim, para terminar com uma última comparação: nós os Espíritos somos quais compositores de música, que hão composto, ou querem improvisar uma ária e que só têm à mão ou um piano, um violino, uma flauta, um fagote ou uma gaita de dez centavos. E incontestável que, com o piano, o violino, ou a flauta, executaremos a nossa composição de modo muito compreensível para os ouvintes. Se bem sejam muito diferentes uns dos outros os sons produzidos pelo piano, pelo fagote ou pela clarineta, nem por isso ela deixará de ser idêntica em qualquer desses instrumentos, abstração feita dos matizes do som. Mas, se só tivermos à nossa disposição uma gaita de dez centavos, ai está para nós a dificuldade.

Efetivamente, quando somos obrigados a servir-nos de médiuns pouco adiantados, muito mais longo e penoso se torna o nosso trabalho, porque nos vemos forçados a lançar mão de formas incompletas, o que é para nós uma complicação, pois somos constrangidos a decompor os nossos pensamentos e a ditar palavra por palavra, letra por letra, constituindo isso uma fadiga e um aborrecimento, assim como um entrave real à presteza e ao desenvolvimento das nossas manifestações.

Por isso é que gostamos de achar médiuns bem adestrados, bem aparelhados, munidos de materiais prontos a serem utilizados, numa palavra: bons instrumentos, porque então o nosso perispírito, atuando sobre o daquele a quem mediunizamos, nada mais tem que fazer senão impulsionar a mão que nos serve de lapiseira, ou caneta, enquanto que, com os médiuns insuficientes, somos obrigados a um trabalho análogo ao que temos, quando nos comunicamos mediante pancadas, isto é, formando, letra por letra, palavra por palavra, cada uma das frases que traduzem os pensamentos que vos queiramos transmitir.

É por estas razões que de preferência nos dirigimos, para a divulgação do Espiritismo e para o desenvolvimento das faculdades mediúnicas escreventes, às classes cultas e instruídas, embora seja nessas classes que se encontram os indivíduos mais incrédulos, mais rebeldes e mais imorais. E que, assim como deixamos hoje, aos Espíritos galhofeiros e pouco adiantados, o exercício das comunicações tangíveis, de pancadas e transportes, assim também os homens pouco sérios preferem o espetáculo dos fenômenos que lhes afetam os olhos ou os ouvidos, aos fenômenos puramente espirituais, puramente psicológicos.

Quando queremos transmitir ditados espontâneos, atuamos sobre o cérebro, sobre os arquivos do médium e preparamos os nossos materiais com os elementos que ele nos fornece e isto à sua revelia. E como se lhe tomássemos à bolsa as somas que ele aí possa ter e puséssemos as moedas que as formam na ordem que mais conveniente nos parecesse.

Mas, quando o próprio médium é quem nos quer interrogar, bom é reflita nisso seriamente, a fim de nos fazer com método as suas perguntas, facilitando-nos assim o trabalho de responder a elas. Porque, como já te dissemos em instrução anterior, o vosso cérebro está freqüentemente em inextricável desordem e, não só difícil, como também penoso se nos torna mover-nos no dédalo dos vossos pensamentos. Quando seja um terceiro quem nos haja de interrogar, é bom e conveniente que a série de perguntas seja comunicada de antemão ao médium, para que este se identifique com o Espírito do evocador e dele, por assim dizer, se impregne, porque, então, nós outros teremos mais facilidade para responder, por efeito da afinidade existente entre o nosso perispírito e o do médium que nos serve de intérprete.

Sem duvida, podemos falar de matemáticas, servindo-nos de um médium a quem estas sejam absolutamente estranhas; porém, quase sempre, o Espírito desse médium possui, em estado latente, conhecimento do assunto, isto é, conhecimento peculiar ao ser fluídico e não ao ser encarnado, por ser o seu corpo atual um instrumento rebelde, ou contrário, a esse conhecimento. O mesmo se dá com a astronomia, com a poesia, com a medicina, com as diversas línguas, assim como com todos os outros conhecimentos peculiares à espécie humana.

Finalmente, ainda temos como meio penoso de elaboração, para ser usado com médiuns completamente estranhos ao assunto de que se trate, o da reunião das letras e das palavras, uma a uma, como em tipografia.

Conforme acima dissemos, os Espíritos não precisam vestir seus pensamentos; eles os percebem e transmitem, reciprocamente, pelo só fato de os pensamentos existirem neles. Os seres corpóreos, ao contrário, só podem perceber os pensamentos, quando revestidos. Enquanto que a letra, a palavra, o substantivo, o verbo, a frase, em suma, vos são necessários para perceberdes, mesmo mentalmente, as idéias, nenhuma forma visível ou tangível nos é necessária a nós." - ERASTO e TIMÓTEO

NOTA - Esta análise do papel dos médiuns e dos processos pelos quais os Espíritos se comunicam é tão clara quanto lógica. Dela decorre, como princípio, que o Espírito haure, não as suas idéias, porém, os materiais de que necessita para exprimi-las, no cérebro do médium e que, quanto mais rico em materiais for esse cérebro, tanto mais fácil será a comunicação. Quando o Espírito se exprime num idioma familiar ao médium, encontra neste, inteiramente formadas, as palavras necessárias ao revestimento da idéia; se o faz numa língua estranha ao médium, não encontra neste as palavras, mas apenas as letras. Por isso é que o Espírito se vê obrigado a ditar, por assim dizer, letra a letra, tal qual como quem quisesse fazer, que escrevesse alemão, uma pessoa que, desse idioma não conhecesse uma só palavra. Se o médium é analfabeto, nem mesmo as letras, fornece ao Espírito. Preciso se torna, a este, conduzir-lhe a mão, como se faz a uma criança que começa a aprender. Ainda maior dificuldade a vencer encontra aí, o Espírito. Estes fenômenos, pois, são possíveis e há deles numerosos exemplos; compreende-se, no entanto, que semelhante maneira de proceder pouco apropriada se mostra para comunicações extensas e rápidas e que os Espíritos hão de preferir os instrumentos de manejo mais fácil, ou, como eles dizem, os médiuns bem aparelhados do ponto de vista deles.

Se os que reclamam esses fenômenos, como meio de se convencerem, estudassem previamente a teoria, haviam de saber em que condições excepcionais eles se produzem.




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terça-feira, 16 de outubro de 2007

Bons Médiuns


Médiuns sérios: os que unicamente para o bem se servem de suas faculdades e para fins verdadeiramente úteis. Acreditam profaná-las, utilizando-se delas para satisfação de curiosos e de indiferentes, ou para futilidades.

Médiuns modestos: os que nenhum reclamo fazem das comunicações que recebem, por mais belas que sejam. Consideram-se estranhos a elas e não se julgam ao abrigo das mistificações. Longe de evitarem as opiniões desinteressadas, solicitam-nas.

Médiuns devotados: os que compreendem que o verdadeiro médium tem uma missão a cumprir e deve, quando necessário, sacrificar gostos, hábitos, prazeres, tempo e mesmo interesses materiais ao bem dos outros.

Médiuns seguros: os que, além da facilidade de execução, merecem toda a confiança, pelo próprio caráter, pela natureza elevada dos Espíritos que os assistem; os que, portanto, menos expostos se acham a ser iludidos. Veremos mais tarde que esta segurança de modo 'algum depende dos nomes mais ou menos respeitáveis com que os Espíritos se manifestem.

"É incontestável, bem o sentis, que, epilogando assim as qualidades e os defeitos dos médiuns, isto suscitará contrariedades e até a animosidade de alguns; mas, que importa? A mediunidade se espalha cada vez mais e o médium que levasse a mal estas reflexões, apenas uma coisa provaria: que não é bom médium, isto é, que tem a assisti-lo Espíritos maus. Ao demais, como já eu disse, tudo isto será passageiro e os maus médiuns, os que abusam, ou usam mal de suas faculdades, experimentarão tristes conseqüências, conforme já se tem dado com alguns. Aprenderão à sua custa o que resulta de aplicarem, no interesse de suas paixões terrenas, um dom que Deus lhes outorgara unicamente para o adiantamento moral deles. Se os não puderdes reconduzir ao bom caminho, lamentai-os, porquanto, posso dizê-lo, Deus os reprova." -( ERASTO.)

"Este quadro é de grande importância, não si para os médiuns sinceros que, lendo-o, procurarem de boa-fé preservar-se dos escolhos a que estão expostos, mas também para todos os que se servem dos médiuns, porque lhes dará a medida do que podem racionalmente esperar. Ele deverá estar constantemente sob as vistas de todo aquele que se ocupa de manifestações, do mesmo modo que a escala espírita, a que serve de complemento. Esses dois quadros reúnem todos os princípios da Doutrina e contribuirão, mais do que o supondes, para trazer o Espiritismo ao verdadeiro caminho." (SÓCRATES.)

Todas estas variedades de médiuns apresentam uma infinidade de graus em sua intensidade. Muitas há que, a bem dizer, apenas constituem matizes, mas que, nem por isso, deixam de ser efeito de aptidões especiais. Concebe-se que há de ser muito raro esteja a faculdade de um médium rigorosamente circunscrita a um só gênero. Um médium pode, sem dúvida, ter muitas aptidões, havendo, porém, sempre uma dominante. Ao cultivo dessa é que, se for útil, deve ele aplicar-se. Em erro grave incorre quem queira forçar de todo modo o desenvolvimento de uma faculdade que não possua. Deve a pessoa cultivar todas aquelas de que reconheça possuir os gérmens. Procurar ter as outras é, acima de tudo, perder tempo e, em segundo lugar, perder talvez, enfraquecer com certeza, as de que seja dotado.

"Quando existe o princípio, o gérmen de uma faculdade, esta se manifesta sempre por sinais inequívocos. Limitando-se à sua especialidade, pode o médium tornar-se excelente e obter grandes e belas coisas; ocupando-se de todo, nada de bom obterá. Notai, de passagem, que o desejo de ampliar indefinidamente o âmbito de suas faculdades é uma pretensão orgulhosa, que os Espíritos nunca deixam impune. Os bons abandonam o presunçoso, que se torna então joguete dos mentirosos. Infelizmente, não é raro verem-se médiuns que, não contentes com os dons que receberam, aspiram, por amor-próprio, ou ambição, a possuir faculdades excepcionais, capazes de os tornarem notados. Essa pretensão lhes tira a qualidade mais preciosa: a de médiuns seguros." -( SÓCRATES.)

O estudo da especialidade dos médiuns não só lhes é necessário, como também ao evocador. Conforme a natureza do Espírito que se deseja chamar e as perguntas que se lhe quer dirigir, convém se escolha o médium mais apto ao que se tem em vista. Interrogar o primeiro que apareça é expor-se a receber respostas incompletas, ou errôneas. Tomemos aos fatos comuns um exemplo. Ninguém confiará a redação de qualquer trabalho, nem mesmo uma simples cópia, ao primeiro que encontre, apenas porque saiba escrever. Suponhamos um músico, que queira seja executado um trecho de canto por ele composto. Muitos cantores, hábeis todos, se acham à sua disposição. Ele, entretanto, não os tomará ao acaso: escolherá, para seu intérprete, aquele cuja voz, cuja expressão, cujas qualidades todas, numa palavra, digam melhor com a natureza do trecho musical. O mesmo fazem os Espíritos, com relação aos médiuns, e nós devemos fazer como os Espíritos.

Cumpre, além disso, notar que os matizes que a mediunidade apresenta e aos quais outros mais se poderiam acrescentar, nem sempre guardam relação com o caráter do médium. Assim, por exemplo, um médium naturalmente alegre, jovial, pode obter comumente comunicações graves, mesmo severas e vice-versa. E ainda uma prova evidente de que ele age sob a impulsão de uma influência estranha. Voltaremos ao assunto, no capítulo que trata da influência moral do médium.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

MEDIUNIDADE - Parte IV


A natureza das comunicações guarda sempre relação com a natureza do Espírito e traz o cunho da sua elevação, ou da sua inferioridade, de seu saber, ou de sua ignorância. Mas, em igualdade de merecimento, do ponto de vista hierárquico, há nele incontestavelmente uma propensão para se ocupar de uma coisa preferentemente a outra.

Os Espíritos batedores, por exemplo, jamais saem das manifestações físicas e, entre os que dão comunicações inteligentes, há Espíritos poetas, músicos, desenhistas, moralistas, sábios, médicos, etc. Falamos dos Espíritos de mediana categoria, por isso que, chegando eles a um certo grau, as aptidões se confundem na unidade da perfeição. Porém, de par com a aptidão do Espírito, há a do médium, que é, para o primeiro, instrumento mais ou menos cômodo, mais ou menos flexível e no qual descobre ele qualidades particulares que não podemos apreciar.

Façamos uma comparação: um músico muito hábil tem ao seu alcance diversos violinos, que todos, para o vulgo, são bons instrumentos, mas que são muito diferentes uns dos outros para o artista consumado, o qual descobre neles matizes de extrema delicadeza, que o levam a escolher uns e a rejeitar outros, matizes que ele percebe por intuição, visto que não os pode definir. O mesmo se dá com relação aos médiuns.

Em igualdade de condições quanto às forças mediúnicas, o Espírito preferirá um ou outro, conforme o gênero da comunicação que queira transmitir. Assim, por exemplo, indivíduos há que, como médiuns, escrevem admiráveis poesias, sendo certo que, em condições ordinárias, jamais puderam ou souberam fazer dois versos; outros, ao contrário, que são poetas e que, como médiuns, nunca puderam escrever senão prosa, mau grado ao desejo que nutrem de escrever poesias. Outro tanto sucede com o desenho, com a música, etc.

Alguns há que, sem possuírem de si mesmos conhecimentos científicos, demonstram especial aptidão para receber comunicações eruditas; outros, para os estudos históricos; outros servem mais facilmente de intérpretes aos Espíritos moralistas. Numa palavra, qualquer que seja a maleabilidade do médium, as comunicações que ele com mais facilidade recebe trazem geralmente um cunho especial; alguns existem mesmo que não saem de uma certa ordem de idéias e, quando destas se afastam, só obtêm comunicações incompletas, lacônicas e não raro falsas.

Além das causas de aptidão, os Espíritos também se comunicam mais ou menos preferentemente por tal ou qual intermediário, de acordo com as suas simpatias. Assim, em perfeita igualdade de condições, o mesmo Espírito será muito mais explícito com certos médiuns, apenas porque estes lhe convêm mais.

Laboraria, pois, em erro quem, simplesmente por ter ao seu alcance um bom médium, ainda mesmo com a maior facilidade para escrever, entendesse de querer obter por ele boas comunicações de todos os gêneros. A primeira condição é, não há contestar, certificar-se a pessoa da fonte donde elas promanam, isto é, das qualidades do Espírito que as transmite; porém, não é menos necessário ter em vista as qualidades do instrumento oferecido ao Espírito.

Cumpre, portanto, se estude a natureza do médium, como se estuda a do Espírito, porquanto são esses os dois elementos essenciais para a obtenção de um resultado satisfatório. Um terceiro existe, que desempenha papel igualmente importante: é a intenção, o pensamento íntimo, o sentimento mais ou menos louvável de quem interroga. Isto facilmente se concebe. Para que uma comunicação seja boa, preciso é que proceda de um Espírito bom; para que esse bom Espírito a POSSA transmitir indispensável lhe é um bom instrumento; para que QUEIRA transmiti-la, necessário se faz que o fim visado lhe convenha.

O Espírito, que lê o pensamento, julga se a questão que lhe propõem merece resposta séria e se a pessoa que lha dirige é digna de recebe-la. A não ser assim, não perde seu tempo em lançar boas sementes em cima de pedras e é quando os Espíritos levianos e zombeteiros entram em ação, porque, pouco lhes importando a verdade, não a encaram de muito perto e se mostram geralmente pouco escrupulosos, quer quanto aos fins, quer quanto aos meios.

domingo, 14 de outubro de 2007

MEDIUNIDADE - Parte III


O Fim é o aprimoramento que o médium procura em todos os outros quesitos, e é vislumbrado quando o Ser percebe que o uso condigno e confiante da Mediunidade tem valia em algo de bem e de bom para alguém. Todo o Ser é um iniciado em potencial, ignorando de início o Modus Operanti, utilizando-se do seu Livre Arbítrio, estudando o fenômeno, progredirá de acordo com a intensidade de suas qualidades essenciais.

Por esta razão, nem todos os médiuns têm progresso idêntico. Ser médium é em síntese, ser um pesquisador constante, que inicia por conhecer-se a si próprio, descobrindo e equilibrando suas forças positivas e negativas, para depois então, e só então, partir para o estudo do Universo que o rodeia.

Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva. E de notar-se, além disso, que essa faculdade não se revela, da mesma maneira, em todos.

Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta, ou daquela ordem, donde resulta que formam tantas variedades, quantas são as espécies de manifestações. As principais são: a dos médiuns de efeitos físicos; a dos médiuns sensitivos, ou impressionáveis; a dos audientes; a dos videntes; a dos sonambúlicos; a dos curadores; a dos pneumatógrafos; a dos escreventes, ou psicógrafos.

Os médiuns de efeitos físicos são particularmente aptos a produzir fenômenos materiais, como os movimentos dos corpos inertes, ou ruídos, etc. Podem dividir-se em médiuns facultativos e médiuns involuntários.

Os médiuns facultativos são os que têm consciência do seu poder e que produzem fenômenos espíritas por ato da própria vontade. Conquanto inerente à espécie humana, conforme já dissemos, semelhante faculdade longe está de existir em todos no mesmo grau. Porém, se poucas pessoas há em quem ela seja absolutamente nula, mais raras ainda são as capazes de produzir os grandes efeitos tais como a suspensão de corpos pesados, a translação aérea e, sobretudo, as aparições. Os efeitos mais simples são a rotação de um objeto, pancadas produzidas mediante o levantamento desse objeto, ou na sua própria substância.

Embora não demos importância capital a esses fenômenos, recomendamos, contudo, que não sejam desprezados. Podem proporcionar ensejo a observações interessantes e contribuir para a convicção dos que os observem. Cumpre, entretanto, ponderar que a faculdade de produzir efeitos materiais raramente existe nos que dispõem de mais perfeitos meios de comunicação, quais a escrita e a palavra. Em geral, a faculdade diminui num sentido à proporção que se desenvolve em outro.

Os médiuns involuntários ou naturais são aqueles cuja influência se exerce a seu mau grado. Nenhuma consciência têm do poder que possuem e, muitas vezes, o que de anormal se passa em torno deles não se lhes afigura de modo algum extraordinário. Isso faz parte deles, exatamente como se dá com as pessoas que, sem o suspeitarem, são dotadas de dupla vista. São muito dignos de observação esses indivíduos e ninguém deve descuidar-se de recolher e estudar os fatos deste gênero que lhe cheguem ao conhecimento. Manifestam-se em todas as idades e, freqüentemente, em crianças ainda muito novas.

Tal faculdade não constitui, em si mesma, indício de um estado patológico, porquanto não é incompatível com uma saúde perfeita. Se sofre aquele que a possui, esse sofrimento é devido a uma causa estranha, donde se segue que os meios terapêuticos são impotentes para fazê-la desaparecer. Nalguns casos, pode ser conseqüente de uma certa fraqueza orgânica, porém, nunca é causa eficiente. Não seria, pois, razoável tirar dela um motivo de inquietação, do ponto de vista higiênico. Só poderia acarretar inconveniente, se aquele que a possui abusasse dela, depois de se haver tornado médium facultativo, porque então se verificaria nele uma emissão demasiado abundante de fluido vital e, por conseguinte, enfraquecimento dos órgãos.

A razão se revolta à lembrança das torturas morais e corporais a que a ciência tem por vezes sujeitado criaturas fracas e delicadas, para se certificar da existência de fraude da parte delas. Tais experimentações, amiúde feitas maldosamente, são sempre prejudiciais às organizações sensitivas, podendo mesmo dar lugar a graves desordens na economia orgânica. Fazer semelhantes experiências é brincar com a vida. O observador de boa-fé não precisa lançar mão desses meios. Aquele que está familiarizado com os fenômenos desta espécie sabe, aliás, que eles são mais de ordem moral, do que de ordem física e que será inútil procurar-lhes uma solução nas nossas ciências exatas.

Por isso mesmo que tais fenômenos são mais de ordem moral, deve-se evitar com escrupuloso cuidado tudo o que possa sobreexcitar a imaginação. Sabe-se que de acidentes pode o medo ocasionar e muito menos imprudências se cometiam, se se conhecessem todos os casos de loucura e de epilepsia, cuja origem se encontra nos contos de lobisomens e papões. Que não será, se se generalizar a persuasão de que o agente dos aludidos fenômenos é o diabo? Os que espelham semelhantes idéias não sabem a responsabilidade que assumem: podem matar. Ora, o perigo não existe apenas para o paciente, mas também para os que o cercam, os quais podem ficar aterrorizados, ao pensarem que a casa onde moram se tornou um covil de demônios. Esta crença funesta é que foi causa de tantos atos de atrocidade nos tempos de ignorância.

Entretanto, se houvesse um pouco mais de discernimento, teria ocorrido aos que os praticaram que não queimavam o diabo, por queimarem o corpo que supunham possesso do diabo. Desde que do diabo é que queriam livrar-se, ao diabo é que era preciso matassem. Esclarecendo-nos sobre a verdadeira causa de todos esses fenômenos, a Doutrina Espírita lhe dá o golpe de misericórdia. Longe, pois, de concorrer para que tal idéia se forme, todos devem, e este é um dever de moralidade e de humanidade, combatê-la onde exista.