quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Psicografia


A palavra psicografia vem do grego, e significa escrita da mente ou da alma, e é a capacidade atribuída a certos médiuns de escrever mensagens ditadas pelos espíritos. É uma das múltiplas possibilidades de expressão mediúnica existentes. Allan Kardec classifica-a como um tipo de manifestação inteligente, por consistir na comunicação discursiva escrita de um espírito, por intermédio de um homem. O mecanismo de funcionamento da psicografia pode ser consciente, semi-mecânico ou mecânico, a depender do grau de consciência do médium durante o processo de escrita.

Todos nós sabemos que no tempo em que Allan Kardec teve contato com as manifestações espíritas, o meio utilizado para a comunicação entre os dois planos eram as mesas girantes. Esse mecanismo constituía-se de uma pequena mesa de três pés, sobre a qual se colocavam as pontas dos dedos de duas ou mais pessoas. Sob o efeito de um agente até então desconhecido, influenciado pela ação energética dos manipuladores, a mesa saltitava dando pancadas no assoalho. Por meio dessas batidas convencionou-se um alfabeto e foi possível obter as primeiras mensagens entre o mundo invisível e o visível.

O primeiro meio empregado foi o das pranchetas e o das cestinhas munidas de um lápis, cestinha giratória. Vários outros dispositivos foram imaginados para atingir o mesmo fim. O mais cômodo é chamado de cestinha de bico. Em lugar da cestinha, algumas pessoas se servem de uma mesinha. O processo, sendo racional e científico, evolui e o médium acaba escrevendo com a própria mão.

Existem quatro tipos diferentes de psicografia, a saber:

1- PSICOGRAFIA MECÂNICA


O que caracteriza o fenômeno nessa circunstância é que o médium não tem a menor consciência do que escreve. A inconsciência absoluta, nesse caso, constitui o que chamamos médiuns passivos ou mecânicos. Essa faculdade é preciosa, pois não deixa nenhuma dúvida sobre a independência do pensamento de quem escreve.

2- PSICOGRAFIA INTUITIVA

Nessa situação o médium tem consciência do que escreve, embora não sejam suas as idéias escritas, ele é o que chamamos de médium intuitivo.

3- PSICOGRAFIA SEMI-MECÂNICA

No médium puramente mecânico o movimento da mão é independente da vontade, já no médium semi-mecânico, o movimento é voluntário e facultativo. O médium semi-mecânico participa de dois outros movimentos: ele sente um impulso dado à mão sem que o queira, mas ao mesmo tempo tem consciência do que escreve, à medida que as palavras se formam. No primeiro, o pensamento segue o ato de escrever, já no segundo, ele o precede, e no terceiro, ele o acompanha. Esses últimos médiuns são mais numerosos e comuns de encontrarmos.

4- PSICOGRAFIA POR INSPIRAÇÃO

Toda a pessoa que, esteja no estado normal, ou no estado de êxtase, que receba, pelo pensamento, comunicações estranhas às suas idéias preconcebidas, pode ser considerada médium de inspiração. É uma variedade da mediunidade intuitiva, com a diferença de que a intervenção de um poder oculto aí é ainda bem menos sensível, porque no inspirado ainda é mais difícil distinguir-se o pensamento próprio do que é sugerido.

Francisco Cândido Xavier foi um dos mais famosos médiuns que possuía esta manifestação mediúnica, a psicografia. Aos 17 anos, no Grupo Espírita Luiz Gonzaga, rapidamente desenvolveu a psicografia, época em que se desligara da Igreja Católica, onde não encontrou explicações para os "fenômenos" que aconteciam. O padre que o ouvia nas confissões, o qual fora um conselheiro e verdadeiro pai, não o criticou pelo novo caminho que decidiu seguir, mas abençoou e nunca deixou de ser seu amigo.

No Centro Espírita, começou a psicografar poemas extraordinários de poetas de grande expressão, desencarnados. Em 9 de julho de 1932, foi publicada a obra Parnaso de Além Túmulo, pela Federação Espírita Brasileira (FEB), a sua primeira obra psicografada, com 259 mensagens, de 56 poetas desencarnados, que iria abalar os meios intelectuais brasileiros e tornar conhecida a pacata Pedro Leopoldo. Parnaso de Além Túmulo é um livro que até tem sido reeditado sucessivamente.

O estilo dos 56 poetas desencarnados era idêntico ao estilo que tinham em vida, provando que ninguém morre e que neste chamado "momento derradeiro", passa-se para outra dimensão da vida com todas as características que tínhamos, aqui. Mais de mil Entidades espirituais nos deram informações através da psicografia de Chico Xavier, provando a imortalidade do Espírito e sua comunicabilidade com os homens. É importante ressaltar Emmanuel, o protetor espiritual do médium, tendo lhe manifestado pela primeira vez em 1931.

Foi Chico Xavier que disse a respeito de seu Benfeitor Espiritual:

"Lembro-me de que num dos primeiros contatos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por longo tempo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e disse mais que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e Kardec, que eu deveria permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo."

Emmanuel propõe ainda a Chico Xavier mais três condições para com ele trabalhar. Primeira condição, DISCIPLINA; segunda condição, DISCIPLINA; terceira condição, DISCIPLINA.

Entre as obras ditadas por Emmanuel, há cinco documentos históricos, autênticas obras-primas da literatura, que mostram o nascimento do Cristianismo e sua consequente adulteração, já nos primeiros séculos. São as obras: Há Dois Mil Anos, 50 Anos Depois, Ave Cristo, Renúncia, Paulo e Estevão. Esta última, segundo J. Herculano Pires, por si só justificaria a missão mediúnica de Chico Xavier.

Em 1943, começa a utilizar a mediunidade de Chico Xavier uma nova entidade espiritual, que passa a assinar as suas mensagens com o nome de André Luiz, que relata em uma série de 11 livros a experiência do seu pensamento, as dificuldades iniciais, o reencontro com familiares e conhecidos que o precederam na partida para o plano espiritual, a observação e as experiências de estudo junto a Espíritos de elevada evolução. Os relatos começam com o livro Nosso Lar, nome de uma cidade do plano espiritual, hoje traduzido em vários idiomas, entre eles o japonês e o Esperanto.

Chico Xavier psicografou 412 obras, cujos direitos autorais foram graciosamente cedidos para as obras de caridade da Doutrina Espírita.

Ele foi um grande homem, um exemplo a ser seguido. Seus livros são pérolas de conhecimento e esclarecimento espiritual. Sua disciplina, sua doçura e sua disponibilidade em auxiliar ao próximo, o tornaram um ícone para todos que buscam a luz. Sua humildade era ímpar, durante toda a sua vida, apenas se dedicou ao próximo e ao trabalho espiritual, mesmo quando se encontrava muito doente. Realmente vale a pena ler todas as obras que ele nos legou, pois elas encerram muita sabedoria.

Fontes:
O Livro dos Médiuns de Allan Kardec
www.feesp.com.br

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