terça-feira, 16 de outubro de 2007

Bons Médiuns


Médiuns sérios: os que unicamente para o bem se servem de suas faculdades e para fins verdadeiramente úteis. Acreditam profaná-las, utilizando-se delas para satisfação de curiosos e de indiferentes, ou para futilidades.

Médiuns modestos: os que nenhum reclamo fazem das comunicações que recebem, por mais belas que sejam. Consideram-se estranhos a elas e não se julgam ao abrigo das mistificações. Longe de evitarem as opiniões desinteressadas, solicitam-nas.

Médiuns devotados: os que compreendem que o verdadeiro médium tem uma missão a cumprir e deve, quando necessário, sacrificar gostos, hábitos, prazeres, tempo e mesmo interesses materiais ao bem dos outros.

Médiuns seguros: os que, além da facilidade de execução, merecem toda a confiança, pelo próprio caráter, pela natureza elevada dos Espíritos que os assistem; os que, portanto, menos expostos se acham a ser iludidos. Veremos mais tarde que esta segurança de modo 'algum depende dos nomes mais ou menos respeitáveis com que os Espíritos se manifestem.

"É incontestável, bem o sentis, que, epilogando assim as qualidades e os defeitos dos médiuns, isto suscitará contrariedades e até a animosidade de alguns; mas, que importa? A mediunidade se espalha cada vez mais e o médium que levasse a mal estas reflexões, apenas uma coisa provaria: que não é bom médium, isto é, que tem a assisti-lo Espíritos maus. Ao demais, como já eu disse, tudo isto será passageiro e os maus médiuns, os que abusam, ou usam mal de suas faculdades, experimentarão tristes conseqüências, conforme já se tem dado com alguns. Aprenderão à sua custa o que resulta de aplicarem, no interesse de suas paixões terrenas, um dom que Deus lhes outorgara unicamente para o adiantamento moral deles. Se os não puderdes reconduzir ao bom caminho, lamentai-os, porquanto, posso dizê-lo, Deus os reprova." -( ERASTO.)

"Este quadro é de grande importância, não si para os médiuns sinceros que, lendo-o, procurarem de boa-fé preservar-se dos escolhos a que estão expostos, mas também para todos os que se servem dos médiuns, porque lhes dará a medida do que podem racionalmente esperar. Ele deverá estar constantemente sob as vistas de todo aquele que se ocupa de manifestações, do mesmo modo que a escala espírita, a que serve de complemento. Esses dois quadros reúnem todos os princípios da Doutrina e contribuirão, mais do que o supondes, para trazer o Espiritismo ao verdadeiro caminho." (SÓCRATES.)

Todas estas variedades de médiuns apresentam uma infinidade de graus em sua intensidade. Muitas há que, a bem dizer, apenas constituem matizes, mas que, nem por isso, deixam de ser efeito de aptidões especiais. Concebe-se que há de ser muito raro esteja a faculdade de um médium rigorosamente circunscrita a um só gênero. Um médium pode, sem dúvida, ter muitas aptidões, havendo, porém, sempre uma dominante. Ao cultivo dessa é que, se for útil, deve ele aplicar-se. Em erro grave incorre quem queira forçar de todo modo o desenvolvimento de uma faculdade que não possua. Deve a pessoa cultivar todas aquelas de que reconheça possuir os gérmens. Procurar ter as outras é, acima de tudo, perder tempo e, em segundo lugar, perder talvez, enfraquecer com certeza, as de que seja dotado.

"Quando existe o princípio, o gérmen de uma faculdade, esta se manifesta sempre por sinais inequívocos. Limitando-se à sua especialidade, pode o médium tornar-se excelente e obter grandes e belas coisas; ocupando-se de todo, nada de bom obterá. Notai, de passagem, que o desejo de ampliar indefinidamente o âmbito de suas faculdades é uma pretensão orgulhosa, que os Espíritos nunca deixam impune. Os bons abandonam o presunçoso, que se torna então joguete dos mentirosos. Infelizmente, não é raro verem-se médiuns que, não contentes com os dons que receberam, aspiram, por amor-próprio, ou ambição, a possuir faculdades excepcionais, capazes de os tornarem notados. Essa pretensão lhes tira a qualidade mais preciosa: a de médiuns seguros." -( SÓCRATES.)

O estudo da especialidade dos médiuns não só lhes é necessário, como também ao evocador. Conforme a natureza do Espírito que se deseja chamar e as perguntas que se lhe quer dirigir, convém se escolha o médium mais apto ao que se tem em vista. Interrogar o primeiro que apareça é expor-se a receber respostas incompletas, ou errôneas. Tomemos aos fatos comuns um exemplo. Ninguém confiará a redação de qualquer trabalho, nem mesmo uma simples cópia, ao primeiro que encontre, apenas porque saiba escrever. Suponhamos um músico, que queira seja executado um trecho de canto por ele composto. Muitos cantores, hábeis todos, se acham à sua disposição. Ele, entretanto, não os tomará ao acaso: escolherá, para seu intérprete, aquele cuja voz, cuja expressão, cujas qualidades todas, numa palavra, digam melhor com a natureza do trecho musical. O mesmo fazem os Espíritos, com relação aos médiuns, e nós devemos fazer como os Espíritos.

Cumpre, além disso, notar que os matizes que a mediunidade apresenta e aos quais outros mais se poderiam acrescentar, nem sempre guardam relação com o caráter do médium. Assim, por exemplo, um médium naturalmente alegre, jovial, pode obter comumente comunicações graves, mesmo severas e vice-versa. E ainda uma prova evidente de que ele age sob a impulsão de uma influência estranha. Voltaremos ao assunto, no capítulo que trata da influência moral do médium.

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