quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Escolhas


O Bem jamais se impõe ao Mal. Seu poder é tão soberano e tão compassivo, que procura sempre ensinar ao ignorante o caminho da luz, desde que este esteja aberto para aprender.

Muitas vezes, quando nos impomos ao outro, acreditamos estar agindo no Bem, de forma correta, mas normalmente estamos apegados ao nosso orgulho e obrigando o outro, de maneira tirânica, a aceitar as nossas imposições, quando esses estão sob nosso comando, e o que é pior, verbalizamos que estamos agindo dessa forma, por amor, quando essa imposição é dirigida aos filhos, por exemplo.

Quando não ouvimos o outro e não nos dispomos a analisar melhor os fatos, revendo constantemente nossos critérios, conceitos ou condutas, sofreremos as consequências de nossas escolhas, assumindo a responsabilidade de quaisquer constrangimentos e/ou problemas que porventura venham a explodir em nossas vidas.

Precisamos estar abertos para perceber e aceitar as escolhas dos outros, assim como para captarmos as inspirações sutis de nossos amigos espirituais. Sim, pois eles não nos impõem, nem nos exigem que ajamos no Bem... apenas nos alertam de que este é o melhor caminho, mas nos deixam livres para escolher entre o Bem e o Mal, deixando que pratiquemos nosso livre-arbítrio, com todas as consequências que advenham dessa livre decisão.

Quando o ser humano coloca seu interesse pessoal voltado para as coisas materiais ou para a manutenção de seu poder, acima de seus valores éticos, pensando com isso, levar vantagens sobre os outros, está, sem dúvida, cavando seu próprio abismo. Está optando pelo Mal, em detrimento do Bem.

Muitos, infelizmente, cavam seus abismos tão profundamente, que chegam a negar a amizade àqueles a quem muito devem, sem querer se exporem. Em momentos críticos, deixam de defender pessoas que contam com seu apoio, de maneira justa, mas nas veredas do poder, essa ética se inverte, levando-os a rejeitar a verdade, a integridade, a honestidade para se manterem no poder... para esses, o caminho será bastante sofrido, começando pela própria consciência, que lhe cobrará sempre a atitude sem caráter, mesmo quando já tenha sido perdoado pelo amigo abandonado na hora crítica, pois como já disse, o Bem não se impõe ao Mal.

Talvez esse ato de repúdio ao querido amigo, não possua testemunhas, mas a consciência sempre lhe gritará que abandonou aquele a quem possuía dívidas morais, normalmente impagáveis, mas que, em função de se manter no poder, preferiu abandonar, deixando que os valores transitórios da matéria se sobrepusessem aos valores imorredouros da alma... Ou seja, apesar de agir no Mal, sua consciência sempre lhe cobrará o Bem e lhe pedirá que retome ao caminho correto.

Todo homem é digno de suas escolhas e haverá colheita de frutos para todo o tipo de sementes que forem semeadas. A tortura moral de escolhas erradas começa imediatamente após a escolha pelo Mal. Outra companheira constante, que se ganha ao agir no Mal, é a angústia no coração, angústia de que seu comportamento leviano possa ser desmascarado, pelo próprio prejudicado, ou por qualquer um que tenha consciência de seu ato insano e vergonhoso, em negar apoio a um amigo fiel e íntegro.

Quem escolhe o caminho do Mal vive com o coração em frangalhos, sentindo o vazio do dever não cumprido e o peso da vergonha pela inexplicável conduta, para a qual, a única justificativa é a própria fraqueza de caráter. Quanto mais nos deixamos levar por interesses menores, caprichos pessoais, desejos mesquinhos, sentimentos vis, descumprindo deveres elevados, mais nos afastamos do Bem, porém não conseguiremos escapar de enfrentarmos a nós mesmos, enfrentando nossa consciência cheia de culpas, que passa a ser o maior algoz que o ser humano possa ter...

Toda vez em que, por fraqueza de caráter, ou por apego às coisas materiais, ou por desejo de se manter apegado ao conforto, não hesitarmos em romper com compromissos mais nobres, renegando convicções sinceras, ferindo afetos santificados pela dedicação e pela sinceridade, estaremos escolhendo o Mal, e assim elegendo o reino da mentira ou da dissimulação como o ambiente de nossos pensamentos constantes, e nosso comportamento trará, em si mesmo, a amargura e o peso do dever não observado, nos mostrando que a escolha foi a pior possível, e ficamos a mercê das nossas próprias escolhas, colhendo seus frutos desagradáveis... Não é o Bem que se impõe a nós, mas nós mesmo que escolhemos as trilhas do Mal...

Mesmo com o apoio dos amigos espirituais, que atuam no Bem, teremos que enfrentar a nós mesmos, a nossa própria culpa. Nosso arrependimento só poderá ser sanado, reparando o mal que tenhamos cometido. Porém, normalmente, a reparação exige uma conduta mais firme e de maior renúncia do que aquela que não conseguimos assumir, e que causou um estado de frustração imensa. Sendo assim, muitos buscam fugir efetivamente, afastando-se de resolver o problema, afastando-se daqueles que lhe conhecem a falta, desenvolvendo estados de depressão, tentando parecerem vítimas. Acreditam que conseguirão enganar à Deus, e infantilmente acreditam que poderão escapar da reparação! Ledo engano, pois seu maior algoz será a sua própria consciência a lhe corroer, e a lhe dizer que a reparação será o único antídoto para sua tristeza, e essa tristeza é tão insuportável, que alguns acabam optando pelo pior, o suicídio, o que só piorará a própria situação!

Lembrem-se sempre de que o Bem não se impõe ao Mal, e que sempre há uma escolha: podemos escolher trilhar pelo caminho do Bem, ou escolher o caminho do Mal, e que seja qual for a nossa escolha, ela trará consequências irremediavelmente.


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