quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Sinceridade


Sinceridade é a qualidade da pessoa sincera. A palavra sincera vem do latim: "sine cera", que quer dizer, sem cera.

Os escultores romanos utilizavam as palavras "sine cera" para garantir a qualidade de suas obras, isto pelas inúmeras fraudes de escultores desonestos, que ocultavam as imperfeições de suas estátuas de mármore, cobrindo as fissuras com cera, assim o comprador não percebia as falhas na peça comprada, a não ser, muito tempo depois. Portanto, "sine cera" queria dizer, obras puras, verdadeiras, autênticas e honestas. Outra versão histórica, tão bela quanto essa, é que os romanos fabricavam certos vasos de uma cera especial. Essa cera era, às vezes, tão pura e perfeita, que os vasos se tornavam transparentes. Em alguns casos, conseguia-se distinguir o objeto colocado dentro do vaso, como um colar, uma pulseira ou uma chave. Para o vaso assim, fino e límpido, dizia o romano vaidoso: Como é lindo! Parece até que não tem cera! "Sine cera" queria dizer "sem cera", uma qualidade de vaso perfeito, finíssimo, delicado, que deixava ver através de suas paredes.

As palavras "sine cera", resultaram na palavra "sincera", que passou a ter um significado muito mais elevado. Sincera, é aquela pessoa que é franca, leal, verdadeira, que não oculta, não usa máscaras ou disfarces, malícias ou dissimulações. O sincero, à semelhança do vaso, deixa ver através de suas palavras, os nobres sentimentos de seu coração.

O tema sinceridade é muito amplo, mas não pretendo aqui, abordar toda a sua complexidade, por ser um assunto plenamente conhecido por todos, por experiência própria, sendo que todos nós já fomos enganados, em quase todos os âmbitos, e sabemos muito bem, o quanto a falta de sinceridade destrói os relacionamentos em todos os aspectos em que ocorram, sejam eles profissionais ou pessoais. Abordarei o aspecto mais fundamental, que é a sinceridade para consigo próprio, já que não conseguimos ser sinceros com os outros, se não o formos conosco mesmos.

Sinceridade é fundamental para o autoconhecimento, sem sermos sinceros conosco mesmos, não conseguimos identificar nossos defeitos, e sem conhecê-los, não temos como aceitá-los e sem aceitá-los, não temos como mudá-los! Carl Gustav Jung, renomado psiquiatra suíço e fundador da psicologia junguiana, disse que "Nós não podemos mudar nada sem que primeiro a aceitemos". As pessoas temem serem sinceras, mas não percebem que o mal maior é para com elas próprias, pois enquanto acreditam estarem enganando aos outros, estão se enganando a si próprias, adiando a própria evolução!

O amor e o medo são as duas emoções que mais movimentam o ser humano. O amor é a maior conquista do ser humano e é a base de tudo. O medo é uma reação de alerta muito importante para a sobrevivência, mas em alguns casos, pode ser paralisante. A maioria de nós têm muitos medos, e o medo é um tema tão complexo, que falarei mais sobre ele em outro texto. Nesse momento, vou me ater apenas ao medo de não ser amado, de não ser aceito.

Nós desejamos que as pessoas saibam o quanto somos bons, atraentes, generosos, engraçados e inteligentes. Queremos ser especiais, e temos necessidade de aprovação! Fazemos de tudo, em busca da aprovação dos outros, infelizmente sem analisarmos o que de fato precisamos. Acreditamos que se nos mostrarmos como somos, de verdade, ninguém irá nos amar, isto porque não nos amamos. Achamos feio brigar, discutir, dizer que não gostamos da comida, da decoração, da roupa, enfim, aprendemos que é feio ser sincero, que é falta de educação, e acabamos por acreditar, que mentir é bonito e educado. E assim vamos nos enganando, aceitando situações que não concordamos, tudo para sermos aceitos, e a única coisa que conseguimos são diversas doenças, do fígado, dos rins, do intestino, da garganta, e por ai vai a lista infinita de doenças, que são consequências de emoções reprimidas. O pior de tudo, é que não atingimos o nosso objetivo, que é sermos aceitos, pois sempre há quem discorde de algo e nos confronta com opiniões diversas. Buscamos um controle na vida, que jamais conseguiremos. Quem quer controlar é por temor. Quem manipula é por medo. A mente nos mente, quando não se abre.

Todos nós precisamos de aprovação, em todos os sentidos. Para que isso ocorra, aprendemos a adotar atitudes ensaiadas, ao invés de nos expressarmos de forma espontânea, sem deixar o coração livre para sentir, alguns são assim, até quando estão em ambientes de intimidade, ou seja em família ou com amigos. Lamentavelmente, alguns são assim consigo próprios.

Para assumirmos nossa verdadeira atitude em público precisamos de auto-confiança, porém a maioria se envergonha de si mesmo e tem dificuldade em ser autêntica, não respeitando os bons e amorosos impulsos de seu coração. Para estas pessoas, ser sincero significa ser bravo, irritadiço, e por consequência, não serão aceitos e aprovados, pois o ideal é ser bonzinho. Como resultado desta atitude, elas gastam tempo, muitas vezes, a vida inteira, ensaiando habilidades sociais para se portarem perfeitamente bem, sendo gentis, diplomáticas e educadas. Muitas vezes, conversamos horas com essas pessoas, sem sabermos quem são de fato. Elas acreditam que não serão amadas como são realmente. São alienadas, solitárias, perdidas, e não expõem seus sentimentos verdadeiros. A verdade é que a atitude ensaiada não é real, é uma interpretação, e por mais convincente que seja, não seremos amados por nossas interpretações geniais, a não ser que tenhamos escolhido a profissão de ator. Somente sendo autênticos nos relacionamentos, expressando sinceridade no amor, tanto com filhos, família, amizades, como também com desconhecidos, que seremos felizes. E para isso, precisamos ser sinceros conosco em primeiro lugar!

Como fazer a caridade, compreendendo os outros, senão conseguimos compreender a nós mesmos? Como perdoar os outros, senão perdoarmos a nós mesmos? Só a sinceridade nos levará a uma autoanálise verdadeira, para que possamos buscar nossa reforma íntima, tão necessária para a prática do Bem Maior! Sejam sinceros e reflitam, vocês são sinceros mesmos? Se sim, essa sinceridade os levará a mudanças profundas no seu espírito, senão o são, comecem logo esse processo, para poderem usufruir do verdadeiro amor incondicional por vocês mesmos! O amor dos outros por nós, será mera consequência. Experimentem!

Fiquem em paz!



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