quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Linha dos Boiadeiros e dos Marinheiros









Linha dos Boiadeiros

Boiadeiro na Umbanda são entidades espirituais de homens que trabalharam no campo na rudeza da condução do gado, operam nos terreiros com seu laço e seu grito característico capturando espíritos decaídos e kiumbas que atormentam os consulentes, encaminhando para guias espirituais de socorros destes seres desencarnados.

Uma das giras mais antigas dentro da Umbanda é a dos nossos queridos Boiadeiros. Uma manifestação de espíritos daqueles que foram muito acostumados à terra de chão e tocavam o gado pelas estradas do interior de nosso País, em condições muito difíceis, mas que nunca abalou a adoração desse povo pela lida no campo.

Os Boiadeiros vêm dentro da corrente de Oxossi, dos Caboclos. Eles são entidades que representam a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, "o caboclo sertanejo". São os Vaqueiros, Boiadeiros, Laçadores, Peões, Tocadores de Viola. O mestiço, filho de branco com índio, índio com negro e assim vai.

Os Boiadeiros, de um modo geral, utilizam chapéus de vaqueiros, laços de corda e chicotes de couro, são ágeis e costumam chegar aos terreiros com sua mão direita levantada, girando, como se estivesse laçando, como se ainda estivessem tocando seu rebanho. Com seus chicotes e laços vão quebrando as energias negativas e descarregando os médiuns, o terreiro e as pessoas da assistência.

Sofreram preconceitos, como os "sem raça", sem definição de sua origem. Ganhando a terra do sertão com seu trabalho e luta, mas respeitando a natureza e aprendendo, um pouco com o índio: através de suas ervas, plantas e curas. Um pouco do negro: seus Orixás, mirongas e feitiços, e um pouco do branco: sua religião (posteriormente misturada com a do índio e a do negro - sincretismo) e sua língua, entre outras coisas. Os Boiadeiros representam a própria essência da miscigenação do povo brasileiro: nossos costumes, crendices, superstições e fé.

A magia de sua gira é inconfundível, as histórias que trazem na bagagem são tão fascinantes como importantes no exemplo que nos exprimem. Um Boiadeiro traz consigo as lições de um tempo onde o respeito aos mais velhos e a natureza, a família e aos animais, enfim, a boa educação e bons costumes. Tudo isto fazia muito mais diferença antigamente, do que nos dias de hoje.

Em grande parte, o trabalho dos Boiadeiros ''e no descarrego e no preparo dos médiuns. Os fortalecendo dentro da mediunidade, abrindo a portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes protetores, como os Exus.

Da mesma maneira que os Pretos Velhos representam a humildade, os Boiadeiros representam a liberdade e a determinação que existe no homem do campo e a sua necessidade de conviver com a natureza e os animais, sempre de maneira simples, mas com uma força e fé muito grande.

Linha dos Marinheiros

Marinheiros na Umbanda são entidades geralmente associadas aos marujos, que em vida empreendiam viagens pelos mares, enfrentando toda sorte de infortúnios. São homens e mulheres que navegaram e se relacionaram com o mar. Que descobriram ilhas, continentes, novos mundos. Enfrentaram o ambiente de calmaria ou de mares tortuosos, em tempos de grande paz ou de penosas guerras.

Os Marinheiros trabalham na linha de Iemanjá e Oxum (povo da água) e trazem uma mensagem de esperança e muita força, nos dizendo que se pode lutar e desbravar o desconhecido, do nosso interior ou do mundo que nos rodeia se tivermos fé, confiança e trabalho unido, em grupo.

Ótimos guias para desmanche de feitiçaria, os marinheiros trazem com seu jeito alegre a dispersão de fluidos oriundos do baixo astral. Tomam cerveja, rum ou cachaça, e apesar de seu modo cambaleante, estão mantendo o equilíbrio encimando ondas vibratórias densas que emanam de entidades maléficas, são entidades irmanadas no auxilio mútuo ao próximo.

Seu trabalho é realizado em descarregos, consultas, passes, no desenvolvimento dos médiuns e em outros trabalhos que possam envolver demandas. Trabalham com curas e demandas, assim como os baianos. A gira de marinheiro é bem alegre e descontraída. Eles são sorridentes e animados, não tem tempo ruim para esta falange. Parece uma grande festa, pela sua alegria e descontração, mas também, existe um grande compromisso e responsabilidade no trabalho que é feito.

Com palavras macias e diretas eles entram bem fundo na alma dos consulentes e em seus problemas. Em seus trabalhos são sinceros e ligeiramente românticos, sentimentais e muito amigos. Gostam de ajudar àqueles e àquelas que estão com problemas amorosos ou em procura de alguém, de um "porto seguro".

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