quarta-feira, 31 de outubro de 2007

ETERNA DOUTRINA DA LEI DE UMBANDA - Parte IV


Os espíritos que chamamos de caboclos e preto-velhos e os que se apresentam na roupagem fluídica de crianças, são uns verdadeiros magos da psicologia popular, pois de mil maneiras, sutis e oportunas, introduzem no subconsciente dos que não têm o consciente ainda em condições de assimilar a doutrina, os primeiros toques de percepção quanto à lei de conseqüência, alertando-o no sentido do Bem e do mal, objetivando germinar em suas consciências os princípios positivos morais e espirituais. Isto, porém, de forma sutil e oportuna, pela ação indireta dos casos e das coisas que, comumente, levam as criaturas às Tendas ou Casas de Umbanda.

É sublime o trabalho neste campo agreste, dos caboclos e preto-velhos. Somente um observador consciente e perspicaz pode sentir o que de real e positivo existe no mecanismo interno ou no “modus operandi” destes espíritos, quando atuam por intermédio de um veículo de fato.

Quanta tolerância! Quanta paciência e, sobretudo, quanta persistência! É de ver uma Entidade de Luz, um mago, revertir-se nos ademanos de um preto-velho, chegar ao ponto de pitar, falar errado e outras coisas mais, para que assim suas palavras se tornem mais aceitáveis por aqueles que, de outra forma, ficariam espantados e descrentes.

Eles adaptam sua apresentação e seu modo de falas e agir de acordo com o físico e as mentalidades dos que o procuram. É um caso espantoso de “mimetismo”espiritual, visando ao aproveitamento integral à caridade completa.

Elevemos nossos pensamentos, principalmente àqueles que já alcançaram um pouco além, e agradeçamos, contritos, pois que a Sabedoria do Deus Uno é infinita! E como assim é, se apresenta sob qualquer forma ou aspecto, o trabalho é apenas discernir entre o joio e o trigo.


Somente os que têm a felicidade de lidar em uma verdadeira Casa Umbandista, anos após anos, podem aquilatar o maravilhoso processo de soerguimento moral e espiritual das criaturas que por ali acorreram.

É esse o processo que se traduz na sutileza dos esclarecimentos, quando estes caboclos e preto-velhos o fazem daquela forma peculiar de dizer as palavras pelo linguajar que varia com a tônica própria aos entendimentos de cada um.

Ah! Bendita tolerância! Oh! Admirável compreensão esta, que se apresenta na paciência com que escutam, às dezenas, todas as noites, o mesmo desfile de casos e coisas, sob os mais variados e absurdos aspectos, exteriorizados desde o mais terre a terra, às mais dolorosas condições morais que os seres humanos revelam, na ânsia que a ignorância ou egoísmo produziu.

Fogem à análise do observador comum, as angústias e os dramas que estes trabalhadores da seara umbandista apascentam! Com que tino e sabedoria eles agem! O papel deste Guias e Protetores da Lei de Umbanda é inverso daquele que nós, na certa, recusaríamos se chamados a lidar com as mazelas dos que vivem à margem da sociedade, não como criminosos, mas como deserdados da sorte. Por certo, não saberíamos lidar com eles! Quando não, olharíamos com piedade, indiferença ou revolta, e não os toleraríamos por muito tempo.

Esse exemplo é comparativo, porque serve para relacionar, pelo panorama, os que vivem à margem da própria consciência e, que, encontram na Umbanda o conforto e a compreensão para seus males físicos e morais.

Porque foi, durante esse fim de ciclo, que as portas das reencarnações se abriram para as hostes bestializadas, sedentas de gozos materiais, que se chafurdaram tanto nas sensações instintivas facultadas pela matéria carne, se insensibilizaram tanto, que suas consciências se perderam no lodaçal das paixões e do vil metal.

A estas hostes bestializadas foi dada esta oportunidade de despertarem ou se emendarem. No entanto, esta oportunidade está limitada a este fim de ciclo. Não é mais possível contemporizar, segundo nos revelam as Entidades de acordo com as paralelas carmânicas do Equilíbrio da Lei, expressa pela vontade das Hierarquias Constituídas, a fim de não retardarem a evolução das outras coletividades, que avançam nas Linhas de Ascensão, p[ara o ponto de superação do carma inerente ao plano da Terra.

É de notar que estas hostes bestializadas e impuras tudo farão para a exteriorização de suas tendências ou desejos e, naturalmente, inúmeros sofrerão o impacto e a conseqüente influência delas. “Sede firmes na auto-vigilância”, eis a regra de defesa. Todo cuidado para aqueles que já se situam num estado de consciência limpo é pouco. Serão submetidos, pela onda das influências, às maiores tentações e provas.

É exatamente, em relação ao exposto, que as Entidades militantes, estes espíritos que se escondem nas formas de caboclos e preto-velhos, exaltam o amor ao Cristo, o nosso Oxalá, para podermos realizar o Cristo em nós, pois este Cristo, que tanto veneramos na Umbanda, como Oxalá ou Jesus, não é monopólio de nenhuma religião, sendo como foi, e é, o símbolo do Amor e da Renúncia para toda a Humanidade.

É por isso que nossos Guias e Protetores nos demonstram a necessidade de voltarmos a nossa individualidade virginal, que nós, como espíritos, tornamos distinta, quando nos identificamos como unidade simples, o um, ou ego individualizado, pois teremos que ir desprezando esta distinção, sobrepujando aspectos, a caminho da Fonte Imanente, não para nos fundir, desintegrando a nossa consciência no Todo. Eles mandam que tenhamos em mente a integração na verdadeira Unidade de Consciência, para nos despirmos da individualidade ou personalidade, da maneira como as distinguimos, isto é, até não existir mais a necessidade de ser coisa alguma, anular todos os caracteres do egocentrismo.

Nenhum comentário: