quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Oferendas


A Umbanda adota em suas práticas o uso de oferendas e trabalhos de ordem material, porque trabalha com manipulação de fluidos pesados, materiais, nas práticas da "magia branca". Tal é, no mais das vezes, a finalidade das oferendas na Umbanda - a manipulação desses fluidos.

A Umbanda não recorre aos sacrifícios de animais para assentamento de orixás, suas oferendas são de flores, frutos, alimentos e velas quando as reverencia. As oferendas ritualísticas na Umbanda são utilizadas como sustentáculos físicos para trabalhos magísticos, onde as Entidades de Lua captam a energia proveniente dos elementos da natureza, tais como das flores, e frutas, transmutando essa energia em emanações positivas, reequilibrando a aura daquele que as realizam.

As flores expressam a harmonia divina e proporcionam paz e serenidade mental aos que sabem apreciá-las. A arte dos arranjos florais estimula a criatividade e proporciona a paz interior, e a Umbanda como síntese, vela pela preservação da tradição dessa arte sublime. A magia com flores é milenar e se preservou na arte do Ikebana que, até o final do século 19 era uma prática restrita apenas aos homens. Assim como as flores, as ervas também são de fundamental importância para a restituição e a reconstituição do equilíbrio nos médiuns de Umbanda, pois a natureza preserva a harmonia divina e os elementos naturais carreiam o Axé, ou seja, a força da natureza.

As Entidades de Luz não consomem os elementos da oferenda, elas absorvem sua energia, e aproveitam para nos equilibrar espiritualmente. As oferendas são as do coração, do sentimento e do pensamento para Deus, Jesus e todas as Potências Celestiais. Aos Espíritos, nos seus diferentes graus de evolução e entendimento, ou seja, aos que sentem necessidade e se comprazem com oferendas, a estes sim elas são encaminhadas, de acordo com as afinidades vibratórias relacionadas com cada elemental. Portanto, as oferendas existem, mas nunca são feitas para Deus, Jesus ou os Orixás. São sempre para os espíritos que estão dentro da faixa de cada Orixá.

Dependendo da finalidade do trabalho, a energia proveniente da oferenda pode ser direcionada para atingir objetivos diversos, que em síntese podem ser classificados como agregação ou desagregação de forças. Sendo assim, as oferendas são ângulos fundamentais da magia e podem ser utilizadas tanto para o bem como para o mal, na dependência das intenções de quem as realiza.

A lei do Karma é implacável, portanto conforme direcionarmos nossas intenções, elas invariavelmente, voltarão para nós, em dobro! Se ofertarmos incenso, flores e frutas, receberemos seus benefícios, e se ofertarmos a agonia de um animal sacrificado, não receberemos boas vibrações. Importante não julgar nossos ancestrais africanos que faziam uso do sacrifício de animais, pois eles acreditavam que o animal, após a morte, levaria seus pedidos aos Orixás, não cabendo a nenhum de nós este julgamento.

Tudo é energia, sendo assim, não é diferente com as oferendas, ou seja, o que importa, é a energia que se desprende de nosso coração, é este sentimento que as Entidades de Luz captam, e as utilizam em nosso benefício, tudo depende diretamente de nosso coração, desde a forma como compramos os materiais, até na hora de se efetivar a oferenda.

Importante ressaltar, que independente do material oferecido, ou apenas uma oferenda em pensamento, de qualquer forma, a energia é captada e direcionada para nós, pois vocês acreditam que uma Entidade de Luz, deixa de nos ajudar, porque não oferemos algo palpável? Como não ajudar àqueles, que precisam tanto, que nem sequer possuem dinheiro para comprar o material? Como disse, as Entidades de Luz não precisam do material, nós é que precisamos do concreto, para conseguirmos entrar em contato com Eles, o que importa mesmo, é o nosso coração, nosso crescimento espiritual, nosso amor e nossa fé!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

As roupas e as cores na Umbanda


Dentre os caracteres basilares de nossa Sagrada Umbanda, um dos elementos de grande significância e fundamento é o uso da vestimenta branca. Pode ocorrer, por exemplo, que uma Entidade, como uma Preta-Velha ou uma Baiana, solicite uma saia ou um lenço para amarrar os cabelos, visando que o médium se pareça mais com a entidade que está incorporando. Também há os apetrechos dos guias. Por exemplo, os Caboclos costumam utilizar cocares, os Preto-Velhos cachimbos, etc.

Outra visão sobre as roupas e apetrechos materiais utilizados pelos médiuns é de que são usados pelos espíritos como condensadores de energia: um modo de concentrar a energia e depois enviá-la, se positiva, ou dissipá-la no elemento apropriado, quando negativa.

No decorrer de toda a história da Humanidade, a cor branca aparece como um dos maiores símbolos de unidade e fraternidade já utilizados. Nas antigas ordens religiosas do continente asiático, encontramos a citada cor como representação de elevada sabedoria e alto grau de espiritualidade superior. As ordens iniciáticas utilizavam insígnias de cor branca; os bramânes tinham como símbolo o Branco, que se exteriorizava em seus vestuário e estandartes. Os antigos druídas tinham na cor branca um de seus principais elos de ligações do material para o espiritual, do tangível para o intangível. Os Magos Brancos da antiga Índia eram assim chamados porque utilizavam a magia para fins positivos, e também porque suas vestes sacerdotais eram constituídas de túnicas e capuzes brancos. O próprio Cristo Jesus, ao tempo de sua missão terrena, utilizava túnicas de tecido branco nas peregrinações e pregações que fazia.

Isaac Newton, grande cientista do século XVII, dedicou-se ao estudo das cores e da luz. Em uma de suas experiências fez a luz comum (luz solar - branca) passar por um cristal em forma de prisma, conseguindo desdobrar a cor-matriz nas cores do arco-íris. Provou deste modo que a cor branca contém dentro de si todas as demais cores existentes. Newton realizou várias experiências para ratificar sua descoberta, onde podemos citar o famoso Disco de Newton. O cientista dispôs as cores alcançadas através de sua experiência num disco circular. Acionou a manivela, fazendo o disco girar sobre seu próprio eixo (rotação), momento em que as cores se fundiram, dando como resultado final a cor branca.

A cor branca tem sua razão de ser na Umbanda, pois na Umbanda, somos regidos por Sete Forças Cósmicas Inteligentes, os Orixás, sendo que Oxalá, Jesus Cristo, tem a cor branca como representação e rege as Seis Forças restantes. Assim como a cor branca contém dentro de si todas as demais cores, a Irradiação de Oxalá contém dentro de si, todas as irradiações dos outros Orixás.

Seguem as cores de cada Orixá:

Xangô – marrom, cinza e branco
Oxum – azul marinho
Ogum – vermelho e branco
Nanã – lilás ou branco
Oxossi – verde em todos os tons e branco
Yemanjá – azul claro ou branco
Iansã – amarelo ouro e branca
Omulu – preta e branca com as mesmas proporções
Yorimá – preto e branco, cinza, verde escuro, roxo, dourado envelhecido e violeta
Crianças – rosa claro e azul claro

A assistência deve sempre ir a um terreiro de roupas claras. Na Umbanda, o branco significa proximidade com a clareza, paz de espírito e abertura de seu corpo para as coisas boas, assim, se a pessoa quer receber uma graça, ela deve estar receptiva para que isso aconteça. Cada Orixá vibra em uma cor, como expliquei acima, mas indiscutivelmente o branco de Oxalá, é aceito por qualquer uma das linhas.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Linha de Yorimá


Também chamada de Linha das Almas, essa linha é composta dos primeiros espíritos que foram ordenados a combater o mal em todas as suas manifestações. São os Orixás Velhos, verdadeiros magos que velando suas formas kármicas, revestem-se das roupagens de Pretos-Velhos ensinando e praticando as verdadeiras mirongas. Eles são a doutrina, a filosofia, o mestrado da magia, em fundamentos e ensinamentos.

Geralmente gostam de trabalhar e consultar sentados, fumando cachimbo, sempre numa ação de fixação e eliminação através de sua fumaça. Seus fluídos são fortes, e os médiuns costumam se cansar muito, principalmente pela parte dos membros inferiores, conservando-o sempre curvo.

Sua fala é compassada e pensam bem no que dizem. Raríssimos os que assumem a Chefia de Cabeça, normalmente são auxiliares de outros Guias, o seu braço direito. Os pontos cantados nos revelam uma melodia tristonha e um ritmo mais compassado, dolente, melancólico, traduzindo verdadeiras preces de humildade.

Esta Linha é conhecida também como Linha de São Cipriano no sincretismo. A Vibração de Yorimá é a Potência da Palavra da Lei, Ordem Iluminada da Lei, Palavra Reinante da Lei. São os Mestres da Magia e experientes devido à seculares encarnações. Esta Linha tem como Chefes Principais os Orixás Menores (de 1º Grau) Pai Guiné, Pai Tomé, Pai Arruda, Pai Congo de Aruanda, Mãe Maria Conga, Pai Benedito e Pai Joaquim.

O Termo Yorimá foi um dos raros termos sagrados que se manteve sem nenhuma alteração. O que aconteceu é que esse termo foi completamente esquecido e postergado. Mesmo os africanos, não guardaram o termo Yorimá, o qual representa um Orixá Ancestral.

Esse termo sagrado foi realmente revelado, ou relembrado, através do Movimento Umbandista em sua mais alta pureza e expressão. Traduzindo esse vocábulo segundo o alfabeto Adâmico, Yorimá quer dizer Potência do Verbo Iluminado, Potência da Lei Sagrada e Ordem Iluminada da Lei. Traduzindo silabicamente, teremos:

YO é Potência, Ordem, Princípio
RI é Reinar, iluminar
MÁ é Lei, regra

Portanto, Yorimá é o Princípio ou Potência Real da Lei.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A Importância dos Pontos Cantados


Na Umbanda, um dos mais importantes fundamentos é o Ponto Cantado. Os Pontos Cantados são muito mais que cantigas de Umbanda, são cantigas em louvor aos Orixás e as linhas das Entidades trabalhadoras. O Ponto Cantado é um dos fundamentos mais importantes para a harmonização e eficácia dos trabalhos dentro de um Templo Umbandista.

Vamos novamente, resgatar a história. Antigamente, o homem materialista mais ligado aos aspectos físicos, buscou entender a verdadeira finalidade de sua existência, como já vimos em textos anteriores. Em virtude da necessidade de se religar com o Criador, buscou diferentes formas de contato. Uma das formas encontrada para a reaproximação com o Divino foi através da música, onde se exprimiam o respeito, a obediência e o amor ao Pai Maior. Desta forma, os cânticos foram incluídos nos rituais, sendo comum a todas as religiões, onde cada uma delas, com suas características próprias, exteriorizavam sua adoração, devoção e servidão aos desígnios do Plano Astral Superior. Desta forma, temos os Pontos Cantados na Umbanda, os mantras indianos, os Cantos Gregorianos da Igreja Católica, ou os Cantos de Louvor à Deus dos Protestantes.

O Ponto Cantado é uma prece, ou invocação das diferentes Falanges para as atividades ritualísticas no Centro de Umbanda. A harmonia dos sons é muito importante, pois gera uma vibração que facilita a vinda das Entidades de Luz, necessárias para os trabalhos, sendo uma verdadeira força mágica na Umbanda.
Na verdade, os Pontos Cantados são verdadeiros mantras, preces, rogativas, que dinamizam forças da natureza e nos fazem entrar em contato íntimo com as Potências Espirituais que nos regem. Existe toda uma magia e ciência por trás dos Pontos Cantados que, se entoadas com conhecimento, amor, fé e racionalidade, provocam, através das ondas sonoras, a atração, coesão, harmonização e dinamização de forças astrais sempre presentes em nossas vidas.

Os Pontos Cantados são evocações, em forma de pequenas histórias cantadas ou orações, contando quem é o Guia e/ou Orixá, sua forma de atuação, sua força diante das dificuldades, sua relação com os Orixás, um chamamento de um filho que procura ajuda ou proteção, entre outras colocações de festividade e manifestação de fé.

Outra função dos Pontos, ao serem cantados, é fazer descarregar e fluir as emoções dos médiuns em vibrações relacionadas com seus Guias e/ou seus Orixás, permitindo assim, um perfeito entrosamento e equilíbrio dos médiuns em seu trabalho.

Os Pontos Cantados podem ser de diversos tipos, a saber:

- Abertura ou licença para iniciar a gira, onde se pede a proteção dos Orixás, reforçando a ação dos sentinelas do templo, que são os Exús e os Caboclos, que formam uma espécie de cordão de isolamento permitindo a entrada apenas de Espíritos de Luz, e no momento certo, de espíritos necessitados de ajuda, mas que permanecem sobre seus controles.

- De Bate-Cabeça, que é a saudação ao Conga, visando a proteção para os trabalhos mediúnicos

- Defumação e limpeza do Centro

- Louvação e também conexão com as Entidades e/ou Orixás, que são Pontos Cantados para a chegadas das linhas de trabalho na Umbanda. Existem hinos específicos cantados para cada uma das linhas.

- Quebra de demanda

- Abertura de caminhos

- Despedida da Entidade, que não são apenas uma despedida da Entidade. Como os pontos fazem parte da magia da Umbanda, os pontos de subida servem para dar mais firmeza aos médiuns e auxiliando a Entidade a concluir seu trabalho, seja um descarrego, uma cura, ou qual seja sua missão.

- Fechamento da Gira, que serve para reequilibrar os chacras dos médiuns e prepará-los a voltarem às atividades cotidianas.

É preciso sempre ter em mente que os pontos cantados na umbanda são parte integrante de sua magia. Desta forma, os Pontos Cantados, por serem de grande importância e fundamento, devem ser alvo de todo o cuidado, respeito e atenção por parte daqueles que as utilizam, sendo ferramenta poderosa de auxílio às Entidades, que atuam dentro da Corrente Astral de Umbanda.

domingo, 2 de setembro de 2007

Linha das Sereias


A sereia é um mistério que precisa ser mais bem estudado, usado e compreendido pelos umbandistas.

As "sereias" são seres que nunca encarnaram. São seres naturais. Não possuem forma de sereias, é apenas uma simbologia para representar a linha vibratória das entidades.

São regidas por Yemanjá, Oxum e Nanã. As sereias são seres naturais regidas por Yemanjá. As Ondinas, ou antigas sereias, são mais velhas e são regidas por Nanã Buruquê. As encantadas elementais aquáticas, são regidas por Oxum.

Todas incorporam nos cantos de Yemanjá, mas podemos cantar cantos de Oxum e Nanã durante suas manifestações, que elas respondem, dançando suas danças rituais, mais rápidas nos cantos de Oxum e mais lentas nos cantos de Nanã.

Elas têm um poder de limpeza, purificação e descarga de energias negativas superior a qualquer outra das linhas de trabalhos de Umbanda Sagrada.

Elas não falam, só emitem um canto, que na verdade é a sonorização de um poderoso mantra aquático, diluidor de energias, vibrações e formas-pensamentos que se acumulam dentro dos centros ou nos campos vibratórios dos médiuns e dos assistentes.

É uma linha poderosa, mas pouco solicitada para trabalhos junto à natureza.

São ótimas para anular magias negativas, afastar obsessores e espíritos desequilibrados ou vingativos.

Também são poderosas se solicitadas para limpeza de lares e para harmonização de casais ou famílias.